45

1.4K 131 107
                                    

S/N

Gosto de costumes herdados desde a infância, o meu favorito deles com toda certeza do mundo é: dormir na sala e acordar em uma caminha gostosamente acolchoada e confortável.
Acredito que tenha pego no sono enquanto assistíamos ao filme natalino e o meu super-herói sem capa, me trouxe em seus braços até nossa cama de casal e me proporcionou sem dúvidas uma das noites mais leves e tranquilas depois de anos com sono desregulado, com a mente funcionando turbilhões de pensamentos por minuto.
Malmente abro os olhos e o conforto de braços fortes entrelaçados na minha cintura, iluminam o começo do meu dia.
- Bom dia. — Sussurro com os lábios colados na sua orelha.
- Você conseguiu trocar o turno? — Pergunto, ainda sonolenta.
-Troquei. — JJ balbucia, ainda grogue de sono.
- Vou sair rapidinho agora de manhã. Posso passar aqui para te pegar às doze?
- Uhum. — Ele murmura sem nem ao menos ter se dado conta do que perguntei.
- Pope está de plantão, S/a vai trabalhar no restaurante, a Gabriella tem gravação de comercial... — Falo enquanto levanto-me da cama.
- Ou seja, ninguém está livre em pleno Natal; Que ótimo. — Reviro os olhos.
- Fomos para casa do Rafe na véspera mas o dia em si? Estão toooodos ocupados. — Abro o guarda roupa e procuro minhas roupas para montar o look.
Não sei por que estou tão tagarela hoje, provavelmente porque planejei uma surpresa magnífica para o JJ e a minha ansiedade insiste em afirmar que dará tudo errado.
- Pensei que podíamos pegar as meninas, almoçarmos no The Wreck e patinarmos no gelo, o que você acha? - Olho para o meu namorado e só então me dou conta de que o mesmo tapou os ouvidos com os travesseiros.
- Linda, você pode calar a boca?
- Não, não posso. — Cruzo os braços.
- Argh. — Ele finalmente senta-se na cama.
- Como eu estava dizendo... — Volto a falar.
- Você ainda tem mais coisa para dizer? — JJ arregala os olhos.
- Eu te odeio. — Olho seria para ele.
- SÃO CINCO HORAS DA MANHÃ!!! — Ele aponta para o relógio desligado.
- Agora são cinco e vinte. — Ascendo o visor.
- E os papéis inverteram-se... — Ele deita-se novamente.
- Você é o pior namorado do mundo.
- Sim, eu devo ser.
- Não, você não é.
- Obrigado.
- Não foi um elogio. — Olho séria para ele e como se soubesse, JJ me encara.
- Você fica linda emburrada. — Seus dentes tortinhos formam o sorriso mais sapeca que já vi.
- Vou me arrumar lá em baixo. — Amontoo minhas coisas no braço e agacho-me no chão, ao lado da cama.
- Não acorda tão tarde, vou deixar as meninas aqui em casa porque preciso resolver umas coisas na rua. — Acaricio seus fios de cabelos loiros.
- Você sabe que se deixar elas sozinhas por muito tempo a casa fica uma zona. — Sussurro enquanto acaricio meu nariz ao dele.
- Você que manda, patroa. — JJ responde, sonolento.
- Tenha um bom dia, linda. Eu amo você. — Suas mãos rígidas puxam a minha nuca, aproxima nossos rostos e sela seus lábios aos meus.
- Eu te amo também. — Respondo com a voz embolada, em meio ao beijo.
- Dirija com cuidado. — Ele alerta.
- Eu sou filha de Ayrton Senna. — Brinco.
- Justamente por isso não quero que siga os exemplos do seu pai.
- Odeio esse tipo de humor. — Reprimo sua brincadeira de péssimo gosto.
- E eu odeio você. — Ele responde e apesar de tentar manter-se sério, um sorrisinho maroto forma-se no canto de seus lábios.
- Obrigada. — Levanto.
- Até mais tarde, princesa. — JJ despede-se quando estou prestes a fechar a porta.
- Arrume a mochila com a roupa das meninas. Casaco de frio, gorrinho, meias, botas... — Lembro-lhe.
- Eu não mereço isso, eu não vir para sofrer... — JJ cantarola, melancólico.
- Você por acaso está comendo lixo?
- Não. — Ele dá de ombros.
- Então porque está cantando essa música?
- Porque você não me deixa dormir.
- Eu só acho engraçado que... — Tento falar mas sou brutalmente abarrotada por um travesseiro em minha direção.
- Valha mulher, vai embora. — Outro travesseiro certeiro para fechar a porta atrás de mim.
- EU TE ODEIO, MAYBANK. — Grito.
- PODE TER CERTEZA, EU TE ODEIO TAMBÉM.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora