Sem Medo

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-Eu não acredito! Cadê a continuação desse livro?! –minha indignação para com um livro do Nicholas Sparks, era notória e audível.

-Me deixa adivinhar... Ele morreu. –Ethan se aproximou da cama e sentou-se ao meu lado.

-Já é o terceiro livro desse Sparks, com esse final! Comprovado. Ele é a reencarnação de William Shakespeare.

Ouvi a risada de Ethan, o que me deixou ainda mais irritada, e depois senti um beijo rápido em minha testa, o que levemente me acalmou.

-Você sabe que também fica linda irritada, não sabe? –eu realmente não conseguia mais ficar incomodada por muito tempo, perto dele.

Então comecei a sentir os beijos do vampiro de olhos azuis acinzentados, em minha pele. Eles começaram do meu ombro esquerdo até o canto de minha orelha direita. Logo o livro estava no chão, Ethan estava por cima de mim e trocávamos beijos ardentes. As minhas mãos embrenhavam-se nos cabelos curtos e lisos com cor de chocolate, do vampiro que colava cada vez mais seu forte corpo ao meu. As correntes elétricas que corriam por nós dois se fortificaram ao ponto que poderíamos eletrizar o mundo, se continuássemos. Em um momento de lucidez, quando senti as mãos frias de Ethan tocarem minha cintura por baixo da minha blusa, eu o afastei bruscamente, o empurrando de forma que ele tombasse ao meu lado, na cama. Então recuperei total clareza e dei um leve tapinha na testa de Ethan, que naquele momento me olhava com dúvida. Depois de um segundo, ele pareceu se lembrar do porquê da minha ação.

-Limites, Sr. Blackwell. –falei brincalhona, depois me levantei da cama e peguei o livro caído.

-Eu tento. –respondeu-me, sorrindo. –Mas devo admitir que é difícil.

-Deveras. –sorri de forma maliciosa e, antes que “caísse em tentação”, fui para a biblioteca.

Já faziam duas semanas e meia desde que havíamos nos beijado pela terceira vez, quando voltamos a conversar. E muitos outros se seguiram. Uns mais suaves, uns rápidos e outros mais quentes, como aquele último. Trocávamos carícias em diversos cantos daquele castelo. Por vezes eu estava caminhando e era puxada por Ethan, para algum lugar que não nos vissem, pois eu nunca me adaptara bem com demonstrações públicas de afeto. Contudo, sentia que isto também estava mudando em mim. Não. Não havíamos feito amor ainda. Por mais que Ethan se mostrava cada vez mais encantador e eu me aproximava cada vez mais dele, o querendo por perto em quase todos os momentos do dia e da noite, nós ainda estávamos na morada dos Volturi. Portanto, se fizéssemos isso naquele lugar, todos saberiam. E essa era uma das partes desagradáveis de ser um imortal: a força incontrolada do sexo, para nós, nos obriga a procurar lugares afastados para realizar tal ato de entrega. Em um ambiente pequeno, faríamos um belo estrago e barulhos deveras audíveis. E no dia seguinte isto seria constrangedor tanto para nós quanto para todos os Volturi. E além deste fato, meu lado humano desejava que a minha primeira vez com Ethan fosse, de certa forma, especial. Contudo, no fundo eu sabia que culpava diversas vezes o meu lado humano, por certos desejos meus. E eu estava começando a compreender aquilo.

Depois de devolver o livro, o qual eu detestara o final, fui diretamente ao jardim e lá, como de costume, encontrei Marcus Volturi. Porém, nas duas semanas que haviam se passado, ele não observara mais a fonte. Marcus conversava. E com muitas pessoas, principalmente com Jane e Alec. Quando, de dia, o soberano não estava no salão principal, sentado em seu trono, ele vinha para o jardim. Inicialmente admirava as belas verbenas vermelhas e logo Jane e seu irmão se aproximavam. Nos últimos dois dias ele até começou a rir com certas histórias que Alec contava. Este último, diferente da minha primeira impressão sobre o mesmo, era um jovem engraçado e simpático, quando queria.

-Quer juntar-se a nós, Srta. Wheeler? –questionou-me Marcus, sorrindo como em todas as vezes nas últimas duas semanas: verdadeiramente. O que me fazia sorrir também.

Jane a Alec se entreolharam seriamente, de forma rápida.

-Eu vou ir à biblioteca, eu acho. Vocês parecem estar se divertindo. Continuem. –falei meio constrangida. Eu queria ficar, mas ainda não havia nem um pouco de amizade construída entre mim e os gêmeos. Por este motivo, toda vez que os via juntos a Marcus, eu me afastava.

Então, de forma inesperada, Jane abriu um sorriso reconfortante em minha direção.

-Sem medo, Wheeler. –falou a irmã de Alec. –Meu irmão está contando algumas histórias hilárias que aconteceram aqui neste mesmo castelo. Ouvi dizer que gosta de histórias. Vai gostar das dele.

Não pude deixar de notar o olhar surpreso de Alec, mas ele logo o disfarçou. Claramente eu também estava perplexa, ainda que não tivesse demonstrado tal emoção.

Aceitando o convite da jovem vampira, sentei-me ao lado de Marcus. Quando levei minha visão a este último, ele me observava com satisfação e até podia dizer que com um pouco de orgulho. Eu também me mostrara orgulhosa do soberano que estava ao meu lado, em diversos momentos.



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