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S/N

Ainda estou atordoada com todas as coisas que Rafe me disse. Não vou negar que fiquei um pouco balançada com tudo o que falou e justamente por isso decido ir atrás dele.
- Rafe!! — Grito e corro pelo corredor mas nem sinal dele.
Não paro de correr até vê-lo disparando o feche para o carro abrir.
- RAFE!! — Grito quase sem forças para chamar sua atenção.
  Ele olha pra mim confuso mas para os movimentos esperando eu chegar até ele.
- O que é agora? — Ele pergunta revirando os olhos.
- Cara, você tem problemas sérios nessa cabeça. Como pode me falar aquilo tudo lá dentro e agir assim comigo agora?
- Agradeci pelo que você fez, só isso.— Ele diz se virando para abrir a porta do carro.
- Ah Rafe, você sabe que não foi "só isso".
- Tchau, s/n. Estou indo embora. — Ele diz abrindo a porta do motorista e entrando no carro.
- Pois eu vou junto. — Abro a porta do passageiro e Rafe me olha incrédulo.
- Você é muito cara de pau, não é possível. — Ele fala ainda sem acreditar.
- Desce do carro. — Ele ordena.
- Não. — Revido.
- Eu vou te tirar a força. — Ele fala apertando os olhos de raiva.
- Pode tentar.
  Uma veia no pescoço de Rafe começa a pulsar descontroladamente, ele aperta os olhos com tanta força que sei que está se controlando pra não explodir.
- Tudo bem ai, amigo? — Pergunto ironizando para chamar sua atenção.
- Cala boca. — Ele fala e dá partida no carro.

  Rafe está dirigindo da forma mais sexy que já vi. Segura o volante com uma mão só, fazendo os movimentos apenas deslizando a palma na maior facilidade do mundo.
- Então, por que você tem tanto problema em falar o que sente? — Pergunto mas Rafe finge que não está me ouvindo.
- É normal falar, faz bem. É por isso que você é assim contraído. Aposto que nessa cachola se passa milhares de coisa e você nem ao menos tenta por pra fora. Sabe, você pode escrever, pintar, falar mas tem que achar uma for... — Estou falando mas Rafe me interrompe.
- Meu Deus, você é muito tagarela. — Ele fala sério mas depois abre um sorriso em minha direção.
- Eu faço faculdade de jornalismo, baby. O que você esperava que eu fosse? — Digo sorrindo também.

Tento fechar a matraca, já percebi que a raiva de Rafe foi embora e decido não provocar mais nenhum problema.
- Onde você quer que eu te deixe? — Ele pergunta.
- Como sabe que não vou pra sua casa?
- Já decorei seus horários. — Ele responde na maior naturalidade.
- Why are you so obsessed with me? — Canto uma parte da música de Mariah Carey e uma risada escapa dos lábios de Rafe o que me faz sorrir junto.
- Me deixa na casa de John B, se não for problema entrar na área dos Pogues.
- Linda, já perdi duas irmãs pra esses manés...— Rafe para de falar ao olhar minha cara feia por ter xingado meus amigos.
- Desculpa. Já perdi duas irmãs para os Pogues, entrar lá é fichinha. — Ele reformula sua frase.

  Rafe estaciona na frente da casa de John e quando estou apertando no botão para tirar o sinto ele segura minha mão.
- Gosto de você s/n. Dessa simplicidade que temos um com um outro e da sua facilidade de tirar o melhor de mim, as vezes. — Ele sorri de canto de boca e tenho certeza que se lembrou das milhares de farpas que trocamos no dia-à-dia.
- Não vamos estragar as coisas, vamos... — Ele parece pensar no que vai dizer.
- Ser só amigos? — Tento adivinhar.
- Isso, exatamente isso. — Ele fala e sorri pra mim.
- Sim claro, é o melhor pra nós. — Um silêncio ensurdecedor se forma e ambos estamos tímidos com a presença do outro.
- Enfim, vou indo. — Salto do carro e dou meia volta para parar na frente da janela do motorista.
- Tchau, "amigo". — Faço aspas com os dedos e Rafe abre um sorriso escancarado no rosto.


Rafe

Deixo s/n na casa do John B e vou no sentido da casa de s/a. Sinto falta da minha irmã. Agora a vida dela está cada vez mais corrida, está estagiando na cinematogia *nome fictício* ao lado do melhor roteirista de Outer Banks enquanto direciona seu primeiro filme em cartaz.
Estou com tanto orgulho dela e da mulher que está se tornando que não consigo nem ficar chateado pela sua ausência, apenas feliz por suas conquistas.
- Abre, praga. — Digo enquanto bato pela terceira vez na porta.
JJ vem cambaleando de raiva até a porta e abre bruscamente enquanto fala.
- Estamos transando, vai embora. — E bate a porta na minha cara novamente.
Continuo batendo na porta até o filho da puta abrir novamente.
- Meu Deus você não está vendo que não é bem vindo na minha casa? — Ele abre novamente mas tenta barrar minha entrada.
- Sua casa? — Pergunto com um sorriso irônico.
- Rafe!!! — S/a entra pela sala com seu avental de cozinha entregando a péssima mentira de JJ.
- Transando, hein? — Falo provocando JJ que me mostra o dedo do meio.
- A gente ia, se você não atrapalhasse. - Ela fala revirando os olhos.
- É, meu gatinho agora só porque você disse isso é que não vamos mesmo. — s/a mostra a língua pra ele.
- Mas e aí, irmão. Como você está? - Ela pergunta olhando pra mim.

Accident- Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora