Uma espaçonave carrega os últimos resquícios da espécie humana. Sem nomes, sem destino e com a tarefa impossível de sobreviver a um vazio sem fim, os poucos tripulantes precisam enfrentar um mal misterioso entre eles. Algo poderoso, capaz de destrui...
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— A Laranja não ficou feliz quando você exigiu o posto de capitão, muito menos quando te viu armar para colocar o Ciano na nave como tripulante. Ela se sentiu enganada e ameaçada, então pode imaginar o que aconteceu a partir daí.
Mal pude acreditar no que ouvia. Roxo ainda estava com a faca na mão, apontando para mim, enquanto revelava a verdade.
— Fui colocado aqui sem que ninguém soubesse. Entrei na câmara de criogenia e a Laranja me despertou algumas horas depois da nave estabilizar. Não sabe como estava lá embaixo, não entende tudo o que alguém seria capaz de fazer pra sobreviver.
— Por isso aceitou virar um assassino?
— Já tinha envenenado alguém antes, a Laranja sabia disso e usou o fato de eu ser um botânico pra me colocar na nave. No começo era só ficar perto de você, te espionar e entregar toda informação que encontrava; mas então os conflitos começaram.
— Tá falando das minhas brigas com ela? - nunca fiquei tão irritado ao ouvi-lo falar. - E quanto ao nosso namoro? E quanto a tudo o que vivemos? Era uma mentira?
Roxo deu de ombros.
— No início sim, achei que se ficássemos juntos descobria mais rápido esse seu segredinho aí. – ele apontou para o meu pescoço. Os vergões da doença já alcançavam as partes visíveis do meu corpo. – Mas aí comecei a gostar de você.
— Me poupe! – Rosa se intrometeu. – Ninguém vai cair nesse seu papo furado.
— Devia ter te matado primeiro, garoto insuportável! – ele gritou.
— Não chega perto do meu amigo! – avisei.
Roxo sorriu, concordou em dar um passo para trás e logo depois voltando a falar.
— Quando a Laranja me mandou matar você, não tive coragem. Estava envolvido demais, então ela ameaçou me colocar na câmara de criogenia e garantiu que jamais sairia de lá vivo. Foi o Preto quem ligou a máquina, então entende porque foi fácil para ele "arrumar o defeito" depois.
— Então aquela história toda que me contou, sobre o Ciano, era mentira? – perguntei.
— Depois que eu matasse a Laranja, precisaria de um bode expiatório. O Ciano era perfeito para isso, ele gostava de mim e vocês estavam se confrontando há bastante tempo. Foi fácil me fazer de vítima e deixá-lo caidinho por mim.
— Chega disso! – Rosa queria sair logo daquele lugar. – É melhor se entregar se não quiser ser ejetado da nave!
Queria que o Rosa calasse a boca de uma vez, então pedi para o Roxo continuar.
— Só matei para te proteger. – Roxo gareantiu. – Não sei se o Preto sabia sobre mim, mas vi ele voltar para o Setor de Criogenia e imaginei que estivesse ligando os pontos. Quanto aos outros, foram acidentes: o Azul descobriu que eu estava usando os dutos durante uma ronda, o Verde era a central de fofoca daqui e ouviu algo que não deveria e a Branco... – ele olhou para o cadáver próximo a nós. – Precisei sair do duto quando ele começou a esquentar e não podia arriscar que ela contasse pra alguém.