CAPÍTULO 21

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Molly Hill

Aterrissamos em Nova Iorque sob um mal tempo que se formara de uma hora para outra e mesmo com os alertas da torre de pista molhada e escorregadia, com sorte não tivemos nenhum contratempo. Adianto meu serviço pós-voo enquanto o Henrick me espera dentro do carro demonstrando impaciência depois de ter pedido quase que insistentemente para me levar para casa imediatamente e eu me recusar, alegando que ainda tinha coisas para fazer no interior da aeronave. Ao terminar, me despeço do James e vou ao seu encontro o mais rápido que consigo.
— Você sabe que pode sair junto comigo quando o voo termina, não sabe? — ele diz, erguendo uma das sobrancelhas, como quem me dá uma ordem subliminar quando o carro começa a andar.
— Quando o avião pousa, o voo se encerra pra você, Henrick, não pra gente. — tento explicar com a maior paciência do mundo o que é óbvio.
— Você está comigo agora, não precisa ficar.
— Esse é o meu trabalho e eu vou cumprir com as minhas obrigações até o último minuto, pensei que já tínhamos nos entendido quanto a isso.
— Tudo bem. — responde meio contrariado e eu decido não dar continuidade ao assunto.
Os minutos até o carro parar em frente ao meu prédio foram bastante embaraçosos já que o silêncio passou a reinar após nosso breve desentendimento, dou um beijo rápido no Henrick e desço, sabendo bem que ele não viria atrás de mim, pois essa questão do meu trabalho ainda o deixava chateado e ele era osso duro de driblar quando raivoso, mas não é algo que eu possa ou tenha pretensão de mudar, não vou simplesmente aceitar algumas condições impostas para agradá-lo ou para que nosso relacionamento se blinde as discussões, como voltar a trabalhar exclusivamente para ele e me abster de algumas tarefas por ele ser quem é, eu amo cada parte da função que é ser comissária, das partes mais inconvenientes até as mais incríveis, não vou ser displicente com o meu serviço só porque ele não vê problema, ele me conheceu sendo uma comissária e terá que me aceitar como sua namorada sendo uma comissária, meu trabalho sempre estará em primeiro plano, assim como tenho plena convicção de que seus negócios estarão em primeiro plano a todo momento.
Subi para o meu apartamento, tomo um banho relaxante e faço um almoço rápido e simples para comer. Jogada no sofá, passo os canais sem muito ânimo enquanto penso se devo ou não ligar para a Olivia, se ela não pode estar ocupada ou algo do tipo, até que decido enviar uma mensagem pedindo que ligue para mim quando puder, os tiques de confirmação de leitura mal ficam azuis e o a sua foto preenche a tela do meu celular em recebimento a sua chamada de áudio.
— Ora, ora, ela finalmente lembrou que eu existo! — minha amiga diz dramática tal como sempre. — Mas também com um Deus grego daquele em plena Paris, quem sou eu na fila do pão, não é?
— Não é pra tanto, Olivia. — dou risada.
— Aham, sei, e eu sou a Melania Trump. — caçoa. — Você sumiu daqui todo o tempo que passou lá, Molly. Parece que suas mãos estiveram muito ocupadas, huh? Ou talvez a boca? Ou talvez os dois? — ouço seu ar pasmo e debochado do outro lado da linha, ela quase grita em meus ouvidos.
— Olivia! — tento freá-la, mas ela está impossível.
— Quero saber de tudo, até dos detalhes sórdidos.
— Prefiro te poupar desses detalhes. — me esquivo, mas um sorriso bobo surge ao lembrar da nossa noite.
— Ai, amiga, pode me contar sua noite libidinosa, minha passagem pro céu foi cancelada mesmo. — gargalha.
— Foi incrível...
Conto tudo para a Olivia, tudo, sem tirar e nem pôr, e é inevitável não sentir meu ventre formigar numa ânsia de que nossa noite volte a se repetir o mais breve possível.
— Fico feliz que tenha se soltado das suas amarras, até porque seguir a linha estritamente puritana é um desperdício perto de toda indecência que se pode fazer com aquele homem.
— Nunca quis fazer o tipo puritana, Olivia, eu só era mais, hm, cautelosa.
— Sei disso, minha amiga, você quis esperar pra se dar uma chance ao amor outra vez e eu entendo perfeitamente. E agora que encontrou seu pedaço de mau caminho, faça bom uso, transe no mínimo até ficar assada.
— Olivia, por favor! — rio do seu descaramento, como se eu já não tivesse acostumada o bastante a ouvir suas loucuras vez ou outra.
— A vida foi feita pra viver e pra mim viver é transar, oras!
— Ah, claro, é sinônimo. — zombo.
— Mas é claro que é! Além do mais que o Sawyer já foi pra Paris mal intencionado.
— Não tem dedo seu, tem?
— Na noite fervorosa de vocês não, só no destino. — escuto sua risada marota e me pergunto como eu não me dei conta antes de que a única pessoa que pode ter falado da minha paixão por conhecer esse lugar antes para o Henrick, era a Olivia.
— Mas como?
— Ele veio pedir arrego pra o Connor, querendo fazer algo diferente pra você, levar você pra algum lugar especial e eu, bem, ouvi a conversa e você sabe, me meti onde não era chamada.
— Como sempre!
— Como sempre. E graças a mim você teve sua linda noite inesquecível de frente pra o ponto turístico mais desejado de todos. — diz convencida.
— Então me apresentar aquela suíte nunca esteve nos planos dele? — pergunto cabisbaixa achando que o que ele falara sobre me levar lá fora apenas encenação.
— Nem vem com paranoia, amiga! Claro que estava, ele provavelmente só não deveria imaginar como poderia transcender o mágico te levar lá.
— Com ele qualquer lugar teria sido mágico. — baixo a guarda.
— Tem certeza? E se a tal suíte que você tá falando fosse em qualquer outra parte do mundo?
— É, realmente não teria esse Q a mais que só Paris tem. — confesso depois de pensar um pouquinho.
— Não boicote vocês pensando demais!
— Não vou.
Meu celular indica outra chamada, então me despeço da Olivia achando que poderia ser alguém da empresa.
— Vou ter que desligar agora, tem alguém me ligando.
— Tudo bem, se cuida! 
— Alô. — atendo não conhecendo o número no visor.
— Senhorita Hill? — a voz umedecedora de calcinhas do Henrick Sawyer soa na linha.
— Já está com saudades, Sr. Sawyer? — o provoco, sem pretensão de lembrá-lo que há algumas horas o mesmo estava bravo comigo.
— Não sou eu quem deveria perguntar isso? — ele diz querendo bancar o durão.
— Mas é você quem está me ligando.
— Pois bem, podemos sair pra jantar?
— Humm... — dou uma olhada na hora no relógio de parede. — Podemos.
— Estou na empresa, pego você às 8 PM. 8 PM está bom pra você?
Uma ideia diferente me vem em mente assim que ele fala que está no trabalho, já conheci sua empresa antes, mas nunca o vi de fato em sua mesa exalando seu charme e poder, que mal faria aparecer por lá e lhe fazer surpresa?
— Melhor, eu te encontro lá, me passe o endereço por mensagem. — peço.
— Tá, te vejo em breve.
— Mal posso esperar. — sorrio maliciosa.
Coloco um vestido simples midi na cor preta justo ao corpo e por cima um sobretudo já prevendo a mudança de clima repentina da minha querida cidade, ponho um salto não muito alto e uma bolsa de ombro pequena, quero passar despercebida, mas estar elegante ao mesmo tempo.
Não demoro para avistar a fachada de sua empresa, por já ter estado lá, meu nome consta no sistema. Chegando no último andar, vou até uma de suas secretárias e peço que não anuncie minha chegada, pois iria fazê-lo uma surpresa, para a minha surpresa ela não nega, o que me faz suspeitar de que ele tenha dado meu nome como alguém especial, até mesmo porque uma estranha chegar na surdina na sala particular do dono da empresa é algo, no mínimo, inadmissível. Entrego meu casaco a uma das moças e sigo em direção a uma porta gigantesca ao fundo do corredor, abro lentamente e o encontro a ler uma papelada em suas mãos. Henrick está concentrado e sério, seus cenhos franzidos denotam a importância do que lê. Sua postura não está relaxada, muito pelo contrário, ele está perfeitamente ereto em sua poltrona, demonstrando a segurança e disciplina com os seus negócios. Suspiro encantada o admirando às escondidas, quando por fim consigo formular alguma frase, dou duas batidas leves na porta chamando sua atenção.
— Tem um minuto pra mim, Sr. Sawyer?
Seus olhos rapidamente saem do papel e vêm de encontro aos meus, ele inclina a cabeça levemente como quem está surpreso e se perguntando o que estou a fazer ali, e não é para menos. Sorrio de lado, fechando a porta atrás de mim e mais do que isso, conferindo se a tranquei bem.
— Não esperava te encontrar aqui. — ele diz ainda estático.
— Não está feliz em me ver?
— Estou surpreso.
— Isso não responde minha pergunta.
— Estou duro, se quer saber. — finalmente ele levanta, me olhando dos pés a cabeça, seu olhar denuncia que suas intenções não são nada decentes.
Henrick mal encosta suas mãos em mim e eu já estou molhada só de saber que minha surpresa o atingira de maneira radiante.
— Acho que você vai se atrasar pra o seu compromisso, Sr. Sawyer. — sorrio tímida quando ele passa as mãos pelos meus ombros, incendiando-me por inteira.
— Meu compromisso pode esperar. — seu timbre pesado atinge meus ouvidos de modo possessivo.
Sua boca encontra o meu pescoço e distribui beijos molhados por todo ele, Henrick me olha mais uma vez de cima a baixo e então me beija com vontade. Fico na ponta dos pés e agarro seu pescoço, grudando nossos corpos. Não me importo com mais nada, se ficarei uma bagunça depois ou que alguém lá fora fantasie alguma coisa, apenas quero senti-lo por toda a minha pele e dentro de mim.
Henrick me vira com presteza e me debruça selvagemente sobre sua mesa, em cima de seus papéis, dou um sorrisinho de lado ansiosa para tê-lo novamente.
— Se soubesse as vezes que eu bati uma imaginando foder você aqui nessa mesa. — admite em meio a grunhidos roucos. 
Sinto seu pau pressionar minha bunda e na mesma rapidez que ele toma a situação, levanta meu vestido, não acreditando na visão que se revela.
— Senhorita Hill, você é uma caixinha de surpresas. — ele aperta minha bunda vendo que estou sem calcinha, pronta para recebê-lo.
Não consigo conter meu gemido alto quando ele se encaixa com força e com tudo em mim, seus movimentos são precisos e me deixam cada vez mais excitada. Agarro firme a mesa enquanto ele entra e sai numa velocidade e pressão absurda. Ele segura meus cabelos o puxando sem delicadeza alguma, minhas pernas tremem e um calor gigantesco sobe, sinto um comichão no meu ventre indicando meu ápice e em questão de segundos, vou ao céu e volto. Se estivesse em pé, tenho certeza que não aguentaria sustentar meu corpo, iria de encontro ao chão com tamanho prazer. 
— Eu te amo, Molly!
O ar se dissipa dos meus pulmões ao escutar sua voz, penso que estou a delirar e imaginar coisas que a pouco pareciam inalcançáveis, mas ele continua e eu não posso segurar as lágrimas que me surgem. 
— Que se foda se parece cedo demais! Não sei o que é amor, mas só pode ser isso. — ele puxa meu corpo para cima até si e me envolve em um abraço por trás, suas mãos apertam de leve meu pescoço e um gemido escapa de seus lábios indicando que ele havia gozado.
Em meio aos nossos suspiros e respirações pesadas, sou apenas uma mistura de emoção e volúpia, e mais do que isso... amor, eu sabia o que era o amor e só podia ser isso.

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Comissária do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora