11. O irmão pródigo

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Conversamos mais um pouco antes de deixarmos o setor de luxo

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Conversamos mais um pouco antes de deixarmos o setor de luxo. Amarelo me contou sobre os seus pais e as pessoas que abandonou na Terra. Raramente os tripulantes falavam sobre o que deixaram para trás, mas me deu certo alívio poder conversar com alguém que passou pelas mesmas merdas que eu.

Sem contar que os beijos dele quebravam o clima pesado do passado. Então, a cada lembrança triste, nossos corpos chegavam mais perto um do outro — como se existisse um ímã que nos aproximava. Nunca imaginei que poderia sentir algo assim por ele.

— Tive um cachorro tripé chamado Toró. Era um São Bernardo babão que foi atropelado quando era filhote, perdeu uma das patas, mas corria mais rápido que os outros cães do parque.

— No meu caso, sempre preferi gatos. – Contei, ajeitando o cabelo e a roupa após entrarmos no elevador. – Meu vizinho tinha um cão barulhento chamado Halley que me perturbava dia e noite. Ainda tenho pesadelos com os latidos dele no pé da minha janela.

— Pelo menos os animais sobreviveram a tudo aquilo. O vírus só afetava humanos... Papai dizia que era a forma da natureza dizer que nós éramos o problema.

— O meu dizia a mesma coisa. Falava que os humanos sempre foram um câncer para o planeta. – Suspirei fundo. – Acho isso uma besteira. Não há nada de natural em um vírus que faz as pessoas sangrarem pelos olhos.

Passei a mão no peito, imaginando quanto tempo teria até as manchas pretas no meu corpo ficarem mais aparentes e a falta de ar me alcançar, assim como todos os outros sintomas mais pesados.

A minha mãe não teve sintomas tão fortes no início, foi somente nos dois últimos dias de infeção que ela não aguentou mais andar... Então, a tosse dela ficou insuportável e soube que ela faria parte da parcela de pessoas que não sobreviveriam aos 30 dias.

— Acho melhor voltarmos às buscas pela Laranja, se não tiverem a encontrado ainda – disse Amarelo, me dando um beijo no rosto assim que a porta do elevador se abriu. – Quer vir comigo?

— Tenho um assunto na navegação para resolver. Posso te ver mais tarde?

— Com certeza!

Depois de nos despedirmos, fomos para lados opostos.

Foi só me desgarrar do Amarelo para que os problemas voltassem à minha mente: o Rosa ainda deveria estar na enfermaria, terminando a autópsia, enquanto os demais membros da nave se ocupavam em uma busca inútil pela Laranja.

Precisava dar um jeito de resolver aquilo

— Aí está você! – disse o Preto, me encontrando no meio do corredor para a navegação. – Te procurei pela nave inteira!

— Que eu saiba, você deveria estar procurando pela sua chefe, não por mim.

Tentei contorná-lo, mas o Preto parou bem na minha frente, bloqueando a passagem.

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