Rafe
- ESTOU CANSADO DE RESOLVER OS PROBLEMAS QUE VOCÊ CAUSA. — Meu pai grita pela terceira vez só essa noite.
Estou desesperado. Passei o dia na empresa tentando subir as taxas, aumentar os gráficos mas nem eu me esforçando pra ajudá-lo no mínimo que seja e fazendo de tudo pra chamar sua atenção ainda assim não sou reconhecido.
- Eu, pai; Rafe... Tentei salvar você. — Mal consigo falar porque as lágrimas já estão escorrendo sem que eu perceba e meu peito está tão apertado ao ponto de não conseguir respirar.
- VOCÊ ME SALVOU? — Ele grita mais uma vez com um sorriso irônico.
- RAFE... VOCÊ FODEO TODOS NÓS. — Ele mal termina de gritar e seu punho fechado socam o lado esquerdo do meu maxilar.
- ESTOU CANSADO DA SUA VOZ, CANSADO DO SEU ROSTO, CANSADO DAS SUAS ESCOLHAS, CANSADO DE VOCÊ E DE TER QUE FICAR O TEMPO INTEIRO CONTROLANDO CADA PASSO SEU PRA VOCÊ NÃO FODER COM A NOSSA FAMÍLIA, DE NOVO. — Ele esbraveja.
- A NOSSA FAMÍLIA ESTÁ BEM, VOCÊ SEMPRE SE ENCARREGOU DISSO MESMO QUE PRECISASSE PASSAR POR CIMA DE QUEM QUER QUE FOSSE MAS e se eu não estiver bem, pai?— Minha voz vai diminuindo aos poucos e sai tão baixa quanto trêmula.
- Filho, você está bem.; Ok? Você está bem. — Ele se agacha até mim e segura meu rosto com as duas mãos.
- Você não pode me arrumais mais esse problema, Rafe. Precisa me mostrar pelo menos uma vez na vida de que não é um fracassado e consegue ser e permanecer bem; ouviu? — Ele fala olhando dentro dos meus olhos e se certificando de que entendi o que ele disse.
Não preciso responder porque o mesmo já levantou e subiu as escadas em direção ao quarto me deixando sozinho, largado no chão, completamente destruído e quebrado enquanto choro descontroladamente ao mesmo tempo que sinto meu coração se partindo dentro de mim.☼
Preciso fazer muito esforço para conseguir levantar e cambalear até o quarto da única pessoa que quero ver agora.
- Linda... — Tento falar mas não consigo porque um soluço me escapa.
Dou três batidas na porta e continuo tentando acorda-la.
- Linda, me deixa entrar. Por favor. — Não consigo dizer mais nada, já estou soluçando e chorando alto de novo mas antes que eu possa fazer algo a porta do quarto se abre e s/n agarra meus ombros e me aperta pra perto de si.
Meus olhos ardem, minhas mãos tremem descontroladamente na mesma frequência que meus ombros e minha garganta está mais seca do que areia.
S/n está na ponta dos pés para tentar abraçar todo o meu corpo e me guia em direção a sua cama.
Por ser de solteiro, assim que deito tomo mais da metade da cama mas ainda assim ela deita-se atrás de mim e me abraça, proporcionando a posição de que eu seja a "conchinha menor".
Seu travesseiro tem o cheirinho dela. Doce e feminino, uma fragrância relaxante que diminui um pouco da tensão acumulada no meu peito.
- O que aconteceu, Rafe? Fala comigo, me conta o que ele fez com você.— S/n pede carinhosamente enquanto acaricia meu rosto e enxuga minhas lágrimas.
- Posso apenas ficar com você? — Falo em meio às lágrimas tão baixinho que soa como um sussurro.
- Por favor... — Continuo implorando e s/n me aperta mais forte ao ver que já estou desabando de chorar de novo.
- Eu preciso ficar aqui, porque... — Quase não consigo terminar de falar por causa do choro.
- Porque você me faz sentir como se meus problemas não existissem...— Sussurro tão baixo pra que s/n não escute mas sei que ouviu porque involuntariamente deposita um beijo em minha bochecha e descansa a cabeça em meu pescoço não deixando de me soltar nem por um segundo.
Não sei por quanto tempo ficamos assim em silêncio, apenas sentindo a presença um do outro mas é o suficiente para a dor em meu peito se dissipar e eu conseguir está leve de novo.
- Podemos terminar de ver o filme? — Pergunto com receio de que s/n já esteja dormindo porque só consigo sentir sua respiração sob minha pele mas nenhum sinal de que está acordada.
Retirando minhas teorias, S/n pega o laptop e dá play no filme, mas quando tenta colocar o computador entre nós, eu o passo para meu colo, para que não haja nenhuma barreira a impedindo de se aninhar ao meu lado.
Adoro abraçar s/n, brincar com seu cabelo e me abaixar para fazer algum comentário sobre o filme em seu ouvido sempre que estamos assistindo algum juntos.
O tratamento e carinho que recebo e o quão bem e confortável me sinto ao seu lado é uma sensação incrível que nunca senti na vida.
Saber que tenho alguém que acordou de madrugada e me acolheu como uma criancinha que acabou de ter pesadelo é um ato de amor que ninguém nunca fez por mim antes.
A sua risada ecoando pelo quarto, suas covinhas se formando é tudo que preciso pra conseguir voltar a ter nem que seja o mínimo de humanidade dentro de mim.
O filme já acabou assim como as energias de s/n que está dormindo em meu peito.
Fecho o notebook e deixo em cima da bancada. Levanto cuidadosamente para não acorda-la, pego o lençol da cama e a cubro carinhosamente para que não sinta frio enquanto dorme. Me agacho ao seu lado e tiro os cabelos de cima do seu rosto, me inclino e deposito um beijo leve em sua bochecha.
- Obrigada por ser você. — Digo mesmo sabendo que s/n talvez nunca saiba que eu disse isso e me retiro do quarto silenciosamente para não desperta-lá.
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Accident- Rafe Cameron
FanfictionApós conseguir vaga na universidade, S/N Heyward se muda para Outer Banks para cursar seu tão esperado curso de jornalismo. Em busca de melhores condições de vida e sua estabilidade financeira, aceita o emprego de cozinheira na mansão dos Cameron'...