É simplesmente patético estar a chorar de novo por ele, porém inevitável, a realidade me chocou mais do que a minha nada amigável imaginação fértil. A comprovação de que talvez não tenha sido difícil para ele simplesmente me apagar da memória me tem atordoada como um bebê. Como se não bastasse meu desalento, o número insistente continua a me ligar me deixando ainda mais brava. Depois de dias o evitando e desligando, resolvo atender, mesmo sabendo que não obteria respostas de quem é, mas diferente das outras vezes, a respiração se transforma em meia dúzia de palavras que me fazem perder o fôlego.
— Alô? — digo grosseira e de saco cheio.
— Abra a porta. — reconheço a voz de Henrick Sawyer que dá sua ordem e desliga.
Por alguns instantes eu fico confusa e me pergunto de que porta ele está a falar. Pondero um pouco e ergo a sobrancelha quando chego a uma conclusão que parece incongruente, olho para trás temendo ser o que acho que é. Engulo em seco e vou em passos lentos abrir a porta do meu apartamento, tendo a prova de que sim, meu sonho personificado estava lá fora.
— "Abra a porta?" — repito incrédula. — Você quer o quê, que eu te obedeça com o rabinho abanando depois de tudo?
— Posso entrar? — ele permanece sério, apoiado ao batente da porta.
— Não, não pode. — cruzo os braços birrenta ficando em sua frente de modo que impedisse a sua entrada.
— Se não sair da frente, eu mesmo te tiro.
— Você não teria essa audácia.
— Quer colocar em cheque? — avança em minha direção e eu abaixo a guarda.
— Não toque em mim, eu saio! — falo histérica me afastando da porta. — O que você quer aqui?
— Conversar.
— Eu não tenho nada pra conversar com você. — bato o pé arredia.
— Mas eu tenho. — ele mesmo fecha a porta atrás de si e a tranca, disposto a me fazer engoli-lo.
— Eu não estou disposta a ouvir.
— Quer parar de ser ridícula? — diz depois de soltar um respiro fundo.
— Eu ridícula? Ridículo é você que deixou claro que não me queria e agora me aparece aqui como se nada tivesse acontecido. Por que não volta pra suas feriazinhas idiota com aquela pobre coitada que mal sabe que pode ser descartada a qualquer minuto como eu fui? — não consigo esconder meu aborrecimento.
Henrick balança a cabeça sorrindo anasalado e o meu corpo esquenta por achar que ele está a tirar uma comigo.
— Aquela mulher que viu no hangar é a minha cunhada, Molly. — dispara.
Continuo descrente por alguns minutos completamente em silêncio, o olho sobre os ombros com certa relutância, ele parece estar a dizer a verdade já que se deslocou até a minha casa na tentativa de desfazer esse mal entendido.
— Onde esteve esses dias? — pergunto.
Se ele se achava no direito de invadir o meu apartamento contra a minha vontade, eu também tinha de questionar o que bem entendesse.
— Tentando enfiar na cabeça que a decisão que tomei era a melhor coisa a se fazer. Ficar longe de você.
— E conseguiu? — amoleço minha expressão, mas ainda sustento uma postura sólida de que se for necessário, se eu achar que posso ser quebrada novamente, eu vou tentar me proteger.
— Talvez se eu tivesse escolhido melhor meu destino... — Henrick passa as mãos pelo cabelo visivelmente nervoso. — Aquela porra de cidade só me lembra você. Se eu soubesse que também estava na Tailândia, eu teria feito você me escutar na marra ao invés de ficar te ligando que nem um imbecil.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Comissária do CEO
Lãng mạnNão se deixar abater. Esse era o lema de Molly Hill, uma jovem comissária de bordo de jatos particulares, que carregava em seu peito mais dores do que demonstrava. Fixada em sua rotina de trabalho e almejando usar de seu ofício para suprir a falta d...