27. Laranja

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CINCO ANOS ANTES

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CINCO ANOS ANTES

03:28 pm. | São Petersburgo (Rússia)


— É uma nave espacial. O material é caro, o projeto pode levar décadas e a tecnologia que temos talvez não seja o suficiente para nos fazer voar tão longe. – falei, nem um pouco otimista. – Ainda assim, é nossa melhor chance, levando em conta os dados da OMS.

— Como descobriu isso, Franklin? – perguntou Elizabeth, cruzando as pernas e segurando o papel com a ponta das unhas de acrílico. – Tem certeza de que o gráfico de contaminação está correto?

— É claro que está. Os médicos que você contratou concordam com eles. – quis me aproximar dela para mostrar de perto os números, mas me contive. – Não era para você estar de máscara? Aqui é um ambiente fechado, sabe...

Elizabeth revirou os olhos. Antes de se tornar a Laranja, ela demostrava seu descontentamento apenas com gestos ao invés de berros e atitudes mesquinhas.

Olhei para o pote de álcool gel na mesa e me perguntei se valia a pena limpar minhas mãos pela décima vez desde que cheguei àquele escritório. Gostava mais quando nossas reuniões eram virtuais; além de me poupar o trabalho de ter que pegar um avião, conseguia ignorar seus hábitos egoístas.

— Entende a gravidade da situação? – questionei. – Precisamos acelerar o projeto, a nave pode ser a única maneira de salvarmos o que sobrou da humanidade.

— Imaginei isso. – Ela franziu a testa e jogou os papéis fora. – A questão é que a minha família está trabalhando em outras alternativas além da nave. No momento, isso não é prioridade.

— Essa é a nossa única opção. Precisamos de mais dinheiro!

Elevei o tom de voz, mas, ao me dar conta do jeito que estava agindo, pigarreei um pouco e tentei contornar a situação.

— Só estou falando que com um orçamento maior podemos terminar o projeto em 10 anos, talvez metade disso.

Ela me olhou durante um tempo, provavelmente tramando alguma coisa naquela mente engenhosa.

— Sabe... Isso me deu uma ideia. – ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro, com o barulho do salto alto ecoando por toda parte. – Me diga, quanto pagaria por um bote salva-vidas se estivesse no Titanic?

— Está falando em cobrar passagens? – não deixei que ela tentasse me enrolar. – Esse não é o objetivo aqui, precisamos de pessoas inteligentes, gente que faça a diferença e que possa reconstruir a humanidade.

— Pessoas ricas também podem ser inteligentes. – ela sorriu. – Podemos cobrar um milhão de cada, para início de conversa. Isso inclui a tripulação.

Meu sangue gelou quando ouvi aquilo. Aquele sorriso sádico dela indicava que estava armando algo, querendo me pegar em alguma arapuca. Tinha demorado meses para entender que Elizabeth não era uma pessoa confiável e agora me sentia pisando em gelo fino.

Among Us | Gay Fanfic +18Onde histórias criam vida. Descubra agora