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S/n

- Ok, hã... Eu tenho uma pergunta. — Sarah fala pela milésima vez, com a voz embolada, arrastada e grogue.
- Qual, docinho? — Kiara se interessa em saber, enquanto prepara nossos shots de tequila.
- O dela é sem álcool, ok? — Sabrina intervém e reviro os olhos para ela, em sinal de ironia, o que a faz revidar com o gesto da língua erguida em minha direção.
- Não vai na estreia do filme e ainda por cima regula a minha alimentação. — Divirto-me.
- Você sabe que estive ocupada; A medicina não é para amadores, minha querida. — Ela vira em míseros segundos, o copo e engole o líquido goela abaixo sem se importar com o impacto.
- UAU!. — Kiara arregala os olhos.
- Você nem esperou para brindarmos... — Sarah faz beicinho.
- E vocês... — Ela aponta para todas nós.
- Não se importaram para a minha dúvida. — Minha irmã cruza os braços abaixo do peito e emburra completamente o cenho.
- O que foi, meu raio de sol? — Gabriella abraça-a por trás e penteia seus cabelos com a ponta dos dedos.
- O que você queria perguntar?
- Por que eu sou a única pessoa bêba... — Sarah arrota e tenho certeza de que quase não se deu conta de que fez isto, já que continuou a frase sem se importar em desculpar-se pelo ato.
- Bêbada aqui?
- Não sei, talvez porque você pediu não sei quantos coquetéis de morango enquanto assistíamos ao filme. — Kiara debocha.
- Ou então porque você bebeu o vinho de todas nós. — Gabriella complementa e ou estou bêbada de suco de laranja ou realmente vir lucidamente quando seus olhos cruzaram com os da morena e ambas sorriram uma para outra.
- Quando eu era criança o papai me chamava de chocólatra... — Ela fala pensativa, sorrindo abobalhada.
- Pena que não tenho mais doze anos e ultimamente não me recordo também de ter um pai. — Suas mãos viram a garrafa de vidro, rumo aos lábios e ingere tantos goles que nem ao menos fui capaz de calcular.
- E então, um brinde? — Sarah sorrir forçadamente, balançando o Whisky em suas mãos.

- Em quantidades menores, pode ser? — Gabi retira a garrafa de suas mãos e a posiciona na primeira bandeja do garçom que passa ao seu lado, na expectativa de afastar o máximo possível da nossa amiga que já atingiu todos os limites alcoólicos

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- Em quantidades menores, pode ser? — Gabi retira a garrafa de suas mãos e a posiciona na primeira bandeja do garçom que passa ao seu lado, na expectativa de afastar o máximo possível da nossa amiga que já atingiu todos os limites alcoólicos.
- Tudo bem... — Sarah suspira, frustrada.
- Um brinde? — Kie amontoa os copos a nossa frente e sorrir de orelha a orelha, tentando restaurar o brilho do grupo que dissipou-se completamente após a tensão e rumo da conversa.
- Um brinde!. — Pego um copo qualquer mas sou rapidamente impedida.
- O seu é este daqui, bonitinha. — Sabrina sinaliza o copo idêntico ao seu, alterando somente o líquido.
- Você não cansa de atentar a própria vida? — Sarah pergunta ao meu lado.
- Sabe que não? — Ironizo.
- Vamos brindar logo essa porra, já estou ficando estressada. — Kiara ergue o pulso, com o shot em suas mãos.
- Um brinde a estreia do filme. — Faço o mesmo ato da minha melhor amiga.
- Um brinde a minha cineasta e atriz prediletas. — Kiara acompanha, chocando levemente seu copo ao meu.
- Um brinde a primeira ultrassom que irei acompanhar amanhã. — Sabrina levanta-se da mesa e acompanha o ritual.
- AI MEU DEUS, É AMANHÃ? — O grito irritante e agudo da minha irmã, estoura os meus tímpanos.
- Sim, amanhã é a minha primeira ultrassonografia... — Sussurro baixinho, acariciando a minha própria barriga.
- UM BRINDE A SEMENTINHA DA TITIA. — Sarah brinda conosco, eufórica.
  Seus joelhos grudam no chão sujo da boate, suas mãos levantam a barra do meu vestido na altura dos meus seios e seus lábios lambuzam, beijam e passeiam por todo meu abdômen.
- Te amo, amor da titia. Te amo demais. — Sarah sussurra baixinho.
- Sarah, todos estão vendo a calcinha dela... — Sabrina sussurra, envergonhada.
- Estou ansiosa para acompanhar de perto o seu crescimento e formação. Quero lhe levar no primeiro dia de aula, assistir suas apresentações escolares e cuidar dos seus piolhos, porque eu tenho certeza de que você será tão desgovernado quanto seu pai. — A loira nem ao menos se importa ou escutou o que a médica sinalizou, mas também não faço tanta questão.
  Há somente duas coisas que me emocionam tanto ao ponto de me fazer desmanchar em lágrimas: Filmes com mortes de cachorros e quando falam diretamente com o meu filho.
  Então mesmo com todas essas luzes piscantes, a fumaça circulada e a escuridão da balada, ainda sim é perceptível e notório o quão sentimental eu estou.
  Choro tanto quanto um recém-nascido e não me envergonho disto; Agradeço.
  Após a partida do meu primeiro filho, eu caminhei pelos corredores do hospital, entrei na maternidade, conheci a minha sobrinha, contracenei com meus amigos que nem ao menos perceberam de que eu estava atuando e não me permitir digerir o luto.
  Durante toda gestação não fui capaz de me olhar no espelho, falar sobre ou encarar a situação da melhor forma; O meu filho se foi sem nem ao menos ter escutado 1/3 das palavras de carinho que a minha nova esperança escuta diariamente.
  Sinto um apreço e gratidão imensurável por todos aqueles que contribuem para que mesmo que essa gestação seja novamente interrompida, o meu filho se vá com a certeza de que o anterior infelizmente não teve: de que é completamente amado.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora