16. Uma conversa complicada

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Ao contrário da minha aproximação com o Amarelo, fui me apaixonar pelo Roxo de um jeito bem menos direto

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Ao contrário da minha aproximação com o Amarelo, fui me apaixonar pelo Roxo de um jeito bem menos direto.

Aconteceu pouco depois que decolamos, quando estávamos bem longe da Terra. Toda a equipe se mobilizou para colocar as coisas nos eixos e pude finalmente conhecer minha equipe após tanto tempo de quarentena.

Roxo foi o primeiro a me cumprimentar. Com aquele sorriso meigo, os olhos fixos nos meus e um aperto de mão forte...

A beleza dele chamou minha atenção. Passei a puxar papo, buscar por ele pelo refeitório, encontrar desculpas para fazer o mesmo trajeto que o dele e, claro, babar um pouco até deixar a minha intenção na cara.

Tínhamos uma ligação única. Conversávamos durantes horas, ríamos juntos, compartilhávamos os mesmos interesses e sempre que estávamos perto um do outro o tempo parecia passar mais rápido. Era fácil me abrir com ele, expor meus medos e inseguranças sem me preocupar em ser julgado.

Uma pena que agora tudo tinha acabado. As investidas, a troca de olhares, os beijos e pequenos gestos antes de começarmos a namorar... Nada daquilo valia mais nada. A traição havia deixava um gosto amargo.

— Vermelho?

Ele me olhou de cima a baixo, surpreso pela minha péssima aparência.

— Sabia que você era duro na queda, mas vir aqui com o pé quebrado é ir um pouco além da conta, não acha?

— Só tá torcido, não é nada demais.

— Imagino. Pela sua cara, não está aqui pra finalmente conversarmos, né?

Aquilo me irritou.

Esperava que o Roxo ficasse de cabeça baixa, pedisse desculpas, chorasse ou qualquer coisa do tipo. Não estava pronto para aquele seu tom arisco.

— Vou ser rápido. Preciso que responda algumas perguntas.

— Acha que tentei te matar?

— Não, é claro que não! – mordi o lábio, inseguro.

Desviei meus olhos para as plantas que o Roxo cultivava ali, mudas de espécies diferentes que ele tinha a missão de deixar vivas para o outro planeta.

Na hora, lembrei do que o Rosa falou sobre o veneno que matou a Laranja.

— O que você sabe sobre "Mamonas"?

Ricinus communis. – Ele disse, sem parar as tasks. – É uma planta cultivada nas regiões tropicais para produção de óleos.

— Não é o tipo de coisa que alguém cultivaria na nave.

— Provavelmente não. É venenosa. Já tentaram até usá-la como arma biológica, mas, até onde sei, não é a planta ideal para esse tipo de coisa. Há outras opções. – Ele suspirou. – Beladona tem um charme clássico. Seria a minha escolha, sem dúvida.

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