Foi assim que tudo acabou, com três jovens da mesma família ao redor de uma mesa após um dia árduo de trabalho.
Isaac conseguiu quebrar o clima com as suas piadas. Nem mesmo a comida com gosto amargo foi capaz de estragar aquele dia, com nós três sorrindo e lembrando de coisas do passado. Fazia tanto tempo que não ficávamos juntos, que parecia que eu tinha reencontrado velhos amigos pela primeira vez.
Éramos um trio e tanto! Por um momento, cheguei a esquecer de tudo, esquecer da doença e de todo o trauma pelo qual passamos. Até mesmo os momentos de silêncio eram confortáveis e na hora da bebida foi incrível ver um simples jantar se transformar em uma festa.
Lembro do brinde que fizemos, apesar de não recordar de à quê brindamos. Lembro do Isaac subindo na mesa para cantar Dog Days Are Over com a sua voz desafinada e do meu irmão pegando-o no colo e o girando até os dois ficarem tontos e quase vomitarem. E lembro também de como nos aproximamos da janela quando tudo acabou e apagamos as luzes para ver a imensidão do espaço.
Parecia que tudo era possível. A minha doença não se manifestou, como se entendesse a importância daquele momento para mim.
No fim, ficamos tão bêbados que precisei da ajuda do Isaac para levar o Samuel até o quarto dele. Tirei as meias do meu irmão, joguei o sapato em um canto e deixei que o garoto se encolhesse nas cobertas, como fazia quando éramos crianças. As lembranças pareciam vir como turbilhões agora.
— Vem, vamos deixá-lo dormir. – falei, guiando o Isaac para fora dali. Tentei não olhar nos olhos dele, para que não percebesse que havia algo errado no meu tom de voz.
Fechei a porta do quarto do meu irmão silenciosamente e me virei para Isaac.
— Você disse mais cedo que queria me analisar. – Lembrei.
Ele estranhou aquilo, principalmente porque geralmente eu fugia de exames e consultas.
— Er, sim! – ele disse, tentando focar os olhos em mim por já estar bêbado. – M-mas agora? Eu tô morrendo de sono, parece que tô velho demais para essas noitadas.
— Por favor. – falei, encostando no ombro dele e o guiando. – Tô sentindo dor.
Não era verdade, é claro. Usei aquilo porque era o que bastava.
Isaac pareceu ficar mais sóbrio naquele instante, pediu para se segurar em mim durante o caminho e seguimos juntos pelo corredor até chegarmos à Enfermaria.
— Pode se sentar na maca. – Ele disse, com a sua voz de médico agora.
Ele ajeitou os óculos e tirou a lata de cerveja da minha mão.
— Pode tirar a camisa?
Obedeci, olhando em volta. A Enfermaria estava mais organizada agora, sem frascos espalhados pelas mesas ou bisturis. Imaginei que o Isaac enfim estava se esforçando para organizar as coisas.
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Among Us | Gay Fanfic +18
General FictionUma espaçonave carrega os últimos resquícios da espécie humana. Sem nomes, sem destino e com a tarefa impossível de sobreviver a um vazio sem fim, os poucos tripulantes precisam enfrentar um mal misterioso entre eles. Algo poderoso, capaz de destrui...