CAPÍTULO 31

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Molly Hill

— Ele precisa de um médico. — Olivia sugere um tanto apavorada.

— Eu o acompanho. — disponho-me, sentindo que se tinha alguém que deveria fazê-lo companhia, esse alguém era eu, não me passa pela cabeça os motivos os quais Henrick o atacou, mas algo me diz que tem a ver comigo, ainda que indiretamente.

— Não, Molly, você só pode estar de brincadeira. — Henrick me encara com o punho cerrado e maxilar travado, franzindo o cenho incrédulo e aborrecido.

— Agora não, Henrick. — Connor se intromete, pois, conhecendo o seu amigo, sabia que ele iniciaria uma discussão nada conveniente para a urgência do momento.

Checo os sinais vitais do Patrick que são fracos, mas ainda funcionam, enquanto um dos seguranças do Henrick liga para a emergência e quando a ambulância chega, vou seguindo-os com o meu carro até o hospital mais próximo. Espero sentada em uma das salas de espera alguém vir dar alguma notícia sobre ele, quanto mais o tempo passa, mais eu fico preocupada. Não é possível que o Henrick tenha surtado nessa dimensão por ciúmes, seria muita prepotência minha achar isso, além de que teria sido muito imaturo da sua parte, havia algo por trás, algo majoritariamente relacionado ao telefonema que recebeu que o fez perder a cabeça, eu só não consigo encontrar uma razão mais coerente e apropriada para linkar as duas coisas.

O médico responsável pelo plantão finalmente aparece e me dá permissão para ir até o quarto, Patrick continua desacordado, mas não tem perigo de piora, seu quadro é estável, sento-me na poltrona ao lado da cama e suspiro pesado visivelmente exausta, não quero deixá-lo sozinho, então arquiteto meus próximos passos, decidida a pegar uma roupa mais confortável na mala e ficar ali por essa noite, eu precisava saber o que de fato aconteceu. Antes que eu saia a fim de ir ao estacionamento, Olivia entra pela porta com um semblante de quem viu um fantasma.

— Olivia? — ergo as sobrancelhas, confusa. — O que faz aqui? — pergunto.

— Amiga, você precisa saber de uma coisa.

Nunca vi a Olivia tão séria na vida, seu olhar entristecido denuncia que ela havia chorado e não estava sabendo digerir o que quer que ela tinha descoberto.

— O que aconteceu? — fito seus olhos temerosos, sentindo-me perdida.

— Aqui não. — ela intercala o olhar com o Patrick e por um milésimo de segundo tenho a impressão de ter detectado uma súbita expressão de raiva, mas não toco no assunto. 

— Mas eu vou deixá-lo aqui assim?

— Ele é maior de idade, não é nenhum inocente indefeso, vá por mim.

— O que aconteceu? O que o Patrick fez de tão grave?

— Não sou eu quem tenho que te contar isso, Molly, é o Henrick.

— Ele que armou essa ceninha pra me fazer ir até ele, não foi? — atrevo-me a cogitar.

— Ninguém mais do que eu pra estar tão chateada com ele pelo o que ele fez com você, mas você é a pessoa mais interessada em ouvir o que ele tem pra contar.

Aceito o pedido de Olivia e a acompanho até a SAWYER Enterprises, o prédio está quase todo apagado, com exceção do último andar onde boa parte das luzes estão acesas. Dessa vez não há nenhuma atendente na recepção, nem no primeiro andar, os seguranças nos conduzem até o interior do prédio e eu posso até dizer que nos escoltam, pois os protocolos são os mesmos de quando fazem a guarda do seu patrão, o que me faz estranhar ainda mais o teor da conversa que eu estava prestes a ter.

Após minutos que me parecem longas horas, adentramos a sala do Henrick. Ele está sentado no sofá com a cabeça abaixada e as mãos em seu pescoço como quem quer aliviar a tensão, Connor é o primeiro a perceber a nossa presença, mas assim que passamos pela porta e o som dos nossos sapatos de salto ecoam pelo silencioso lugar, ele também logo ergue o olhar até nós, para mim mais precisamente. Seus olhos estão repletos de amargura.

Comissária do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora