Egoísta Demais

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-O que quer? –perguntei ao "invasor".

-Você é adorável enquanto dorme, Srta.Wheeler. –a voz de Aro soou calma, como sempre, o que me irritava de forma frequente.

-Eu não estava dormindo e não é para isso que veio até aqui, estou certa?

-Certamente. –ao terminar de falar, Aro observou o quarto ao seu redor, como se estivesse à procura de palavras para continuar dialogando. –Este quarto é adorável, não acha?

-Meio escuro para mim.

-Talvez apreciasse mais tal decoração se fosse uma vampira por completo.

Não o respondi. Apenas continuei a observá-lo. Eu estava começando a ter uma teoria sobre os planos de Aro. Porém, não leria sua mente. Não queria. De novo não.

-Ora, eu nunca faria uma coisa dessas. –adivinhou meus pensamentos –Você é o que é. Uma híbrida. E, pelo que vi, gosta disso. Eu nunca mataria seu lado lobo contra sua vontade. Não precisa se preocupar, Anne. Não sou um monstro quanto aparento.

Permaneci em silêncio.

-Vim aqui avisar que tenho quase certeza absoluta de que não terá problemas em você ser liberada daqui a cinco a sete dias. Mas saiba que poderá ficar quanto tempo quiser, depois desse período.

-E quanto a Ethan? –esta pergunta me deixava vulnerável. Se Aro quisesse minha permanência naquele lugar, seu esforço seria apenas de deixar Ethan preso por mais tempo. Mas não pude evitar questionar.

-O caso do Sr. Blackwell é mais complexo. Ele pode ficar preso aqui durante meses ou até a eternidade.

Senti um nó em minha garganta quando pensei na possibilidade de deixar Ethan. Se eu o questionasse, provavelmente ele me pediria para que fosse, sem receios. Ele era bom e eu não merecia sua companhia, mas sabia que seria egoísta demais para deixa-lo.

-Contudo, podemos pensar em algo que o tire de sua pena, antes do previsto. Talvez você possa nos dar um motivo suficientemente bom para tirá-lo de lá, assim que for liberada. –quando terminou de falar, notei que seu olhar era ardiloso. Ele estava planejando algo, pois não era costume Aro Volturi ser amável, se não por uma boa razão, um bom plano, uma boa recompensa.

-E o que você ganha com isso? –perguntei depois de um curto período de silêncio.

O sorriso de satisfação de Aro, surgiu.

-Existe um vampiro muito forte que vaga por estes corredores, com uma ferida exposta. Uma que eu causei e de fato você deve saber disto. Eu o mantenho aqui por ser alguém em quem confio, sinceramente, e pela esperança dele voltar a ter a força do talento que tinha há séculos atrás.

-Marcus? –indaguei –O que exatamente você quer que eu faça?

-Não pude deixar de notar que Marcus tem certo apreço por você e Ethan. Percebi isto quando ele ofereceu seu manto para o jovem, quando você pediu. Mesmo que este pedido tenha sido de uma maneira grosseira, convenhamos.

-E?

-Dependendo do que você deseja melhorar em si, sua habilidade de aprimoramento permite que isto seja feito em pouco tempo. Tendo em vista que, soube quanto li seus pensamentos, você já havia aprimorado sua capacidade de fazer certos acontecimentos sumirem da mente dos outros...

-Você quer que eu o faça esquecer que perdeu o amor da vida dele?! –perguntei, extasiada. Aquilo era ruindade demais.

-É claro que não. Isto seria cruel. Como já lhe informei, não sou um monstro. O que quero é que, através de palavras, de diálogo, você convença Marcus a voltar para nós. Sabe como fazer as pessoas esquecerem-se da dor, apagando memórias. Agora peço que faça a dor de Marcus Volturi sumir, através de conversas. Ajude-o superar a perda... Temos um acordo, senhorita Anne Wheeler?

Where I Go?Onde histórias criam vida. Descubra agora