CAPÍTULO 26

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Molly Hill

Mal vi o Henrick durante a semana toda que passamos em Atlanta, ele estava ocupado demais com o tramite da compra de uma nova empresa de tecnologia que carregaria o nome de sua holding nas costas, mas podia sentir sua vinda ao meu quarto à noite para um beijo carinhoso, não podendo reclamar que ele não estava se esforçando para ficar comigo o tempinho livre que tivesse.

Estou a revisar minha caixa de entrada quando ouço um bipe do celular ao meu lado, é uma mensagem dele pedindo que eu vá ao seu quarto, pois ele havia adiantado todos os seus compromissos para mais cedo e teria o fim da tarde e noite para ficarmos juntos. Troco meu pijama por uma roupa casual e vou encontrá-lo. 

Cumprimento os seguranças que estão guardando o corredor e entro, doida para vê-lo. Caminho calmamente, tentando fazer o mínimo de barulho possível a fim de dar um susto nele, mas desisto quando escuto sua voz a quase berrar, abro sorrateiramente a cortina e o vejo de costas com o celular ao ouvido, não é nem preciso que ele vire para perceber que ele está tenso e irado. Fico quieta à espera de que ele se dê conta da minha chegada e em poucos minutos seu olhar esbarra no meu, seu rosto tensionado suaviza, mas não completamente.

— Só ligue pra mim de novo quando esse problema estiver resolvido. — ele diz ignorante e encerra a chamada.

— Algum problema? — pergunto.

— Nada que diz respeito a você. — seu tom de voz áspero me pega de surpresa, respiro fundo furiosa e me viro para sair dali, ele não tinha o direito de descontar suas frustrações em mim e nem eu iria abaixar minha cabeça para ser benevolente com as razões que o impulsionaram a isso. — Aonde vai?

— Voltar pra o meu quarto, não é porque estou com você que tenho que engolir seus ataques de estrelismo.

— Não, Molly, me desculpa! — ele segura o meu braço, forçando-me a encará-lo. — Eu não tive intenção de ser rude com você, só não queria dividir com você a porrada de problemas que me persegue.

— Dizer que não queria conversar sobre o assunto era muito mais apropriado e eu entenderia, ao invés de falar comigo com se não quisesse que eu estivesse aqui. — cruzo os braços chateada.

— Mas é claro que eu quero você aqui, anjo. — diz, pressionando seus lábios em minha testa, envolvendo-me em seu abraço mesmo com minha relutância em ceder. 

Henrick se senta na cama encostado a cabeceira e me conduz gentilmente para o seu lado, sento-me aninhada aos seus braços como um bebê, sequer me lembrando do episódio anterior.

— Tem certeza de que não quer dividir comigo? Às vezes duas pessoas carregando o mesmo problema ameniza o peso. — faço uma pequena analogia para que ele entenda que eu estaria com ele em absolutamente qualquer que fosse o aperto.

— O de sempre, não importa aonde eu vá ou o que eu faça, sempre acabo pagando pelo sobrenome que tenho. — ele responde baixo, demonstrando que o assunto o incomoda demasiado.

— Tudo bem se não quiser estender.

— O acidente no Brasil foi criminoso. — revela numa só tacada, após um pesado suspiro.

— Como é que é? — abro os olhos incrédula.

— Me perdoe por arriscar sua vida pelos erros da minha família.

— Não só a minha, Henrick, mas a sua também. Podíamos não ter saído dessa vivos, nenhum de nós.

— Minha vida é o de menos, já estou fadado a essas incidências, mas você... eu não me perdoaria se você se machucasse por minha causa, Molly, e é por isso que vou até o inferno se preciso for pra descobrir e punir quem fez isso. — ele trava o maxilar.

Comissária do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora