30. O fim

277 22 9
                                    

Foi assim que tudo acabou, com três jovens da mesma família ao redor de uma mesa após um dia árduo de trabalho

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Foi assim que tudo acabou, com três jovens da mesma família ao redor de uma mesa após um dia árduo de trabalho.

Isaac conseguiu quebrar o clima com as suas piadas. Nem mesmo a comida com gosto amargo foi capaz de estragar aquele dia, com nós três sorrindo e lembrando de coisas do passado. Fazia tanto tempo que não ficávamos juntos, que parecia que eu tinha reencontrado velhos amigos pela primeira vez.

Éramos um trio e tanto! Por um momento, cheguei a esquecer de tudo, esquecer da doença e de todo o trauma pelo qual passamos. Até mesmo os momentos de silêncio eram confortáveis e na hora da bebida foi incrível ver um simples jantar se transformar em uma festa.

Lembro do brinde que fizemos, apesar de não recordar de à quê brindamos. Lembro do Isaac subindo na mesa para cantar Dog Days Are Over com a sua voz desafinada e do meu irmão pegando-o no colo e o girando até os dois ficarem tontos e quase vomitarem. E lembro também de como nos aproximamos da janela quando tudo acabou e apagamos as luzes para ver a imensidão do espaço.

Parecia que tudo era possível. A minha doença não se manifestou, como se entendesse a importância daquele momento para mim. 

No fim, ficamos tão bêbados que precisei da ajuda do Isaac para levar o Samuel até o quarto dele. Tirei as meias do meu irmão, joguei o sapato em um canto e deixei que o garoto se encolhesse nas cobertas, como fazia quando éramos crianças. As lembranças pareciam vir como turbilhões agora.

— Vem, vamos deixá-lo dormir. – falei, guiando o Isaac para fora dali. Tentei não olhar nos olhos dele, para que não percebesse que havia algo errado no meu tom de voz.

Fechei a porta do quarto do meu irmão silenciosamente e me virei para Isaac.

— Você disse mais cedo que queria me analisar. – Lembrei.

Ele estranhou aquilo, principalmente porque geralmente eu fugia de exames e consultas.

— Er, sim! – ele disse, tentando focar os olhos em mim por já estar bêbado. – M-mas agora? Eu tô morrendo de sono, parece que tô velho demais para essas noitadas.

— Por favor. – falei, encostando no ombro dele e o guiando. – Tô sentindo dor.

Não era verdade, é claro. Usei aquilo porque era o que bastava.

Isaac pareceu ficar mais sóbrio naquele instante, pediu para se segurar em mim durante o caminho e seguimos juntos pelo corredor até chegarmos à Enfermaria.

— Pode se sentar na maca. – Ele disse, com a sua voz de médico agora.

Ele ajeitou os óculos e tirou a lata de cerveja da minha mão.

— Pode tirar a camisa?

Obedeci, olhando em volta. A Enfermaria estava mais organizada agora, sem frascos espalhados pelas mesas ou bisturis. Imaginei que o Isaac enfim estava se esforçando para organizar as coisas.

Among Us | Gay Fanfic +18Onde histórias criam vida. Descubra agora