Where I Go?

O que Você Acha

“-Como você está?”

“-Com sede.” Respondeu-me Ethan. Estávamos conversando em seus pensamentos novamente, depois de eu já ter recuperado minhas forças. “Mas de resto estou bem. Tem um cara aqui que cometeu o mesmo crime que o meu”. Soltou uma breve risada pela ironia, antes de continuar. “Conversamos bastante.”

“-Que bom que fez amizades.”

“-Ele vai ser aniquilado amanhã, ao meio-dia, pelo que parece. Acontece que, na verdade, a mulher pra quem esse cara revelou sua imortalidade, contou para todo o vilarejo que ele era um vampiro. E as pessoas que moravam lá eram muito supersticiosas.”

“-Isso parece horrível.” Fui sincera.

“-É mesmo... Me fale o que anda fazendo aí em cima? Está sendo muito tedioso?”

“-Deveras, às vezes. Mas tenho explorado muito este lugar. Minha sorte é que ele é bem grande.”

“-É mesmo.” E novamente ouvi uma breve risada, por seus pensamentos.

Fiquei por um curto período em silêncio, analisando minha próxima fala, antes de assim dizê-la a Ethan.

“-Quero tirar você daí o quanto antes possível.”

“-O que está planejando, Srta. Wheeler? Não quero que se prejudique.”

“-Aro veio falar comigo há dois dias. Ele falou que provavelmente vou ser liberada daqui a mais ou menos uma semana e que pode fazer um esforço de te liberar neste tempo, também.”

“-A troco de que?”

“-Eu teria que ajudar Marcus Volturi a superar a perda dele e assim ele voltaria a ter a força que tinha.”

“-Você não está falando sério!” Desta vez ouvi Ethan gargalhar, mas logo parou quando não respondi. “Está falando sério?!”

“-É o jeito. E obrigada pela sua risada estimulante. Você realmente me ajudou.” Fui irônica.

“-Me desculpe... Mesmo. Mas, Anne, isso é praticamente impossível.”

“-Não foi o que você pensou sobre mim. O que foi? Minha perda não era tão forte quanto à dele? Isso realmente importa?”

“-Não, Anne. Não é isso... A questão é que eu sei o quanto foi difícil para você e, realmente, você acha que está preparada para fazer alguém superar a perda?”

“-Você acha que não?”

“-Não é o que eu acho. É o que você acha.”

Analisei as palavras do vampiro, por alguns instantes antes de respondê-lo.

“-Eu não sei, Ethan... Talvez eu possa... Talvez nós possamos superar, juntos. Um aprendendo com o outro.”

“-Ei! Esse é o meu papel. Mesmo que eu não tenha passado por algo do tipo, eu ainda aprendo muito com você.”

Eu ri e fiz com que ele ouvisse minha risada.

“-Eu sei, mas...”

“-Mas isto é diferente. Você precisa me ajudar.” Completou minha fala. “Por favor, só tome cuidado Anne. Os sentimentos de Marcus podem te ajudar, tanto quanto podem piorar sua visão sobre a perda. E não importa o que aconteça, eu vou estar aqui, abrindo minha mente para conversarmos por ela.”

“Eu sei... Obrigada.” Quando percebi, já estava sorrindo. “Ethan.”

“-Oi?”

“-Sua companhia, mesmo que mentalmente, é deveras agradável para mim.” Revelei, ainda que meus medos passados houvessem lutado contra isto.

“-Eu sei... Mas ouvir é ainda melhor.”