Bye Bye Brasil ✰

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Livia fez como Taylor sugeriu e pediu sanduíches leves e naturais com suco também natural pra compensar o jantar calórico na casa dos pais. Em seguida voltou a se sentar no sofá exatamente na mesma posição em que Taylor a deixou, pernas e mãos juntas, chacoalhando os calcanhares nervosos no chão e ficou esperando enquanto ele terminava o banho.

Ela remexia as pontas dos dedos, mordia o lábio, sentada ali encarava o chão quietinha e dentro de sua cabeça tentava encontrar a resposta.

Eu devo estar enferrujada, nem me lembro quando foi a última vez que beijei alguém. Com certeza beijei errado, pode ter sido isso.

Outro pensamento lhe ocorreu e ela descartou a ideia.

Eu sou velha demais pra praticar na laranja pffff.

Por que eu não consigo saber o que eu fiz de errado? Eu vou perguntar... não, não vou perguntar, vou parecer ainda mais idiota.

Talvez ele esteja chateado pelo que houve na casa dos meus pais e descobriu que ficar comigo é um grande erro, é claro que é isso, e agora ele viu como meu mundo é uma bagunça, minha família é uma bagunça, meus amigos e... eu não devia ter levado Taylor até lá, não devia.

— Hãããimmm... — Resmungou ela se jogando de costas no sofá.

Livia ficou algum tempo ali encarando o teto imaginando mil coisas e teve os pensamentos interrompidos por batidas suaves na porta. Ela se levantou correndo e abriu. Livia deu um sorriso amistoso para o garçom. Aquele era diferente do outro, provavelmente porque já era o turno da noite, mas ele também olhou para ela do mesmo jeito que o outro. Antes de entrar ele a encarou mais tempo que o normal com um sorriso crescendo em seu rosto.

Livia franziu as sobrancelhas.

Depois de dizer um boa noite bem tímido e parecendo um tanto ansioso, o rapaz entrou com um carrinho menor porque ela havia pedido apenas os lanches e sucos. Livia o seguiu até a sala. Ela colocou as mãos para trás e se mexia de um lado pro outro mordendo a bochecha por dentro se rasgando de curiosidade.

— Você também acha que eu sou prostituta?

O rapaz deu um salto no lugar e virou-se quando ouviu a voz dela quase em sua nuca. O garçom não estava comendo nem bebendo nada, mas engasgou quando ela disse aquilo, parou de ajeitar os pratos e copos sobre a mesa e olhou para ela.

— Desculpe, senhora, mas por que diz isso?

— Não sei... quer dizer, eu sei sim. — Ela cruzou os braços começando a ficar irritada. — Você não é o primeiro garçom que entra aqui e que fica me olhando com esses olhinhos julgadores, vocês acham que eu não sei o que estão pensando quando olham pra mim? Pois fique sabendo que eu não sou o que vocês estão pensando só porque estou com ele, entendeu? — Ela se aproximou mais e cutucou o ombro dele com o indicador. — E diz pros seus outros amiguinhos que eu mandei dizer que eu não sou prostituta.

— Aahh... ééhh... senhora, eu nunca pensaria uma coisa dessas, nem meus colegas.

— Então por que ficam me encarando quando entram aqui? Isso está me tirando do sério, eu não quero saiam dizendo por aí que eu só estava aqui porque estava com...

— Senhora, é claro que todo mundo do hotel sabe que está aqui com o senhor Harris, mas não é sobre ele que os rapazes estão falando lá embaixo.

— Como assim?

O rapaz inspirou fundo sabendo que não escaparia e Livia deu um passo ameaçador na direção dele fazendo-o se encolher.

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