Molly Hill
Não vi mais o Henrick nem nas dependências do aeroporto, ou ele não estava mais voando com tanta frequência ou estava evitando voar nos mesmos dias e horários que a minha tripulação, sendo quem ele é não seria nada difícil plotar a minha escala de modo a diminuir ou quase zerar as chances de nos esbarrarmos, pelo visto ele se saiu bem na tarefa de se afastar de mim como eu o havia sentenciado.
Olivia e Connor haviam viajado para a Itália há exatas duas semanas numa espécie de segunda lua de mel e apesar de terem insistentemente pedido para que eu fosse, não queria estragar a viagem romântica deles, mesmo porque eu não estava no meu melhor humor e a ideia de curtir a solidão da minha vida me parecia mais atraente, parecia sempre o mais adequado a se fazer. Por sorte, meu trabalho me proporcionava certa distração e ocupação, viajando para destinos agradabilíssimos, como Londres, por exemplo.
Chego no hotel depois de passar a tarde passeando pelas ruas do centro londrino e me desfaço das roupas pesadas de frio que me sufocam um pouco, ligando imediatamente o aquecedor para fugir do gelo que está Londres a essa altura do ano. Meu celular toca incessantemente em cima do balcão da pia do banheiro e eu reviro os olhos, dando-me conta de que, por puro desapego, não tinha levado ele comigo, atendo sem nem me atentar ao visor.
— Alô.
— Eu bem que gostaria de saber o porquê que você tem essa droga de celular, Molly, SE VOCÊ NÃO O ATENDE! — Olivia grita do outro lado da linha e eu afasto o aparelho do ouvido temendo ficar surda.
— Você sabe que eu não sou surda, Olivia, mas se depender desse seu histerismo é bem capaz de eu ficar. — brinco, procurando desestressá-la ou mesmo irritá-la mais ainda.
— Eu fico à beira de um ataque de nervos quando você está longe e não atende o celular ou não responde as minhas mensagens, já penso o pior. — responde séria e eu juro que posso escutar um respirar de alívio.
— Eu sei, amiga, aquele acidente abalou todos nós.
— Ainda bem que você está bem. Espera! Você está bem, não é? — pergunta esbaforida, certificando-se.
Dou risada, Olivia realmente não bate bem da cabeça.
— Estou sim, fui dar uma volta pelo centro de Londres.
— Não vou dizer o que eu estava fazendo antes de me preocupar com você, porque talvez você não queira saber de detalhes assim tão sórdidos da minha vida com o Connor.
— E adianta não querer saber? Você simplesmente conta, Olivia, você é louca! — a faço rir e o Connor também, pelo visto minha amiga não sabe mesmo fazer ligações sem ser no auto falante.
— Eu acho que dessa vez ela não teria coragem de contar o que eu fiz com el... — escuto Connor ao fundo e um barulho de algum objeto caindo logo em seguida.
— CALA ESSA BOCA, SEU PERVERTIDO! — Olivia reclama e me confirma a teoria de que ela realmente tenha feito ele calar a boca tacando alguma coisa pesada nele.
— Mulher louca! — Connor resmunga baixinho e eu gargalho, os dois são mesmo duas figuras que nasceram um para o outro, completavam-se até na loucura.
— Voltando ao assunto... Depois de amanhã eu tenho um evento pra ir, uma espécie de premiação pras melhores criações de arquitetura desse ano de Nova Iorque e, é claro, que o milagre que eu fiz na casa do Connor, quer dizer, na nossa casa, vai ser premiado, e eu queria a sua presença lá Mollyzinha. — pede toda confiante.
Sorrio, estou chegando à conclusão de que não dá para ficar sem rir na presença da Olivia, é como um combustível diário.
— Putz, Olivia! Eu bem que gostaria de ir, você sabe, mas não sei se o cliente vai voltar pra Nova Iorque assim tão depressa, chegamos hoje.
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Comissária do CEO
RomansaNão se deixar abater. Esse era o lema de Molly Hill, uma jovem comissária de bordo de jatos particulares, que carregava em seu peito mais dores do que demonstrava. Fixada em sua rotina de trabalho e almejando usar de seu ofício para suprir a falta d...