Rafe
- Você está indo muito bem, linda — Tento apoia-la mas ver a situação tem sido realmente desconfortável.
Os berros e choro de S/N é realmente de dá pena a qualquer um.
Já tínhamos sido avisados sobre a sensibilidade e complicações na primeira amamentação mas nem nos meus piores pesadelos imaginei algo assim.
- Acho que ela dormiu... — S/n fala baixinho para não acordar Emma.
Levanto e cuidadosamente deito a bebê de volta no berço e deposito de leve um beijo calmo em suas bochechinhas macias para não acorda-la.
- Me ajuda à ir ao banheiro? — A voz rouca de S/N chama minha atenção.
- Precisa pedir? — Falo sorrindo no canto da boca.
A levanto atenciosamente da cama, prestando atenção em cada detalhe para não machucar a minha pós operada.
A andada da cama até o banheiro é motivo de muitos gritos de dor e reclamações e sinto meu peito apertar de pena.
- Queria transferir metade dessa dor pra mim, princesa. — Falo arrastando s/n mais um pouquinho pra frente.
- Vamos lá linda, falta só mais um pouquinho. — Incentivo e vejo-a dando mais dois passinhos para frente, chegando finalmente ao banheiro.
Tiro sua roupa delicadamente e prendo seus cabelos em um coque frouxo.
- Você vai tomar banho? — Pergunto e s/n nega com a cabeça de tão fraca que mal consegue falar.
Passo uma toalha molhada em seu corpo apenas para limpar as cicatrizes e a visto novamente.
- Que banhozinho de gato hein, minha gata. — Tento brincar com ela mas s/n apenas sorrir fraco pra mim.
Entendo perfeitamente seu cansaço e justamente por isso a carrego de volta até a cama e a poupo de ter que andar.
- Amanhã é sem moleza, viu? Vai caminhar o corredor inteiro. — Falo acariciando seu rosto e deitando ao seu lado.- Pensei que tivesse te perdido. — Sussurro em seu ouvido, fazendo cafuné em seus cabelos e os olhinhos de S/N batem de sono.
- E eu aposto que você chorou de saudades. — Ela sorri fraco e vira-se pra mim.
- Não me lembro mais de como era a minha vida sem você, sabia? — Encosto nossas testas e roço meu nariz no dela.
- Ah eu posso ir embora já que você quer voltar aos velhos tempos... — Ela fala e seu sorrisinho aumenta um pouco mais.
- Deixando a Emma comigo... — Falo sorrindo também e nossos lábios se encostam aos poucos.
- Safado! — S/N bate em meu braço mas não para de sorrir.
- Acha que se eu fosse embora deixaria ela com um aloprado igual a você? — Ela fala e aperta meu nariz.
- Minha psicóloga vai saber disso, hein. — Respondo e sua gargalhada alta ecoa pelo quarto.
- Vai acordar ela, porra. — Falo tapando seus lábios e gargalho tanto quanto.
- Será que ela vai ter crise alérgica com esse tanto de urso e balões espalhados pelo quarto? — S/N pergunta olhando em volta.
- A gente devia tirar né, jogar fora... - Provoco.
- Eu sei que você gosta dos Pogues, você é praticamente um...
- Não repita isso nunca mais. — Falo sério mas não demora muito e já estamos sorrindo um pro outro.
☼
*Quebra de tempo*
S/NA semana inteira foi repleta de visitações, risos, presentes e noites sem dormir.
Emma está com os horários completamente desregulados, fazendo com que precisemos fazer rodízio de sono como se estivéssemos no exército.
Rafe nunca respeita os horários, sempre acaba deixando com que eu durma mais do que ele e acaba virando noites passeando com a pequena pelo quarto.
Todos os dias os Pogues passavam a tarde e pelo menos um deles dormiam
comigo em dias alternados.
A minha filha tem apenas uma semana de vida e tenho certeza que tem mais roupas do que eu porque Sarah, todos os dias, trás uma sacola diferente.
- Tcharã — John B aparece carregando Emma pelo quarto.
- Quer parar de levantar minha filha como se ela fosse o Simba? — Rafe fala estressado.
- Meu Deus essa criança saiu de uma revista da Gucci? Que coisa linda, tia. — Kie pega Emma no colo e distribui beijos em sua bochechinha.
- Para porra, vai dá sapinho. — JJ fala estressado e toma a bebê da mão de Kie.
- JJ!!! — S/A grita repreendendo o namorado.
- E a mamãe? Já tá pronta? — Gabi pergunta olhando pra mim.
- Prontíssima. — Falo sorrindo de orelha a orelha, ansiosa para sair logo do hospital.
Levanto da cama com mais facilidade do que as outras vezes e assino a alta que a enfermeira trouxe pra mim.
- Posso? — Pergunto a JJ, apontando para Emma.
- Nossa, claro. Desculpa. — Ele fala completamente envergonhado.
- Tudo bem, JJ. — Falo sorrindo enquanto acolho a pequena em meus braços.
- É nossa. — Falo e o sorriso de JJ vai de orelha a orelha e batemos nossas mãos em um toque amigável.
- Trazer a paciente dentre 48h para realizarmos o teste do pezinho, amamentação regular podendo variar entre a mamadeira ou diretamente do peito, evitar alimentos ricos em cafeína para evitarmos cólicas e não atacar a nossa pequena que é doida pra ter refluxo, né Emma? — A enfermeira brinca com a orelhinha da minha filha.
- Os brinquinhos ficaram ótimos. — Ela elogia.
- Obrigada. — Sarah responde orgulhosa.
- Papai e mamães, desejo toda felicidade, sorte e sabedoria a vocês. Já estou com saudade da gritaria que essa família enorme trouxe ao hospital mas infelizmente já é hora de dá tchau.
Abraço Raquel, nossa enfermeira que nem por um segundo deixou a gente na mão e sinto meus olhos lacrimejarem.
- Obrigada. — Falo baixo em seu ouvido e ela me aperta um pouco mais forte para não amassar Emma em meus braços.
- Você ainda vai ser muito feliz, tenha certeza disso. — Ela acaricia de leve meus cabelos.
- Ai gente, eu vou chorar. Chega pra fora todo mundo. — Ela ordena brincando e todos nós saímos rindo do quarto.Estou no saguão esperando Rafe ir pegar o carro, andando de um lado para o outro balançando Emma para que ela não durma em meus braços.
- Abandonaram mesmo a Kombi, né? Metidos. — John brinca.
- John, agora eu sou responsável e minha filha precisa ir na cadeirinha. — Respondo em tom de brincadeira também.
- A gente pode ir pra sua casa? — Sarah pergunta entrelaçando as mãos com as do namorado.
- Claro. Quem cuidou do Mike essa noite? — Pergunto.
- Nós. — Gabi e Kie respondem na mesma hora e todos olham confusos.
- Eu. Eu cuidei. — Kiara responde de imediato.
- Ok. Vamos? Tô com saudades de cozinhar. — Falo mudando rapidamente o assunto.
- E eu de comer da sua comida. — Sarah fala e me dá um beijo na bochecha.
A buzina alta do carro de Rafe ecoa pela portaria e chama atenção de todos.
- Rafe cadê a cadeirinha??? — Pergunto assustada apoiada na janela do carro.
- Então... — Rafe começa a falar.
- Muito responsável, hein. — John B brinca dando um tapa na minha nuca e eu levanto o dedo do meio pra ele.
- Entra, linda. Eu prometo que coloco depois.
- Pelo menos você não veio de moto né, idiota. — Falo entrando estressada no carro.
Rafe dá partida e como de costume descansa a palma da mão em minha coxa, deslizando a outra pelo volante.
- Linda do pai. — Rafe se estica e acaricia seu nariz com o de Emma quando o trânsito fica lento.
- Sabe qual o nome disso? — Pergunto.
- O que?
- Bichinho. — Respondo
- É quando você esfrega seu nariz com o de outra pessoa, assim. — Esfrego o meu com o dele e sorrimos um pro outro.
- Você é muito boba, sério.
- E você gosta.
- Ô se gosto. — Rafe fala e sorri divertidamente.
- PUTA QUE PARIU. — Rafe sussurra eufórico do nada.
- O que foi? — Pergunto assustada.
- Não se mexe, não faz movimento brusco, não fala alto, não faz absolutamente nada. Por favor. — Rafe continua sussurrando e eu fico cada vez mais preocupada.
- O que foi, porra?
- Emma... — Rafe tenta falar mas está quase sem ar.
Olho pra baixo e vejo o que tanto desestruturou meu namorado.- Isso porque "nem fodendo" íamos ficar idiotas, né? — Provoco.
- Eu só não vou levantar o dedo do meio porque não quero bater o carro nem muito menos atrapalhar meu momento com minha filha. — Rafe brinca e gargalho tão alto quanto eu que preciso tapar de leve os ouvidinhos de Emma.
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Accident- Rafe Cameron
أدب الهواةApós conseguir vaga na universidade, S/N Heyward se muda para Outer Banks para cursar seu tão esperado curso de jornalismo. Em busca de melhores condições de vida e sua estabilidade financeira, aceita o emprego de cozinheira na mansão dos Cameron'...