Where I Go?

A Coruja

No decorrer da noite soube que a tribo dos Quileutes, lobos transfigurados, vivia próxima dos Cullen, mas ambos os clãs tinham uma marcação de território e que, mesmo que os limites atualmente não fossem tratados com rigorosidade em relação a visitas, era importante não caçar no território deles.

Com minhas habilidades, descobri quem eram os integrantes da tribo Quileute e a posição de cada um deles. Não sabia muito sobre os envolvidos em si, pois apenas tinha a visão dos Cullen como referência. O único a qual sua personalidade pude ver melhor, era Jacob Black, principalmente através dos conhecimentos de Edward e Renesmee, e provavelmente também os de Bella, se eu conseguisse ler a mente da mesma.  Soube imediatamente sobre a relação de Nessie e Jacob.

Teve um momento em que Carlisle se aproximou de mim para perguntar-me se eu havia acidentalmente cruzado o território dos Quileutes, assim me informando sobre as demarcações, e eu respondi afirmativamente, logo pedindo desculpas pela minha falta de questionamento sobre onde me aventurar. Como o esperado, o doutor disse que eu não havia causado grandes problemas, por isso não tinha do que se desculpar. Mas me alertou que, já que eu estava no início do meu caminho vegetariano, eu deveria ficar o máximo possível distante deles. Matar ou transformar um humano era extremamente proibido. Eu aceitei tudo o que foi me dito e prometi meu esforço.

Por fim, declarei que a noite havia sido proveitosa. O único ponto de interrogação seria Bella, mas acabei descobrindo que a mesma, por vezes, liberava seus pensamentos para Edward. Então ele sabia de uma boa quantidade de coisas sobre ela. Coisas que ela já havia pensado. O que me permitiu ter conhecimento de alguns pensamentos que já rondaram a mente dela.

A noite se encerrou perto da uma hora da madrugada, pois Renesmee também dormia, mas por um tempo maior que o meu, o que a levava a dormir mais cedo que a mim.

Antes de Nessie e os pais saírem, depois de já terem se despedido de todos, conversando com Esme, eu percebi que a dúvida indesejada voltou aos pensamentos de Edward por um minuto, mas quando Bella falou com o mesmo, sua dúvida foi evaporada. “Pelos menos, por enquanto”.

Conversei mais meia hora com Esme. Agradeci primeiramente a Alice pela noite e depois a todos os outros. Logo eles me prometeram apoio.

Assim que estava em meu canto, fechei a porta e fui direto me “jogar” no divã. Meu dia havia se divergido em apresentações, aventuras, conhecimentos e arrependimento. Arrependimento por Edward saber que eu o conhecia quando ainda era humano.

-Preciso de um descanso.

Como meu tempo de sono era curto, acordei com o barulho de uma coruja que estava próxima a porta de vidro que deixara aberta, no galho de uma árvore. Levantei-me e caminhei até ao que servia como uma “mini varanda” para meu canto e sentei-me de pernas cruzadas, olhando para a lua cheia, entre as sombras dos galhos das árvores que balançavam com o vento. Senti a brisa suave tocar meu rosto, apreciando cada segundo. A coruja não saíra do galho próximo a minha porta. Por ao contrário, ela parecia me observar. Devia estar analisando cada movimento meu para não ser surpreendida.

-Parece comigo. –falei ao animal. –Porém, por vezes, ser surpreendido é algo inevitável.

Então viajei no tempo, em lembranças que nunca poderiam ser apagadas, nem o peso que elas traziam aos meus olhos cansados de lacrimejar. Mas é inevitável estar na presença daquele animal, sem se lembrar do tempo em que tudo parecia possível. Deixei uma lágrima correr sob minha bochecha direita, pois era o preço de recordar algo doce que foi perdido há décadas de sobrevivência.

O andar do piano parecia estar vazio, então fui até o mesmo, sentei-me no banquinho a frente dele, olhei detalhadamente cada tecla de marfim, mas não toquei. Mesmo que aquele andar parecesse vazio, eu sabia que o piano seria ouvido pela casa inteira, então decidi dar uma volta pelo terreno dos Cullen, pela escuridão da noite e suas maravilhas, tentando afastar as lembranças.