Justo

323 28 5
                                    

-Você já tinha pensado naquilo antes? No seu último argumento? –Ethan me perguntou assim que entramos no quarto novamente e ele fechou a porta.

-Uma vez, em algo parecido com aquilo. Acho que qualquer alternativa com a mínima possibilidade de expor os Cullen ou os Quileutes ao perigo, eu descartava logo no início. -assim que terminei de falar, sentei-me em uma das beiradas da cama. Ethan logo fez o mesmo, ao meu lado.

-Acho que Aro vai levar em consideração seu argumento. Ele pode ser ruim, mas não vai querer mais uma ameaça de guerra. Especialmente se você for uma querida pelos Cullen e Quileutes, ao mesmo tempo. E a farta e forte linha de amizades que os Cullen têm, pelo mundo.

-É... Talvez. Mas eu sei deste fato. O que está me preocupando, neste momento, é o seu julgamento.

-O meu? –pude localizar um leve sorriso no canto direito dos lábios de Ethan, mas preferi, ou pelo menos tentei, ignorá-lo.

-Duvido que Aro ceda a um engano de pensamentos da parte dele. Ainda mais quando mandou perseguirem e matarem você. E se ele determinar sua pena, irá persuadir os outros dois a concordarem, como sempre fez.

No caminho até o quarto de novo, eu tentei pensar nas decisões que tomaria se os Volturi condenassem Ethan à morte. No entanto minha análise sobre os fatos reais, iam em direção a algo nebuloso. Se o futuro fosse sem Ethan eu não teria nenhuma ideia de como seria, pela segunda vez em todos aqueles anos de sobrevivência. Minha mente entorpeceu quando tive consciência de quando foi que aquilo acontecera comigo, inicialmente.

-Não se preocupe comigo, Anne. Eu também sei das minhas possibilidades de julgamento. Sei que não são muito boas. Mas não estou preocupado.

“Mas eu estou” era o que eu iria falar, quando uma batida na porta do quarto em que estávamos me interrompeu e fez Ethan levantar-se.

Deveriam ser as roupas que Aro mandou entregar a Ethan, mas minha mente não ficou mais que um segundo neste fato. Meu amigo poderia ser morto em poucos minutos. Ethan, o homem que me vinha me ajudando a superar minha maior perda, poderia ser morto. Tentei me convencer de que ele era apenas útil, mas tinha a chance de ir embora para sempre em alguns instantes. “Não!”. Até que comecei a encarar a realidade. Ethan era mais que algo apenas necessário e eu tinha consciência disto. E iria perdê-lo? “Não. De novo não.”

-Você precisa ir. –inicialmente minha voz saiu quase sussurrada.

-Como? -Ethan havia fechado a porta e já se vestia no banheiro. Mas isto demorou poucos segundos e ele logo apareceu novamente no quarto, lançando um olhar de dúvida para mim.

Tomei fôlego para manter as palavras fortes enquanto as pronunciava.

-Você precisa ir. Fugir. Agora... Ethan, você precisar fugir agora.

-Eu não...

-Você vai sim a algum lugar e vai ser para longe daqui. Preste atenção. Aro não é tão bom. Você mesmo falou que suas chances eram poucas. A questão é que você pode sair deste lugar sem ser visto e é exatamente você quem precisa ir agora. Então vá.

-Não.

-Ethan sai...

-Já disse que não! –o tom de voz daquelas palavras me surpreendeu, assim me silenciando. Ele logo recuperou a calma, enquanto começara a caminhar pelo quarto –Não é só por você, então não considere o que acontecer comigo como sua culpa, por favor. Também não quero viver fugindo deles... Eu acho que sou um enorme hipócrita. Quer dizer... Olha tudo o que eu falei para você sobre seguir em frente e eu vivo fugindo dos Volturi, por algo que eu não devo a eles. Eu não os traí! Nunca nem cheguei perto de ter cumprimentado uma humana, na minha imortalidade inteira. Eu estou cansado de fugir por algo que não fiz... Na verdade sim, considere como culpa totalmente sua, porque foi por você que eu mudei.

Where I Go?Onde histórias criam vida. Descubra agora