Após conseguir vaga na universidade, S/N Heyward se muda para Outer Banks para cursar seu tão
esperado curso de jornalismo.
Em busca de melhores condições de vida e sua estabilidade financeira, aceita o emprego de cozinheira na mansão dos Cameron'...
É óbvio que as coisas chegam ao fim. Um livro, filme, relações, desentendimentos, vidas. Tudo, exatamente tudo nessa vida já vem predestinado a acabar. É triste de se dizer mas essa noite, a vida de quem jamais abandonou a gente e lutou realmente como um guerreiro, chegou ao fim. Mike morreu nos braços pequeninos de Emma, justamente no dia do seu aniversário. Sei que a minha pequena ainda não fazia idéia de que já se passava das meia noite e nem eu, muito menos Rafe, tivemos coragem de avisa-la. Me lembro de suas mãozinhas balançando Mike, dos soluços, dos gritos, da súplica para que o cachorro voltasse, mas nada poderia ser feito. Passei horas apenas deitada no chão, abraçando por trás seu corpinho inquieto, tentando controlar sua crise de ansiedade, tentando aliviar nem que fosse 10% da sua dor. - Mamãe, ele vai voltar, não vai? — Emma me perguntava diversas vezes mesmo já sabendo a resposta e meu coração se partia um pouco mais. Precisei carregá-la até o quarto para que os paramédicos veterinários pudessem recolher o corpo e adormecemos juntas em sua caminha de princesa, em um elo só nosso, em um único abraço.
- Bom dia... — Falo entrando na cozinha, avistando Emma nos braços de Rafe, com a cabecinha enterrada em seu pescoço, secando as lágrimas com as costas das mãos.
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- Bom dia... — Rafe responde, virando-se pra mim. Seus olhos estão vermelhos de tanto chorar e assim que se cruzam com os meus se enchem novamente de lágrimas. Tiro Emma de seus braços e Rafe se vira para poder chorar sem que ela veja, apoiando-se no balcão, tapando a boca para abafar os soluços. - Feliz aniversário, meu amor. — Falo beijando o topo da sua cabeça e cheirando seus cabelos. - Ele morreu no dia do meu aniversário, não foi? — A pergunta inusitada de Emma ecoa pelo ambiente e eu e Rafe nos entreolhamos inseguros. - Não precisa responder, eu já sei. — Emma responde por nós, secando os olhos, se desvencilhando dos meus braços e caminhando em direção a escada para subir ao quarto.
- Acha que isso vai destruí-la? — A voz rouca de Rafe chama minha atenção. - Acho que ela é muito forte. — Respondo tentando passar segurança mas na realidade estou me fazendo a mesma pergunta que Rafe. - Acho que uma parte de mim foi embora naquela maldita ambulância, junto com ele. — Rafe fala quase sem voz. Seus corpo desliza pelo balcão e não demora muito para Rafe está sentado no chão, com a cabeça entre as pernas, apertando os olhos com força na tentativa de impedir o caimento das lágrimas mas é impossível. É impossível porque como cada um de nós, Rafe está machucado, quebrado e sensível com a situação. - Tudo bem chorar, ok? — Falo, sentando em seu colo, abraçando seus ombros e acariciando seus cabelos. Não demora muito para os braços de Rafe entrelaçarem minha cintura e escondermos o rosto no pescoço um do outro para chorarmos. Estou desde madrugada engolindo o choro, secando brutalmente as lágrimas para elas não caírem e tentando ser forte pela minha filha. Mas aqui, agora, tão acolhida em seus braços, desabo sem que ao menos perceba. Rafe me aperta mais forte em seu peito, acariciando minhas costas com a palma da mão e hora ou outra seca minhas lágrimas antes mesmo de secar as dele. - Posso ficar aqui? — A voz chorosa de Emma ecoa atrás de nós e não penso duas vezes antes de abrir meus braços para que ela possa se aninhar entre nós. - Vamos ficar bem, não vamos? — Ela pergunta deitando a cabeça em meu peito. - Vamos sim, princesa. Vamos sim. — Rafe fala firme mas não demora muito para voltar a chorar novamente, assim como nós.
