Where I Go?

A Passagem

Eu poderia ter me controlado mais se o sangue de Emily estivesse dentro do seu corpo. Definitivamente sangue exposto era minha fraqueza. Depois que saí da casa de Sam e Emily, e fui para a floresta, cacei dois cervos, drenando o sangue de ambos.

Dois dias após do quase incidente, eu estava deitada no meu macio divã, ouvindo uma versão de disco vinil da música “Hurt” de Johnny Cash, concentrada em sua letra profunda. Não, eu não chegara a conhecer Cash, mas tinha admiração pelo mesmo.

I hurt myself today

*Eu me machuquei hoje*

To see if I still feel

*Para ver se eu ainda sinto*

I focus on the pain

*Eu me concentro na dor*

The only thing that's real

*A única coisa que é real*

The needle tears a hole

*A agulha abre um buraco*

The old familiar sting

*A velha picada familiar*

Try to kill it all away

*Tento eliminar tudo isso*

But I remember everything

*Mas eu me lembro de tudo*

What have I become

*O que eu me tornara*

My sweetest friend?

*Meu mais doce amigo?*

Everyone I know

*Todos que eu conheço*

Goes away in the end

*vão embora no final*

[...]

Levantei-me rapidamente assim que ouvi alguém bater na porta do meu canto. A abri e fiquei surpresa por quem se encontrava ali.

-Pois não? –questionei a Ethan que me observava seriamente, estático.

O vampiro parecia estar buscando palavras para poder expressar o motivo que o levou até minha porta.

-Eu... Posso entrar? –a voz dele ameaçava falhar, o que me deixava ainda mais curiosa.

Minha resposta a aquela pergunta se deu em um movimento que fiz, saindo da frente da porta e estendendo levemente meu braço direito ao interior do meu canto. Ao entrar, Ethan foi diretamente à pequena varanda.

Eu permaneci em frente à porta do sótão, depois de já fechá-la, analisando o homem que agora se encontrava de costas para mim, parecendo observar a natureza a sua frente. Certamente estava interessada no motivo dele estar ali, tendo em vista que, depois do episódio desestimulante que ele tentou me passar na sala, há três dias, eu não trocara sequer uma palavra a mais com o mesmo, sempre evitando nos encontrarmos.