Molly Hill
Sei perfeitamente que minha atitude foi completamente insana e poderia me trazer muitos problemas se aquele homem resolvesse se vingar, mas não ligo, defender os meus me parece de uma sensibilidade e sensatez imensa que ele nunca sequer vai conseguir entender, já que todos estão sempre aos seus pés, o endeusando, jamais se opondo as suas vontades, o fazendo acreditar que em hipótese alguma ele esteja errado. Patrick prometeu nos deixar a par de todos os movimentos do RH da empresa, mas até o presente e fatídico dia, que terei que ensaiar a entrada da cerimônia com aquele soberbo, ele não falou mais nada, o que indicava que não tinham voltado atrás com a decisão de demiti-lo, isso fazia meu sangue ferver três vezes mais, a única razão pela qual não imponho para Olivia me deixar ir com outro par é que tenho empatia suficiente para perceber que nós dois juntos ao seu lado importa muito tanto para ela quanto para o Connor, Henrick pode ser um nojento comigo, mas pelo menos deve ser um bom amigo para ele.
– DE NOVO! – grita a Olivia de cima do altar para que passássemos a entrada novamente.
– Você pode desmanchar essa tromba por alguns segundos? – Henrick alfineta. – Está parecendo uma entrada fúnebre de velório de novela das seis brasileira.
– Você sabe muito bem meu desdém pra estar aqui com você.
– Também não faço questão pra ser seu par já que tenho outras opções muito mais interessantes. – diz seco, seu olhar permanece intacto em algum ponto em sua frente, era como se ele quisesse evitar qualquer contato visual comigo. – Mas fazer o que se nossos amigos não escolhem bem seus companheiros...
Abro a boca para retrucar, porém sou interrompida por mais um grito da Olivia que nos observa de longe.
– MORRERAM AÍ?
– Quanto mais boa vontade você pôr nessa passada, mais rápido a gente se livra disso. – ele posiciona o braço ao lado do corpo para que eu entrelace o meu, tal como um cavalheiro em filmes antigos. – Esqueça quem eu sou por alguns instantes e faça sua parte direito, a Olivia merece mais do que isso.
Ele pega no meu ponto fraco ao mencionar a minha amiga. Respiro fundo e concordo que eu não tenho o direito de estragar o momento dela por uma diferença tão medíocre que pode ser contornada. Não é tarefa fácil para mim ouvir qualquer desaforo do Henrick e permanecer calada, não estando fora do serviço, mas de agora em diante eu precisava treinar meu equilíbrio emocional para lidar com tudo isso, nossa rixa já tinha tomado proporções absurdas e a última coisa que eu gostaria era de inconscientemente fazer a cerimônia da Olivia ser lembrada por um episódio desprezível em que seus padrinhos se atracaram em cima do altar, seria o fim. Nunca parti para violência física com absolutamente ninguém, mesmo tendo diversos motivos para, mas aquele homem conseguia me tirar do sério apenas com suas piadinhas infames. Se estou sempre por um fio de arruinar minha carreira, não serei egoísta de arruinar a única coisa que realmente importa nesse momento, que é esse dia que ao que tudo indica será mágico para ela, então decido engolir tudo o que eu queria colocar para fora e prossigo. Entrelaço nossos braços e relaxo meu semblante, andando calmamente em direção ao altar onde a moça responsável pelo cerimonial, a Olivia e o Connor estão.
– Ultimamente tenho respirado esse casamento, não paro um minuto, eu precisava mesmo desse tempo pra mim com a minha fiel escudeira. – Olivia expõe a loucura que está sua vida desde que resolveu pôr uma aliança no dedo.
– Aos nossos ¹girly moments de Netflix e porcarias! – ergo a taça de vinho em minhas mãos, lembrando da vez que o Henrick proferiu essa frase, ela casa infinitamente bem agora. – Quem precisa de um par de calças quando se tem uma boa amiga... – dou um risinho de lado, enquanto ela brinda.
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Comissária do CEO
RomantizmNão se deixar abater. Esse era o lema de Molly Hill, uma jovem comissária de bordo de jatos particulares, que carregava em seu peito mais dores do que demonstrava. Fixada em sua rotina de trabalho e almejando usar de seu ofício para suprir a falta d...