Where I Go?

Apenas uma Gota

-Estão ouvindo algo satisfatório? –perguntou Carlisle, ao longe.

-Ainda não. –respondeu Jasper.

Já estávamos no meio da floresta que ficava no território dos Cullen, de madrugada, há certa distância uns dos outros. Em relação aos estes últimos, Edward era o que estava mais próximo a mim. Eu até podia vê-lo entre algumas folhagens.

-Esqueci de perguntar o que vocês costumam caçar. –falei para os três.

-Cervos. –ouvi Carlisle dizer.

-Leões da montanha. Se você pegar um desses logo de primeira, vai ter uma rival. –acrescenta Jasper com certa ironia e vi Edward sorrir.

Concentrei-me. Fechei os meus olhos e me permiti usar minhas habilidades para escutar os barulhos noturnos com mais precisão. “Uma coruja... Tamanduá... Cervo!... O que?...”. Abri meus olhos com um alvo.

-Urso.

Mal terminei de pronunciar o nome daquele animal e já estava correndo em direção ao mesmo. O urso estava machucado e o sangue dele, embora diferente de um humano, era fortemente convidativo.

Naquela caçada eu me tornara um animal quase irracional. Uma predadora perseguindo sua presa. Não importava onde ela estivesse ou com quem estivesse, eu iria mata-la bebendo o seu sangue até a última gota, pois sentia que minha sede precisava daquilo.

Quando cheguei próxima do urso ao ponto de vê-lo, parei subitamente pelo que via a mais. Ele estava destroçando restos de um meio sanduíche largado perto da fogueira já apagada de um acampamento. Meu raciocínio seguiu “fogueira... acampamento... barraca...” e por fim, depois de eu respirar fundo, “humanos”. Haviam dois humanos dentro de uma barraca, próximos às cinzas da fogueira. O descuido deles trouxera um urso. A irracionalidade do urso me trouxera até ele, por consequência, até os humanos também. Seriam presas fáceis. Podia até sentir o prazer de suga-los.

-Não faça isso. –ouvi a voz de Edward ao meu lado, bem próximo pelo seu medo, segurando meu ombro, assim interrompendo meu primeiro passo na direção dos campistas descuidados.

Olhei para minha diagonal ao mesmo tempo em que Jasper apareceu subitamente.

-Acho melhor procurarmos outra presa. –disse-me Carlisle ao meu outro lado, próximo assim como o filho.

Meus olhos se fixaram na barraca, imaginando as correntes sanguíneas repousadas. Eram tentadoras.

“Estão me provocando”.

-Não aceite a provocação. –disse-me Edward, o que fez quebrar o elo entre mim e o sangue humano.

“Você conseguiu ler meus pensamentos”, pensei olhando para Edward.

-É o meu dom. –disse o Cullen em resposta –Você precisa sair daqui.

-Pare! –disse firmemente, mais como um rosnado de fúria, tirando a mão do telepata, do meu ombro.

“Ele não tinha o direito de...”. Ouve uma movimentação dentro da barraca. Olhei para o urso e ele já estava indo embora, mas os humanos permaneceriam fáceis na madrugada inteira. Um deles estava acordando.

“Apenas uma gota.”

-Você acha que eles merecem morrer? –questionou Jasper, quebrando seu silêncio.

Aquelas palavras me acordaram, quando depois delas veio-me a imagem do homem morto no chão da viela, o desenho de sua família e minhas mãos sujas de sangue. Assim recobrei a minha consciência, mas ainda sentia a fome e o cheiro dos humanos. Bloqueei minha mente novamente de Edward e corri o mais depressa possível para qualquer direção. Habilitei novamente meus sentidos, ouvi o barulho de outro urso, cacei-o e suguei seu sangue até a última gota. Não satisfeita, persegui o barulho de um cervo e fiz o mesmo.

“Carlisle tinha razão. Não sacia totalmente a sede, contudo a controla.”