CAPÍTULO 8

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Molly Hill

Nosso voo de volta a Nova Iorque foi tranquilo, Henrick agiu de maneira profissional com toda a tripulação, inclusive comigo, e me dirigia a palavra apenas em situações convenientes e imprescindíveis como o serviço de bordo em si. Não esperei que ele fosse tocar no assunto da noite anterior, até porque não era do seu feitio uma conversa convencional sem pretensão ou interesse algum, ficou mais do que claro que aquilo gerou um arrependimento nele que não teria sentido ele mesmo tocar nesse ponto, ou quem sabe despertou uma sensação de desestimulo por alcançar o que tanto desejou, afinal, é característico do ser humano querer o difícil, o que é menos acessível, para no fim das contas aquilo que tanto se almejou naturalmente perder a graça, ainda que ele não tenha atingido realmente o que queria. Me blindar dele não seria tarefa fácil, principalmente quando nós dois trabalhamos juntos e paralelamente somos escalados para sermos padrinhos no casamento dos nossos melhores amigos, evidenciando que teríamos muito mais contato físico do que talvez eu gostaria e precisaria. E é por isso que me pego respirando fundo várias e várias vezes enquanto dirijo em direção a loja de vestidos de noiva para fazer a primeira prova do meu, sabendo que eu teria que fazer uso do restinho da minha paciência para olhar para a cara dele e, o principal, não aparentar para a Olivia que mais do que raivosa, eu estava triste por ter me encantado pelo cara errado que se aproveitou da minha fraqueza quando foi oportuno e depois seguiu vivendo sossegado como se nada tivesse acontecido. Não queria ser uma cretina e estragar sua empolgação em alguma troca de farpas com ele, Olivia estava muito feliz com a sua decisão, por ela essa cerimônia já teria sido marcada para ontem, e embora eu não concordasse com a rapidez e afobamento para juntarem as escovas, não podia negar que amava vê-la tão animada como nunca antes.

Chego ao local indicado na mensagem de texto que recebi da minha amiga e estaciono o meu carro ao lado de um Rolls-Royce Phantom, que pela imponência e alto valor já denunciava ser do Henrick. Ele já havia chegado. Solto o ar de forma pesada e resolvo dar as caras do lado de dentro do estabelecimento, pela escolha do local refinado era notório que o Connor também tinha alguns milhões na sua conta, mas diferente do seu amigo, soberba passava bem longe do seu dicionário, o que do meu ponto de vista já era um número positivo a seu favor. Assim que entro, ela logo vem me receber.

– Ainda bem que você chegou, Molly! – me abraça calorosamente. – Preciso de uma opinião feminina aqui.

– Onde está o Connor? – pergunto, fingindo que não estou vendo o Henrick que assiste a tudo atentamente, mas com um semblante de tédio, claramente a Olivia já consumiu seu juízo com suas perguntas que não terminam nunca.

– Já deve estar chegando. Vem, vamos dar uma olhada nas opções! – me puxa até o outro lado da loja.

Olivia e eu ficamos um bom tempo checando combinações de vestidos e cores que fossem do seu agrado, ela queria que o vestido da madrinha tivesse uma mescla elegante de rosé e branco, então pegamos alguns com essa proposta para que eu provasse. Connor chegou pouco tempo depois, atrasado por causa do trânsito, Nova Iorque é o único lugar no mundo que se leva trinta minutos para chegar num lugar que só está a cinco de distância, e ficou fazendo companhia ao Henrick, conversando sobre o que não era possível ouvirmos de onde estávamos e nem eu fazia questão, nem sua noiva que estava muito mais preocupada com os detalhes do casamento do que com a sua presença. Provei cerca de dois a três vestidos para que a minha amiga opinasse e finalmente no quarto, nossas vontades e nossos pontos de vista se assemelharam e ela simplesmente me arrastou até a ala que os homens estavam sentados. Meu cunhado falou algo sobre a possibilidade da cor da gravata do padrinho ser azul ao invés de rosé, pois compunha uma das cores fortes do logo da sua empresa, e a Olivia se opôs rapidamente, eu quis dar risada da pequena DR deles, ela sempre faz uma movimentação gigante para que a sua palavra seja a última, só que o Connor possuía o mesmo gênio e os dois agora discutiam como se o motivo inicial fosse absurdo. Esperando eles terminarem a discussão, sento no único banco disponível naquela sala, ao lado do Henrick e, para a minha surpresa, ele puxa conversa.

Comissária do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora