Molly Hill
Ouço batidas pesadas na porta enquanto estou no banheiro a passar um lip balm nos meus lábios ressecados do ar seco do avião, franzo o cenho pensando em quem seria a essa hora da noite, nem os funcionários do hotel nos incomodariam às 10:00 PM. Visto um roupão felpudo e vou ver quem é. Assim que abro a porta, me surpreendo, me deparo com Patrick encostado na parede todo informal numa calça jeans branca e uma camisa de botão azul piscina florida aberta até a metade. Azul é a nova tendência do momento e eu não fui avisada? Argh.
– Não posso crer no que os meus olhos estão vendo. – ele revira os olhos, parecendo incrédulo.
– O que foi? É alguma simulação de incêndio e eu fui a única que não ouvi e ficou pra trás? – respondo com certa ironia.
– Estamos em Los Angeles, Molly! – abriu os braços sorridente. – Não vá me dizer que passou pela sua cabeça passar essa noite aqui dormindo?
– Qual é, Patrick! Eu estou um caco!
– Nós vamos pra uma casa noturna e não aceito não como resposta.
– Eu realmente não estou afim. – declaro, sendo verdadeira.
– Você vai dar meia volta, pôr um belo decote e melhorar essa cara. – diz, me empurrando porta adentro. – Eu espero.
– Mas que diabos deu em você?
– Tic-tac, está perdendo tempo... – me avisa, sentando em uma das poltronas perto da sacada, com um sorriso traquino no rosto.
– Está bem! – ergo os braços em sinal de rendição, vendo que ele não iria me deixar em paz mesmo. – Que mal há? – dei de ombros.
Pensando bem, estou mesmo precisando dar uma sacudida na minha vida tão monótona. Seria bom para mim beber, dançar e jogar no lixo o pensamento em um certo senhor engomadinho. Em menos de um minuto meu sono foi pelo ralo e eu já estava bem animadinha, empolgada com uma noite diferente. Uma curiosidade sobre o mundo da aviação é que os laços com os demais da tripulação se estreitam rápido e todo mundo já sai do avião mais próximos um do outro porque são nossa companhia durante boa parte do tempo, então é compreensível que Patrick em seu primeiro dia já se mostre enturmado conosco. Eu diria que talvez enturmado até demais.
Corri para o banheiro, vesti uma roupa digna de noitada que eu sempre tinha na mala em caso de uma possível mudança de planos e fiz uma make compatível, sendo apressada pelo Patrick, que a todo segundo que se passava dizia que íamos acabar chegando na hora que a boate fecharia as portas. Exagerado!
Chegamos na tal boate que o Patrick conhecia e adentramos o lugar que já estava lotado, pedindo logo uma bebida para esquentar a noite. Tomei um Dry Martini de uma só vez, goela abaixo, e fui para o meio da pista de dança quando Light do San Holo ecoou pelo lugar, arrastando o Patrick que me olhava um tanto assustado. Para quem não queria nem levantar da cama, minha animação se mostrara subitamente crescente, indo para um nível muito alto. Me remexo sentindo as batidas viciantes da música tomar conta do meu corpo, e percebo um leve desfoque quando olho em volta por conta da bebida e da mudança brusca de movimentos, mas não dou a mínima, tudo que quero é deixar que o meu hit preferido possua minha alma. Patrick se coloca atrás de mim, segurando meus quadris, dançando perfeitamente sincronizado comigo. Encosto meu corpo no seu e rebolo pouco me importando se soa provocativo ou não, talvez o álcool revelasse meu lado puramente instintivo. Ele parece não se incomodar, está aproveitando o momento tanto quanto eu, envolvido no que a mescla de tudo ali nos ocasiona, as luzes, a escolha de música, a temperatura alta e o contato físico dos mais próximos. Elevo minhas mãos para cima e Patrick dedilha as laterais do meu corpo como se fosse um instrumento musical, imediatamente fecho meus olhos totalmente entregue. Quando resolvo abri-los, me deparo com quem eu de longe esperava encontrar, ainda mais num local como esse. Meu pesadelo... Henrick Sawyer.
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Comissária do CEO
Lãng mạnNão se deixar abater. Esse era o lema de Molly Hill, uma jovem comissária de bordo de jatos particulares, que carregava em seu peito mais dores do que demonstrava. Fixada em sua rotina de trabalho e almejando usar de seu ofício para suprir a falta d...