Uma espaçonave carrega os últimos resquícios da espécie humana. Sem nomes, sem destino e com a tarefa impossível de sobreviver a um vazio sem fim, os poucos tripulantes precisam enfrentar um mal misterioso entre eles. Algo poderoso, capaz de destrui...
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2 DIAS DEPOIS
Quer saber como o nosso mundo acabou? Olhe para as pessoas ao seu redor e se pergunte quantas delas realmente fazem a diferença. Quantas estão dispostas a lutar e mudar realmente as coisas ao redor?
O pior mal do ser humano é a apatia. Sei disso porque, no momento em que todos perceberam que não haveria uma maneira de matar o vírus e destruí-lo de vez, as pessoas desistiram. Deixaram de pensar no bem-estar uns dos outros e se preocuparam somente em vencer. Foi isso o que nos enfraqueceu e causou o fim do planeta como o conhecíamos.
Ainda havia quem buscasse uma cura, mas os outros simplesmente desistiram. Virou rotina números expostos na televisão sem que nomes fossem citados, assim como caminhões funerários percorrendo todas as ruas.
Apenas quando a morte chegava perto é que a coisa se tornava real. Eu mesmo, nasci em meio ao vírus e cresci vendo todas aquelas mortes na minha rotina. Não sou diferente de nenhum dos que ficaram para trás, fiz a nave pensando em mim mesmo e na minha vontade de salvar Isaac e Samuel.
Agora, com a morte de todos os outros tripulantes, me perguntava como quebrar o ciclo para que estragássemos tudo novamente. Para que não destruíssemos o mundo mais uma vez com tanto egoísmo e prepotência.
— Quer que eu escreva o nome dele também? – Isaac perguntou, antes de mexer na placa.
— Não sei, parece um pouco errado...
— De certa forma, ele também foi uma vítima. Antes de enlouquecer...
Concordei e Isaac escreveu o nome verdadeiro do Roxo na plaquinha branca que produzimos com a impressora 3D do lugar.
Juntamos as placas na cafeteria, reunimos flores e fiz questão de acender uma vela para cada pessoa que se foi.
Aquilo significava uma nova etapa. Era hora de abandonarmos os nomes falsos e pararmos de negar o passado para que a história não se repetisse.
· AMARELO: Victor M. K.
· PRETO: Fernando G. F.
· AZUL: Guilherme O. S.
· VERDE: Paulo R. E.
· BRANCO: Victória R. P.
· ROXO: Jonas L. R.
· LARANJA: Elizabeth K.
Chegar a um novo planeta seria mais difícil agora. Não tínhamos a Branco como navegadora e não sabia se estava seguindo as projeções certas do painel de controle. Perderíamos meses (talvez anos) para redefinirmos a rota se estivéssemos no caminho errado, mas não via outra alternativa.
