Where I Go?

Circunstâncias

Então lá estava eu, em plena segunda-feira de manhã. Tentando sentir o mínimo de nervosismo possível, já que ele não podia ser aniquilado de vez. Teria desistido se houvesse outro jeito de matar minha fome, sem matar ou transformar humanos. Mas a única outra família “vegetariana” morava no Alasca. Eu já havia os visto de longe, observando o estilo de vida deles, sem nunca os deixar que me vissem. Mas mesmo sendo mais resistente ao frio do que qualquer outro ser humano, a parte humana que existia em mim fez preferir o local com temperaturas mais altas e as mesmas estavam a favor dos Cullen. Minha parte humana, a que mais me machucava quando chegara ali, na frente daquela porta pela primeira vez, foi o ponto inicial e crucial. Foi uma das maiores ironias de minha existência.

Uma das minhas mãos segurava a direita de Ethan, com força, e a outra bateu na porta. Pela segunda vez eu ignorei a pobre campainha, ainda sem saber se ela existia. Não demorou mais que um segundo para sermos atendidos.

-Pois não? –repetiu um homem alto a minha frente, depois de já ter aberto a porta.

Era impossível não relembrar o primeiro dia que eu batera a porta da casa dos Cullen e Carlisle a abriu, apreensivo por não me conhecer, instantaneamente reconhecendo minha imortalidade e confuso com as fracas batidas do meu coração. Mas naquele momento, naquele exato momento, o homem alto a minha frente sorria por me reconhecer, como um pai que acabara de testemunhar a volta de um filho. A compaixão de Carlisle era sem limites. Eu não poderia ter feito nada mais justo e sincero, do que retribuir um sorriso de felicidade e abraça-lo fortemente.

-Bem vinda de volta, Anne. –Carlisle falou ainda abraçado a mim.

-Anne? –ouvi a doce voz de Esme atrás de Dr. Cullen e rapidamente corri para abraça-la também. –Que saudade estávamos de você. –falou me apertando ainda mais.

A aura de amor de Esme era extremamente perceptível a quilômetros de distância. Eu havia imaginado o quanto sentia falta daquilo, mas pessoalmente, notei minha saudade multiplicada em inúmeras vezes.

-Tia Anne! –um segundo depois, Renesmee me abraçava e eu a ela.

Nessie era a alma das famílias Cullen e Quileute, as quais eu agora pertencia. Mas mesmo antes de consentir com o inevitável, percebera em Renesmee uma chama de felicidade e o amor mais puro que conhecera em toda minha existência. Não era para menos, concebida por Bella e Edward. Sentir falta daquela jovem adulta era algo ainda mais inevitável, desde a primeira vez que a vira.

-Eu ainda te devo uma história, não devo? –perguntei a Nessie.

Senti meu braço ser puxado rapidamente e logo estava abraçada a Bella.

-Você está realmente bem e aqui, de novo. –naquele instante lembrei-me da noite em que fui ao chalé dela, antes de ir para a aldeia dos Quileutes, pelo primeiro convite de Billy a mim. Era uma boa lembrança. Bella exalava uma determinação descomunal e a direcionou para fazer eu me sentir confortável em minha nova família que até então eu não sabia que participaria. –Todos sentiram saudades. Principalmente ele... Ele está caçando agora com os outros. –explicou-me antes de eu perguntar.

-Olha só quem está de volta? A loba barra vampira! –então vi o enorme sorriso de Jacob vindo em minha direção e também o abracei fortemente, sentindo o calor da magia dos lobos. –Paul sentiu muito a sua falta. Falou que estava a fim de perder de novo na corrida. –brincou, o que me fez rir instantaneamente pela lembrança.

-Estávamos tão preocupados. –assim que me soltei do abraço quente de Jacob, esme me abraçou novamente. –Alice estava sempre monitorando as decisões de Aro.

-Então vocês sabiam? Como? –questionei assim que me separei de Esme, novamente.

-Depois que Ethan esclareceu o ocorrido na floresta, quando nos contou suas reais habilidades. –neste momento olhei para Ethan, surpresa. Ele não havia me contado aquilo, nem me deixado ver em sua mente. –Ele imediatamente deixou nosso clã para ir atrás de você, Anne. Para se esclarecer. Disse que precisava fazer isso. –enquanto falava, Carlisle observada Ethan, assim como eu.

“Ethan escondeu o segredo do tigre. Como poderiam facilmente confiar nele?”

Segundos depois, cheguei perto de uma conclusão. Então ouvi uma voz que eu reconheceria em qualquer lugar.

-Porque eles confiam em mim. Confirmei a história do Blackwell. –assim que vi aquela figura pálida entrar no recinto, não contive um sorriso caloroso de saudade. –Senti sua falta, anciã.

-Também senti sua falta, gritinho. –com minha fala, pude ouvir novamente a risada de Edward.

Segundos depois, corri até o mesmo, o abracei intensamente e ele fez o mesmo a mim.

Frio, rígido, sem circulação de sangue, sem batimentos cardíacos. Esse era o Edward que eu abraçava naquele momento. Porém ainda era o menino que eu tinha conhecido. O garoto que, naquela época, me tirou do vazio e que me proporcionara momentos alegres novamente, depois de um longo período sombrio. Uma das principais razões para eu saber que poderia ser feliz de novo.

Quando nos separamos, não pude deixar de ver o olhar de agradecimento que Edward lançou a Ethan, e este último acenou rapidamente em concordância. Aquilo me fez sorrir ainda mais.

-Gritinho? Tô louco para saber dessa história. –a voz forte de Emmet era inconfundível e atrás dele, vinham Rosalie, Alice e Jasper.

Abracei com força cada um daqueles vampiros que chegaram, também. Logo Alice me contou como frequentemente visava as decisões de Aro e, por muitas vezes, sentiu medo, mas elas estavam constantemente mudando.

-Temos que trocar estas roupas. –disse-me Rosalie, assim que nos afastamos do abraço e eu sorri, pela falta que senti dos comentários estilísticos de Rose e Alice.

-Ah. Você vai adorar ir fazer compras com a Rose. A Bella adorou. –Emmett falou de maneira risonha para Bella, a qual revirou os olhos, também sorrindo.

-Eu gosto. –exclamou Alice, com animosidade conhecida e apreciada.

-É porque você é segunda rainha da moda dessa família, Alice. –Edward falou do outro lado da sala.

Todos riram com tal comentário e observei cada sorriso formado nos lábios deles, cada expressão de alegria. Eu já sabia, mas aquele momento serviu para constatar que havia escolhido as pessoas certas para fazerem parte do meu mundo e elas também haviam me escolhido. Ainda tinham aqueles que não estavam presentes; os outros Quileutes. Eles também eram minha família.

Eu agradeci as circunstâncias por terem me levado a eles. A todos eles.

-Temos que comemorar o retorno de vocês dois. –e com esta fala de Alice, todos a observaram, sabendo o que estava por vir. Os olhos daquela Cullen brilhavam em especulações e planejamentos.