Um Excelente Motivador

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Assim que acordei, olhei em meu relógio e pude constatar serem quatro horas da madrugada. Fui ao banheiro, lavei meu rosto e escovei meus dentes. Embora tudo isso fosse desnecessário, eu adquirira hábitos humanos para me parecer mais com minha parte humana.

Eu iria entrar no sótão novamente e escutar algum disco, quando ouvi uma conversa vinda do andar de baixo. Assim que cheguei ao mesmo, segui o som das vozes até a sala. Lá estavam Carlisle, Esme, Emmett e Ethan.

Quase havia me esquecido de que havia mais uma pessoa estranha, além de mim, na casa.

-Acordou, bela adormecida? –Emmett e seu infindável bom humor, fazendo até seres antissociais, como eu, sorrirem.

Havia um puff redondo que ficava ao lado de um dos sofás, o qual eu havia escolhido para sentar e assim fiz.

-Anne, como você já deve saber, este é Ethan. Ele vai passar uns tempos conosco. Ethan, essa é Anne. Ela talvez permaneça conosco. Está a critério dela. –Carlisle falou sorrindo, igualmente a Esme.

-Então está tentando seguir essa dieta de sangue animal. Quantos anos têm? –Ethan era direto, como pude perceber.

-Duzentos e sessenta e sete. Transformada aos dezoito anos. –respondi igualmente direta.

-Eu tenho duzentos e oitenta e três.  Transformado aos vinte. Comecei minha dieta aos cento e cinquenta, com essa família. Eu quase desisti. Carlisle e Esme sabem. Mas eles me apoiaram até eu conseguir e eu agradeço muito a eles por isso. Pelo o que eu soube, até pouco tempo Jasper não conseguia se controlar perto de humanos. –ele parecia seguir uma linha de raciocínio e eu estava descobrindo onde ele queria chegar. –O que eu estou querendo dizer é que pode ser muito mais complicado para você, já que passou duzentos e quarenta e nove anos se alimentando de sangue humano. –concluiu enquanto eu olhava seriamente para ele, “o ser mais sábio do mundo”.

-Então acha que não poderei me controlar?

-Talvez possa, mas vai levar um bom tempo até poder ficar dez metros de distância de um humano.

-Nossa! Você um excelente motivador, cara. –Emmett ironizou.

Eu olhava para Ethan, pensando na melhor resposta possível. Ele realmente não se sentia culpado pelas suas últimas palavras e aquilo me enervava, juntamente como seu sorriso de canto quase imperceptível, vitorioso. Se eu tivesse uma lista de características detestáveis em certas pessoas, o que na verdade tenho em mente, com certeza egocentrismo estaria nela.

-Acredito que tenha a melhor das intenções ao me apresentar dados e sua conclusão sobre meu desejo. No entanto penso que talvez você, querida versão vampírica de Albert Einstein, esteja equivocado.  Eu ainda não tenho confiança em mim o suficiente para ir a um centro urbano, porém creio que não levará muito tempo para isto se concretizar, tendo em vista de que Renesmee seja parte humana, contendo sangue em suas veias, e eu consiga perfeitamente abraça-la e sentar ao lado da mesma, como ocorreu há duas noites.

-Eu não tinha o conhecimento destes últimos fatos. –o vampiro engoliu em seco antes de responder.

-Por isso falei que talvez você devesse estar equivocado.

Ethan contraiu sua marcada mandíbula, olhando seriamente para mim. Eu o deixei sem respostas e me senti vitoriosa por aquilo.

-Bem... Anne tem razão, Ethan. Ela está indo muito bem. Acredito que daqui a alguns meses ela tenha controle absoluto sobre o sangue humano. –Alice apareceu sentando no colo de Jasper, que, por vez, sentava-se em um dos sofás. Ela sorriu para mim e eu retribuí.

-Visitando velhos amigos? –Jasper questionou a “Einstein”.

Ethan, que até então olhava com fúria contida para mim, voltou-se para Jasper e continuou a conversar normalmente.

Não houveram mais palavras trocadas entre mim e o visitante, embora eu conversasse mais um pouco com todos os outros. Emmett saiu enquanto conversávamos, alegando ir atrás de Rosalie, pois já estava com saudades. Dez minutos depois de ele sair, isso já passando das seis e meia da manhã, foi a minha vez de me retirar.

Eu queria vez o nascer do sol novamente. Então tratei de ir até a praia de La Push, subi em cima de uma das maiores rochas, com sua base já submersa na água salgada, e lá fiquei até os primeiros raios de luz do dia surgirem no horizonte. A maresia, claramente composta por toda paisagem, era um canto de paz ao meu fraco coração.

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