Sorriso Natural

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Assim que cruzei o riacho que separava o terreno dos Cullen e Quileutes, parei para analisar o meu estado.

-Tá parecendo que foi brincar de rolar na grama. –ouvi a voz de Ethan a minha esquerda e controlei um curto susto.

-Quase isso. –respondi, logo comecei a andar em direção ao meu canto e Ethan seguiu ao meu lado.

Eu realmente estava muito suja. Minha sorte era que meus cabelos dificilmente armavam, pelo meu lado vampírico.

-Você estava com os lobos. –Ethan adivinhou. O que não era muito difícil pelo meu cheiro.

-Interagir com eles é legal.

-E comigo não?

-Eu preciso responder?

Ethan colocou a mão no coração fingindo dor, o que me fez revirar os olhos.

-Você tenta me desmotivar do vegetarianismo, invade meu canto, me lembra de coisas horríveis e tem tendência a surgir subitamente. –apresentei meus argumentos.

-É... Talvez você tenha seus motivos para me odiar. –disse sorrindo. –Mas eu posso fazer você ver que não sou esse monstro que imagina. –ele parou a minha frente, a meio-metro de distância, olhando em meus olhos, me fazendo parar também. –Venha comigo passear, agora à tarde, como bons amigos.

-Não somos amigos. –retruquei rapidamente, mas analisei sua pergunta. –O que você pretende com isso?

-Apenas reestabelecer minha boa... Não, ótima... Minha ótima imagem. –revirei os olhos por seu egocentrismo. Ele devia acreditar que aquilo era o seu charme.

-Tudo bem, senhor ego descomunal. Mas eu vou tomar um banho primeiro.

-Concordo. –Ethan ironizou.

Eu sabia que estava cheirando a cachorro molhado, mas mesmo assim, pelo último comentário de Ethan, dei um chute rápido no mesmo que o fez parar a três metros de mim. Pensei que ele revidaria, mas apenas se levantou rindo e se aproximou novamente, para a caminhada.

Eu não queria passar quinze ou mais minutos andando com ele. Já bastava o passeio que acabara de aceitar. Então logo corri até a casa dos Cullen para tomar um bom banho.

Assim que saí do banheiro, já arrumada, levei minha mochila ao meu canto. Ao deixa-la ao lado do divã e me virar para trás, levei meu segundo curto susto do dia. Porém aquele não pude controlar, assim dando um rápido e abafado grito.

-Você poderia parar de fazer isso?! –questionei irritada a Ethan que sorria pelo que causara.

-Acho que não. –desafiador.

-Bom. Eu acho que você pode passear em perfeita sintonia com o seu ego. Então vão apenas você e ele.

-Não seria divertido e, além do mais, quem eu iria assustar? –Ethan já estava na pequena varanda do meu canto.

-Cervos se assustam facilmente. –fui irônica, enquanto deitava, praticamente me jogava, no divã, declarando minha desistência do passeio.

Em um momento vi Ethan revirar os olhos, depois levei minha visão ao teto. Quando olhei novamente na direção dele, ele estava agachado com uma perna, enquanto o joelho da outra também flexionada, se encostava ao chão. A proximidade de Ethan estava me incomodando, portanto retomei minha visão ao teto.

-Eu posso prometer não te assustar pelo resto do dia. –ele realmente estava negociando sustos por um passeio.

-Que proposta tentadora. –fui extremamente sarcástica para que ele me entendesse.

-Okay. Então eu posso te prometer te levar para um lugar que você nunca foi.

-Não gosto muito de cidades, Ethan.

-Não. Você não gosta é das pessoas, pela possibilidade de sugar o sangue delas. Mas não é um lugar urbano.

-Já vi todos os lugares naturais daqui. Não teria novida...

-Por Deus, senhorita Wheeler! Não seja tão pessimista! –cortou-me, o que me fez rapidamente olhar para ele. –Eu aposto que você não conheceu o lugar a que me refiro, ainda... E eu estou no ramo nômade há mais tempo.

Olhei nos olhos azuis acinzentados de Ethan, mais uma vez tentando ler seus pensamentos para ter uma ideia do local ao qual iríamos, mas não pude ver nada, de novo.

Reuni argumentos: Ethan realmente era nômade há mais tempo; eu conhecia o Olympic National Park há apenas um mês; eu tinha o desejo por novas aventuras; e, por fim, eu queria saber o motivo dos olhos de Ethan serem daquela cor diferenciada para nossa espécie.

-Tudo bem, senhor persistente.

Assim que concordei, Ethan sorriu e pela primeira vez observei seu sorriso natural, livre de quaisquer provocação ou egocentrismo, classificando-o como algo realmente belo. Fiquei o vendo por alguns segundos até perceber o que estava representando no momento. Levantei-me de imediato, indo rapidamente para a porta do sótão.

-Vou avisar Esme. Te vejo lá embaixo. –falei a Ethan, antes de sair do meu canto, tendo a impressão de ter ouvido uma curta e baixa risada. 

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