S/N
- Ai meu deus um filho!?!?!? — Grito de tão emocionada com a notícia.
- Meus parabéns!!! — Levanto para abraçar JJ e s/a e todos os outros pogues se juntam para nos concentramos em um único abraço.
Sinto as lágrimas de s/a escorrerem pelos meus ombros e aliso de leve a sua barriguinha de gestante.
- Meus parabéns, amiga. Vocês merecem tanto. — Falo olhando em seus olhos.
- Você sabe como foi difícil... — Ela fala soluçando.
- Eu sei, meu amor. Dessa vez vai dá tudo certo, viu? — Falo acariciando suas bochechas para secar suas lágrimas.
- Ô minha gente, é muita emoção pra um coração só. — Sarah fala secando as lágrimas.
- Será que chegou a minha hora de ser a madrinha, meu Deus? É o meu momento de brilhar? — Kie fala brincando.
- Tecnicamente, lindinha. Eu também sou a tia oficial dessa criança. — Sarah provoca.
- Pelo amor de Deus, Sarah. — Kie levanta o dedo do meio e fecha a cara.
- Ok meninas, vamos com calma né? — JJ aparece para apaziguar a situação.
- Um bebê hein, JJ. — Falo dando um tapa em seu braço.
- O meu bebê, s/n. Dá pra acreditar? — JJ fala sorrindo de orelha a orelha e me carrega para rodar comigo em seus braços.
- Isso quer dizer que não vou ser mais a sua garotinha? — A vozinha de Emma ecoa triste do nosso lado.
- Não princesa, isso quer dizer que agora você tem um priminho, ou uma priminha. — JJ se agacha para ficar na mesma altura que a pequena.
- Mas sabe isso aqui? — JJ posiciona as mãozinhas de Emma em seu coração.
- Uma parte do meu coração é exclusivamente sua, ouviu? — JJ seca as lágrimas de Emma e a carrega em seus braços.
- Hoje vamos assistir aquele torneio de surf que começamos semana passada? — JJ tenta fazê-la sorrir e seus lábios se curvam de leve.
- A gente pode fazer aquele x-não sei das quantas que você me ensinou... — JJ tenta cada vez mais.
- Ou então explorar a titia na cozinha e obrigá-la a fazer brownie pra gente, o que acha? — JJ toca no ponto fraco e o sorriso de Emma vai de orelha a orelha.
- Fechado. — Emma deposita um beijo na sua bochecha e esfrega o nariz no de JJ.
- Por que ela gosta tanto de fazer isso? — JJ pergunta.
- Não sei, Rafe que ensinou. — Respondo.
- Acha que meu filho também vai ter detalhes tão nítidos meus? — JJ pergunta inseguro.
- Acho que seu filho vai ser a criança mais sortuda do mundo se for 1/3 do homem que você é, JJ. — Falo olhando em seus olhos e vejo os mesmos marejarem.
- Venho buscar ela amanhã antes do almoço, tá? Divirtam-se.
- Tchau, minha filha. — Dou um beijo nas suas bochechinhas e acaricio seus cabelos.
- Não esqueça de escovar os dentes antes de dormir, agradecer a papai do céu pelo dia de hoje e dormir de luz apagada, tá bom?
- Qualquer coisa mamãe tá a duas quadras daqui e vem te buscar, ouviu? Te amo. — Dou um beijinho no topo da sua testa e acaricio seu rostinho com o meu.
- Te amo, mamãe. — Ela responde sorrindo mas já com a vozinha de choro.
- Tudo bem, filha. A mamãe volta. É o tio J, esqueceu? — Seco as pequenas lagrimas que escorreram de seus olhinhos.
Emma tem dificuldade de desapego e medo do abandono. Sempre que vamos deixá-la em algum lugar, seja na aula de balé, escola, parquinhos, casa de conhecidos, a nossa pequena sempre chora.
Todas as vezes seus olhinhos de súplica imploram por "eu quero ficar mas quero que vocês fiquem também" e meu peito fica todo apertado.
Quero protegê-la de tudo, evitar qualquer mínima frustração mas não posso. Emma precisa aprender que nem sempre vamos está aqui e que ela precisa se familiarizar.
- Quando vocês saírem por aquela porta não dou 5min para ela esquecer que está triste. — JJ sussurra pra mim e eu sorrio em resposta.Saio de perto quando noto que a pequena já se concentrou em alguma outra coisa para evitar choros desnecessários.
- Vamos? — Falo pegando minha bolsa e chamando atenção de Rafe.
- Será que no mínimo eu posso me despedir da minha filha? — Rafe fala rígido e reviro os olhos em resposta.
- Vou te esperar no carro. — Falo pegando as chaves no bolso do seu paletó e caminho em direção a porta.
Me despeço de cada um para não acabar saindo a francesa depois do jantar excepcional que s/a fez para todos nós e sento no banco de passageiro à espera de Rafe.
Ligo o som do caro e batuco de leve o banco para poder relaxar até que o estrondo da porta se chocando ao meu lado chama minha atenção.
- Desse jeito vai quebrar. — Chamo sua atenção mas Rafe nem ao menos olha na minha direção.
- Foi comprado com o meu dinheiro, né? — Rafe fala rispidamente ao mesmo tempo em que arranca o carro.
- Seu dinheiro? Muito bom. Não sabíamos que a partir de hoje tínhamos essa divisão de meu e seu. — Falo tão ríspida quanto.
- Não que você tenha muita coisa pra está esbanjando. — Rafe fala grosseiro o suficiente para me despedaçar por dentro.
- Desculpa, linda. Eu... — Ele tenta reverter o que disse.
- Falou exatamente o que pensa mas que omite pra si mesmo todos os dias. Não estou surpresa, Rafe; Não estou nem um pouco. — O corto antes que ele possa terminar sua fala.
- Então é isso que você pensa sobre mim? Que minto pra você todos dias quando a incentivo mesmo que seja pra continuar trabalhando naquela espelunca? — Rafe se descontrola e desvia o carro na pista oposta.
- AQUELA ESPELUNCA É O MEU TRABALHO, SEU FILHO DA PUTA. NÃO QUE VOCÊ SAIBA O QUE É ISSO PORQUE VOCÊ NÃO PASSA DE UM EGOÍSTA, VAZIO E SUPÉRFLUO QUE NUNCA PRECISOU AO MÍNIMO DISTRIBUIR UM CURRÍCULO POR CAUSA DE UMA MERDA DE SOBRENOME. — Grito já tão estressada quanto Rafe e me arrependo assim que as palavras saem da minha boca.
A freada do carro faz com que eu feche meus olhos bruscamente e meu coração se fecha com medo de que tenhamos sofrido algum acidente, mas não.
O carro está parado na porta da nossa casa e agradeço mentalmente ao universo por termos chegado vivos.
Salto do carro no mesmo instante e bato a porta com força do mesmo jeito que Rafe fez quando entrou.
- Espero que tenha quebrado. Não que isso seja um problema, você tem dinheiro pro conserto. A digna de pena, sou eu. — Falo me afastando do carro e pisando firme até em casa.Mal entro no banheiro e não consigo me segurar mais, as lágrimas escorrem pelo meu rosto descontroladamente.
Então é assim que acaba? Depois de alguns anos, os problemas surgem, as diferenças falam mais alto e o egoísmo vence a guerra?
Sei que estou trabalhando em um lugar inferior ao meu nível de conhecimento mas se é o único que me aceita, o que me resta?
Viver as sombras de um marido que nem ao menos é o meu marido e depender do seu dinheiro para tudo?
Eu vir para Outer Banks em busca da minha estabilidade e independência financeira.
Não preciso de Rafe, não preciso da porra do seu dinheiro nem muito menos do seu sobrenome sujo.
Eu sou independente, sempre fui. É óbvio que o estilo de vida que damos pra Emma é com certeza melhor porque estamos juntos do que o que eu daria se fosse mãe solo, mas nem por isso vou permitir que Rafe se ache no direito de diminuir meu estágio na área jornalística e meu cargo de cozinheira no restaurante bistrô da nossa vizinha.
Me concentro em tomar banho para afastar os pensamentos e dissipar a raiva em meu peito mas assim que abro a porta para sair do banheiro Rafe já está encostado nela.
Dou espaço para que ele passe e quando seu corpo forte aperta os meus para adentrar o banheiro meu corpo inteiro se enrijece.
Os cabelos estão caídos nos olhos e seu semblante é completamente rígido e sério me fazendo lembrar do porquê estamos nesse climão.
A porta da suíte se fecha, me deixando em um quarto escuro completamente sozinha.
Ascendo as luzes e me visto rapidamente para está dormindo quando Rafe sair do banheiro e evitar ainda mais discussões.Uns vinte minutos depois, quando estou quase pegando no sono as luzes se ascendem novamente, me fazendo despertar.
Abro vagarosamente os olhos e me deparo com as costas nuas e definidas de Rafe procurando algo no guarda roupa.
Está vestindo uma calça de moletom cinza que ressalta cada vez mais a sua bunda e os cabelos loiros despenteados brilham por causa da luz.
Porque esse homem tinha que ser tão gostoso e ao mesmo tempo tão bruto.
- Sei que não está dormindo. — Rafe começa a falar e meu corpo todo contrai ao ouvir.
- E caso esteja, você vai acordar. — Ele vira-se pra mim e fecho rapidamente os olhos.
- Você faz idéia de que dei adeus a "merda do meu sobrenome" por sua causa? Você tem noção de tudo o que deixei pra trás por você, pela nossa família? — As palavras saem de sua boca facas em minha direção e a raiva se instala novamente em meu peito.
- Você abriu mão de muitas coisas, Rafe? E TUDO O QUE EU FIZ? E QUANDO EU FIQUEI EM CASA, ATRASEI TODO O MEU SEMESTRE NA FACULDADE PRA CUIDAR DA EMMA PRA QUE VOCÊ PUDESSE SEGUIR A SUA VIDA. — Extrapolo, gritando com Rafe enquanto as lágrimas escorrem novamente pelos meus olhos.
- E POR ISSO "TUDO" O QUE VOCÊ FEZ ANULAM AS COISAS QUE EU FIZ POR NÓS? — Rafe grita novamente, pressionando o peito.
- PORQUE TUDO O QUE VOCÊ MAIS GOSTA DE FAZER É DIMINUIR OS MEUS MÉRITOS, NÃO É? AS MINHAS IMPOSIÇÕES COMO PAI, OS MEUS GOSTOS, AS MINHAS DECISÕES. — Rafe continua.
- ACHA QUE NÃO VI HOJE MAIS CEDO? ELA PERGUNTOU A VOCÊ SE PODIA DORMIR LÁ.
- PORQUE É SEMPRE VOCÊ. É SEMPRE AS SUAS ESCOLHAS E TUDO, ABSOLUTAMENTE TUDO, TEM QUE SER DO SEU JEITO.
- EMMA FAZ AULA DE NATAÇÃO? NÃO. PORQUE VOCÊ QUER QUE ELA FAÇA BALÉ. — Rafe levanta o dedo na minha direção e continua disparando as palavras sem parar nem para respirar.
- TOPPER NÃO PÔDE SER O PADRINHO PORQUE VOCÊ NÃO QUIS, PORQUE VOCÊ ESCOLHEU SOZINHA QUE SERIA O JJ.
- EMMA FAZ CULINÁRIA DUAS VEZES NA SEMANA APESAR DE EU ACHAR QUE SÓ UM DIA BASTA, MAS VOCÊ NÃO MUDA A ROTINA DELA PORQUE DECIDE TUDO DO SEU JEITO, DA FORMA COMO VOCÊ QUER.
- E EU BANCO ESSA FAMÍLIA, S/N. EU BANCO ESSA FAMÍLIA PRATICAMENTE SOZINHO...
- CHEGA. — Grito mais alto que Rafe e o mesmo cala a boca de imediato.
- Você não vai ficar aqui jogando na minha cara um dinheiro QUE EU NUNCA TE PEDI. — Falo chorando de raiva, vibrando de ódio.
- Porque você sabe, Rafe. Eu nunca fiz questão de um centavo seu.
- Muito pelo contrário. EU ZEREI A MINHA CONTA DO BANCO, QUANDO VOCÊ NÃO TINHA NADA.
- EU FIZ DE VOCÊ O HOMEM QUE VOCÊ É HOJE, ACHA QUE A PORRA DO SEU DINHEIRO COMPRA ISSO?.
- Vai embora, Rafe. Volta pra sua vida vazia de antes, porque se está aqui é tão sufocante como você fez parecer, eu prefiro que você vá embora. — Termino de falar e preciso sentar na cama porque minha pressão caiu completamente.
Minha visão está turva e embaçada, mas ainda assim consigo enxergar muito bem quando Rafe realmente me dá as costas e vai embora sem nem ao menos olhar para trás.
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Accident- Rafe Cameron
FanfictionApós conseguir vaga na universidade, S/N Heyward se muda para Outer Banks para cursar seu tão esperado curso de jornalismo. Em busca de melhores condições de vida e sua estabilidade financeira, aceita o emprego de cozinheira na mansão dos Cameron'...