Accident- Rafe Cameron

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S/N

  São 03:50 da manhã quando desperto do sono que estou tirando com Rafe. Meus horários estão completamente descontrolados por conta da gravidez o que faz metade do meu dia ser sonolência e a outra parte sono também.
- Merda. — Falo baixinho me lembrando de que não enviei uma mensagem pra JJ.
Sei que não está mais lá fora me esperando mas devo no mínimo um pedido de desculpas.

  Não estou esperando uma resposta imediata, até porque são quase 04h da manhã mas aproveito e checo as minhas outras mensagens que recebi hoje.
  Não tem muitas; Apenas uma da minha tia perguntando como estou e como está a faculdade e outras milhares da minha irmã Gabi contando sobre seu dia e as maluquices da nossa antiga vizinha Joana e os seus nove gatos.
  Um aperto no peito se instala e me dou conta de que ainda não contei para minha família e sinceramente não faço a mínima idéia de como contar.
  Estou com medo de suas reações, da desaprovação e do pior sentimento que se pode desejar a uma família: o desgosto.
  Quase como lendo meus pensamentos, o chat da Gabi notifica que ela está online e não penso nem duas vezes para discar seu número.

*Chamada de voz, Gabi*.

- Oi pequena, atrapalho? — Falo com a voz grogue de sono e pelo receio.
- Oi mana, nem um pouco. Adivinha o que estou fazendo? — Ela fala tão empolgada e mesmo do outro lado do mundo sei que está sorrindo.
- Assistindo caso criminal com um pote de sorvete? — Tento acertar.
- Quase, errou só porque estou com uma panela de brigadeiro. — Ela responde e dessa vez consigo escutar o som da sua risada.
- Gabi... — Falo baixo pensando ainda no que vou dizer.
- Eu já sei. — Ela diz mais baixo ainda.
- Sabe? — Me certifico.
- Os pais do Pope telefonaram... — Ela fala e consigo ver a ponta de choro em sua voz.
- O papai, você sabe... Não vale a pena. A mamãe eu acho que ela nem se deu conta, me deu a notícia como se não fosse nada. — Ela fala e agora sua voz está trêmula demais e sei que está se segurando para não chorar.
- Tudo bem, Gabi. Você pode chorar.
- Tudo bem? Acha mesmo que está tudo bem? Estou com com o corpo cheios de marcas, s/n; Estou tendo que matar um leão por dia pra continuar viva, você foi embora, me deixou sozinha e não teve nem a consideração de me telefonar para dizer que está grávida.
- O nosso para sempre acabou? Porque você foi embora sem me dá tchau, foi embora e não se perguntou nem se eu ficaria bem. Acha mesmo que estou bem com um pai drogado? Sem você? Acha? — Gabi extrapola do outro lado da linha e preciso fazer muito esforço para entender sua voz embolada por causa do choro.
- Mã, preciso que me escute. Você está me escutando? — Tento chamar sua atenção para ela se acalmar.
- Esteja no Aeroporto Internacional ás 12h. Eu prometo, Gabi. Eu vou te buscar. Eu sinto muito por ter lhe abandonado.
- Quando eu precisei ir embora eu não tive como te trazer mã, não tive. Mas não teve um só dia em que eu não pensasse em você e agora tenho a oportunidade de te trazer pra perto de mim de novo e eu vou. — Prendo a respiração para controlar a respiração.
- Você vai ser feliz de novo, Gabi. Eu juro.