Molly Hill
Escuto vozes falarem uma por cima da outra bem baixinho e um zumbido insuportável em meus ouvidos que as abafam prontamente, minha cabeça pesa, abro os meus olhos devagar e com dificuldade e um clarão me atinge impiedosamente.
— Jesus, ainda bem que você acordou! — Olivia me abraça quase me esmagando. — Eu estava tão preocupada com você, amiga!
Tusso um tanto sufocada com o exagero da sua exaltação, tentando administrar o ar que entra em meus pulmões com certa dificuldade.
— Por Deus, Olivia, desse jeito você vai asfixiar a pobre Molly! — Connor a repreende com vigor.
— O que aconteceu? — pergunto quando me recomponho.
— VOCÊ QUASE NOS MATA DE TANTA PREOCUPAÇÃO E AINDA PERGUNTA O QUE ACONTECEU? — ela continua imbatível.
— Olivia!
— Não manda eu me calar, Connor! — reclama, esbaforida. — Ela merece ouvir umas poucas e boas depois do que fez.
— Certamente essa não é a melhor hora pra isso, Olivia, dê tempo pra Molly se recuperar. — o dono da voz que eu menos queria que estivesse presente se aproxima da maca, revelando-se ali, e me faz relembrar tudo, de todo o motivo que me levara a estar exatamente aqui.
— O que faz aqui? — o encaro, sentindo o sangue esquentar em minhas veias.
— Vocês podem nos deixar a sós um minuto? — Henrick pede, Olivia abre a boca para reclamar, mas o toque do Connor em seu ombro a contém e eles saem, deixando-nos sob um clima péssimo.
— Pensei que tivesse sido clara quando falei que eu não queria olhar na sua cara mais.
— Você não me deu outra escolha, Molly. — confessa com o olhar baixo. — Como acha que eu fiquei quando a Olivia te encontrou desacordada e ligou pra mim? Achei que fosse... — sua voz entrecortou. — Não te ver nunca mais.
— Foi muito pra mim saber daquilo, Henrick, mais do que eu posso suportar.
— Me perdoa, Molly.
— Não se trata de perdão, te perdoar não vai trazer meus pais de volta, nem mudar toda essa bagunça.
— Eu preciso do seu perdão.
— Meu coração diz que eu não sou capaz de perdoar você e sinceramente eu não quero.
— Molly...
— Henrick, não torna as coisas mais difíceis do que já estão, vai embora daqui e me deixa em paz, se é que eu vou conseguir ter paz depois disso.
Ele me lança um olhar visivelmente arrependido, mas eu não consigo e não quero vê-lo outra vez, é demais para mim. Meu peito dá uma fisgada e pesa como se tivesse chumbo sobre o meu corpo, as lágrimas descem sem me dar tempo de tentar controla-las e francamente, nem sei se algum dia vou lembrar de tudo o que soube e conseguir conter o choro. Não demora muito e a Olivia entra, pondero se devo contar e rapidamente decido que não, não sei se ela seria tão cautelosa como eu em resguardar o Henrick, não que ele mereça, mas se sua família é poderosa o bastante para se safar de uma barbaridade dessas, imagina o que não poderiam fazer conosco se descobrissem que sabemos, esmagariam-nos tal como uma mosca. Talvez tenha sido por essa razão que da água pro vinho a Amelia quis forçar uma amizade comigo depois daquele jantar nada amistoso, muito provavelmente tenha descoberto quem sou e me quis ter por perto como uma presa para me controlar, sondar até onde sei sobre tudo, essa frieza e calculismo evidenciava bem do que ela podia ser capaz, além do óbvio.
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Comissária do CEO
RomantikNão se deixar abater. Esse era o lema de Molly Hill, uma jovem comissária de bordo de jatos particulares, que carregava em seu peito mais dores do que demonstrava. Fixada em sua rotina de trabalho e almejando usar de seu ofício para suprir a falta d...