CAPÍTULO 27

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Molly Hill

Sinto minhas pernas enfraquecerem e meu coração parar por um breve minuto, se o sofá não estivesse logo atrás de mim para amparar minha queda, eu teria ido de encontro ao chão com toda certeza.

— Você não pode estar falando sério. — digo num sussurro como se quisesse evitar até de ouvir o que eu mesma estava dizendo em negação ao absurdo que meus ouvidos infelizmente tiveram que ouvir.

— Eu também descobri somente hoje, Molly.

— Sua família matou os meus pais e você foi conivente. — não consigo mais segurar o choro, parecia que o chão tinha se aberto sob meus pés.

— Eu nunca fui a favor do que fizeram e disse a você por entrelinhas o porquê que minha família e eu não nos dávamos bem, só não explicitei o motivo, além de que eu nunca que ia saber que os tripulantes que estavam a bordo eram seus pais. — Henrick tenta se explicar com os olhos molhados, mas a essa altura do campeonato eu já não confio mais em suas palavras.

— Você é um monstro tanto quanto eles! Como você deita a cabeça tranquilo no travesseiro sabendo que um inocente está atrás das grades por conta de um feitio da sua família, Henrick? Não só isso, mas vocês destruíram vidas de inocentes, dos meus pais.

— Meu amor...

— NÃO ME CHAMA DE MEU AMOR! — grito, não deixando que ele sequer encoste em mim.

— Mas eu não fiz nada!

— Você se calou, Henrick, você fez tudo!

— A única coisa que eu sei, Molly, é que isso foi motivado por uma rixa política pra que o meu irmão se reelegesse e continuasse no poder como senador, não sei como aconteceu, não sei de quase nada. — tenta se explicar. — Eu sei que é um absurdo, mas o que eu poderia fazer? Entregar a minha própria família? São podres, mas continua sendo a única que tenho. Por favor, me entenda.

— Te entender? — rio anasalado sarcasticamente em meio as lágrimas. — Você tem ao menos noção do quanto arruinou a minha vida? Meus pais foram assassinados sem motivo algum por puro capricho de pessoas egoístas e cruéis capazes de pisar em quem for pra conseguirem o que querem.

— Molly, me perdoa...

— Eu sinto nojo de você, Henrick, sinto ódio, sinto o que nunca na vida eu pensei que eu pudesse sentir por alguém, ainda mais você.

— Eu te amo, Molly, agora que finalmente estamos juntos cai uma bomba dessas no nosso colo, mas por favor, você precisa me perdoar. — gesticula se empenhando em se ausentar da responsabilidade.

— Esse segredo era uma bomba relógio prestes a explodir ou você acha que um absurdo desses ficaria encoberto pra o resto da vida simplesmente pela petulância de se acharem os donos do mundo?

— Molly... 

— Não ouse contratar minha tripulação outra vez, não ouse chegar perto de mim!

Digo e saio depressa andando em direção ao elevador, escuto seus passos atrás de mim e sinto suas mãos a impedir minha passagem, mas me debato em seus braços o empurrando para longe, o que não adianta muito em virtude de sua força.

— Você é minha, Molly!

— ME SOLTA! — não ligo de parecer descontrolada, apenas soco seu peito inúmeras vezes esperando conseguir me desvencilhar.

— Eu te amo, Molly! — repete, como se fosse sua carta de alforria.

— PARA DE DIZER QUE ME AMA! EU DEVERIA TER DEIXADO VOCÊ EXPLODIR JUNTO COM AQUELE AVIÃO!

Comissária do CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora