CAPÍTULO 29

720 56 9
                                    

Molly Hill

Abro a porta e me deparo com o Henrick encostado à porta — ou quase caindo — mal conseguindo se manter de pé e visivelmente bêbado.

— Mas que merda você está fazendo aqui? — minha voz sai esbaforida e estridente.

— Me perdoa, Molly. — ele tenta se aproximar de mim e me tocar, mas eu me afasto e ele cambaleia para trás.

— Você acha que é digno de perdão? Que pode aparecer na minha casa a essa hora da noite com essa cara de cachorro sem dono e eu vou te perdoar por pena? — sei que estou sendo insensível, mas não meço as palavras e não me importo nem um pouco.

— Molly... eu te amo!

— Eu quero mais é que você se dane, Henrick! Sai da minha casa! Sai da minha vida! — aumento a voz não ligando se vai acordar o andar ou o prédio, o empurrando.

Henrick me encara derrotado, seus olhos estão muito vermelhos, penso que é por conta da bebida, mas eles logo marejam e eu concluo que ele está realmente a voltar a chorar. Mas que se dane! Não quero ser cruel, mas olhá-lo e lembrar do motivo pela qual estamos nesse impasse desperta o meu pior lado, deixa-me cega de raiva. Ele até aparenta querer seguir o meu comando e sair, mas cai sentado no chão e eu me sensibilizo com o seu estado, ele realmente não tem condições de ir embora, não sei nem como ele conseguiu chegar aqui. Suspiro pesado vendo que não há outra alternativa senão ajudá-lo. Vou até o corredor para checar se algum de seus seguranças está lá, mas não encontro ninguém, então fecho a porta e o ajudo com muita dificuldade a se acomodar no meu sofá. Estando mais de perto, observo com atenção o seu rosto, percebo que está descuidado, seu cabelo parece que não é cortado há dias, bem como a sua barba e bigode que estão grandes, nem em sonho parece aquele CEO influente que eu conheci.

— Eu te amo! Será que você não entende? — repete, com a voz embargada.

Respiro fundo querendo responder nada amistosa, mas não convém discutir com ele nesse estado deplorável que ele se encontra. Resolvo ligar para o porteiro para perguntar se tem algum segurança lá embaixo que possa levar o Henrick de volta para o seu apartamento, mas como eu supunha, não tem ninguém, eu já deveria suspeitar, pois se eles estivessem aqui, certamente estariam na cola do seu patrão. Penso em ligar para o Connor para ele vir resgatá-lo, mas está tarde da noite e eu não quero incomodar, então decido que vou entrar em contato amanhã assim que acordar, por hora me contento com a ideia de que terei que passar mais tempo com ele do que eu gostaria.

— Quão bêbado você está? — me aproximo dele e sento na mesinha em frente ao sofá, o encarando à espera de uma resposta lógica que obviamente não vem.

— Me perdoa, Molly! Se eu pudesse voltar no tempo... — é só o que ele sabe fazer, se desculpar, como se essa fosse a chave para tudo, tirando-me do sério, mas tento juntar o pouquinho da paciência que restou para lidar com ele.

— Você precisa de um café forte e um banho gelado. — o ignoro.

— Eu preciso de você.

Engulo em seco quando ouço ele falar mais uma vez, dessa vez com um olhar brando, olhar esse que mais um segundo olhando, talvez, por um milésimo de segundo, eu me esquecesse de tudo e fraquejasse, então me levanto na tentativa de me afastar, mas ele segura minha mão, impedindo-me de sair.

— Eu só estou ajudando você como um ser humano que precisa de ajuda por hoje, somente isso, não ache que ficar se desculpando ou dizendo que me ama vai mudar o desprezo que estou sentindo por você. — digo, não me contendo.

— Molly... — sua voz falha em meio a soluços, jamais imaginei que viveria para ver o Sr. Dono do Mundo baixar a guarda dessa maneira.

— Vem, vou levar você até o chuveiro. — faço ouvido de mercador.

Comissária do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora