- O que você vai fazer? - minha garganta seca e minha voz falha ao vê-lo aproximar seu rosto do meu.
- Não parece óbvio? - ele responde, fazendo eu parecer uma idiota por questionar o que é evidente.
Henrick sela nossos lábios e pede passagem para aprofundar o beijo, sem pensar duas vezes o dou. Por mais que houvesse uma urgência contida em ambos por aquele toque, o beijo ocorre de forma lenta, nossos movimentos parecem sincronizados e cronometrados. Uma de suas mãos aperta minha cintura e a outra se embrenha em meus cabelos e o puxa suavemente, me causando sensações diversas. Seu gosto é indescritível e misturado as notas adocicadas do vinho que tomamos se torna ainda melhor, minhas pernas por um breve momento ficam bambas.
- Quando eu estou com você, eu sinto coisas que não sei explicar. - revela, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Tenho medo de você só estar confundindo as coisas, não vou negar. - digo, me desvencilhando do seu abraço e indo encarar a paisagem em nossa frente para ignorar seu olhar que pesa sobre mim.
- Não posso prometer não ser um rabugento às vezes porque infelizmente é quem eu sou, mas posso prometer tentar mudar. - ele segura minha mão. - A ideia de perder isso que temos me desagrada.
- Não temos nada. - refuto, geniosa.
- Essa tensão no ar e ânsia de provocar um ao outro sempre que nos vemos é de certa forma o que nos aproxima, só não ver quem não quer, quanto mais nos repelimos, mais próximos ficamos.
- Eu não sei, não parece certo... - olho para o chão, pensativa.
- Eu pedi que tirassem sua tripulação do meu convívio, mas depois daquele dia na festa... não consigo tirar você da cabeça. E a simples menção de não poder mais vê-la, incomodou como nunca.
- Como posso acreditar em você?
- Me deixando te provar que quero mudar.
- Tudo bem. - aceito, mas pondero por alguns segundos.
Não demoramos muito no restaurante, vamos logo para a minha casa, quero passar mais um tempo com ele, mas acho que preciso ir com calma e ir impondo alguns certos limites, aprender a andar antes de correr, então peço para que ele apenas me dê um carona. Ao chegar no meu prédio, ele insiste em me levar até a porta do meu apartamento por questão de educação e eu não contraponho, também quero vê-lo um pouquinho mais. Subimos no elevador trocando olhares apenas. A porta se abre, ele põe a mão em minha lombar e me dá espaço para que eu saia primeiro, lanço um sorrisinho tímido, surpresa por seu cavalheirismo. Alguns passos e damos de cara com o Patrick sentado na poltrona do corredor, próxima a janela, quase de frente para a minha porta.
- Henrick, obrigada pela noite e por ter se preocupado em me trazer aqui em cima, mas eu preciso conversar sério com o Patrick, se não for pedir muito. - peço meio sem jeito, sem saber como me despedir e como me portar.
- Já estou indo, vai ficar bem?
- Sim, obrigada.
Henrick para seu olhar no Patrick por alguns segundos o intimidando e nos deixa contra sua vontade. Lutei desde o princípio para não ceder, mas quando se trata de sentimentos não há uma garantia de que tudo saia como planejado, além do mais que se ele quer me mostrar que mudou, nada mais justo que eu dar esse segundo voto de confiança, ainda que eu venha a me machucar eventualmente. Só não esperava que alguém nos visse assim uma vez que nem sei ainda o que está acontecendo entre mim e o Henrick.
- Precisamos conversar. - dou início a conversa, depois de respirar fundo criando coragem para isso.
- Você tá saindo com ele?
- Saímos uma vez.
- Eu não deveria estar surpreso. Como sempre o Sr dono do mundo consegue tudo o que quer. - ele fala com asco.
- O que veio fazer aqui? - mudo de assunto.
- Nada demais, estava passando por aqui por perto e quis visitar você. - explica, mas percebo que está escondendo algo de mim. - Esse cara não gosta de você. Acorda! - começa, carrancudo. - Ele só mudou a postura pra te ter mais fácil. O que você sabe sobre ele, Molly?
- E o que você sabe sobre ele, Patrick? Isso é alguma resistência fraternal ou o quê? Não tenho entendido suas atitudes controversas. - o pressiono a abrir o jogo de uma vez.
- Você está cega e não percebe que ele nunca vai ser capaz de gostar de você. - despeja na lata o que talvez seja verdade, mas por hora prefiro conceder ao Henrick o benefício da dúvida. - Ele só quer te exibir como um troféu, como a mulher que disse que jamais ficaria com ele... e no fim voltou atrás. Esse babaca sempre ganha.
- Eu estou disposta a mergulhar na piscina, ainda que ela não tenha água, e se ao fim de tudo isso eu me machucar, são consequências de uma decisão que tomei, nem você e nem ninguém tem nada a ver com isso. - me levanto e abro a porta, o convidando explicitamente a ir embora. - Me desculpe por estar sendo grossa, mas é melhor que essa conversa termine por aqui pelo bem da nossa amizade.
- Um dia você vai me dar razão. Henrick Sawyer é o tipo de homem que vive de aparências, se ele parece mudado pra você agora, certamente é só uma farsa pra atingir o que realmente quer.
Bato a porta extremamente irritada por ele ter tentando me manipular contra o Henrick. Seu tom ao sair e olhar fixamente para mim por alguns minutos fora ameaçador, meu medo de tudo o que falou ser verdade só não é maior do que o dele interferir minha nova, seja lá o que esteja se desenvolvendo entre mim e o Henrick, de algum jeito por puro ego ou algo que não ficou explícito.
Me livro das minhas roupas e deito de bruços na cama, fitando a carta que recebi do Henrick. Seria muito mau-caratismo ele ter o cuidado de providenciar essas pequenas gentilezas apenas em prol de ir para cama comigo e ter sua vaidade enaltecida, não acho que ele perderia tempo com uma besteira dessas, mas considerando que não o conheço e não sei se suas intenções realmente se distorceram positivamente de uns meses para cá, decido adiar essa parte pelo tempo que eu achar necessário, se ele estava interessado em mim, que fosse por outros atributos que presumo ter, não sexo, pelo menos não por enquanto. Henrick Sawyer teria que conquistar minha confiança assim como eu me dispus a me deixar ser conquistada, só assim eu teria certeza dos seus sentimentos. Pego no sono e acabo sonhando com um par de olhos azuis que tem feito meu coração dar cambalhotas ultimamente.
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Comissária do CEO
RomanceNão se deixar abater. Esse era o lema de Molly Hill, uma jovem comissária de bordo de jatos particulares, que carregava em seu peito mais dores do que demonstrava. Fixada em sua rotina de trabalho e almejando usar de seu ofício para suprir a falta d...