8. O que houve com ela?

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— Responda a minha pergunta, Preto

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— Responda a minha pergunta, Preto. – falei, enquanto os demais se amontavam ao redor dele, na Sala de Reuniões, para entender o que aconteceu. – Qual foi a última vez em que a viu?

— Ontem pela manhã, eu acho. – Ele disse, visivelmente nervoso, enquanto encarava os olhares curiosos da tripulação. – Saí da parte de luxo, me encontrei com o Rosa à tarde, fiz minhas tasks e depois... Depois, quando voltei, ela ainda não estava lá.

— E hoje? Por que não conversaram?

— Não achei necessário! Ela é a chefe, poxa, então só deixei meu quarto e fui pro refeitório. Quando voltei, quis contar todo o drama seu e do seu irmão, mas percebi que as coisas dela ainda estavam intactas. Procurei em toda parte e não encontrei a Laranja!

Não sabia dizer se era exagero dele ou se o Preto realmente aparentava estar preocupado. Afinal, parecia impossível alguém desaparecer em uma nave.

Encarei ele, tentando identificar no seu semblante se aquilo tudo era uma mentira deslavada ou se realmente falava sério.

— Alguém aqui viu a Laranja nesse meio tempo? – perguntei aos demais.

Verde foi o único que se pronunciou, contando que tentou levar o jantar para ela na noite anterior e não obteve resposta.

— Tá bem, vamos com calma então. – Tentei acalmá-los. – É melhor nos dividirmos em duplas, procurem aqui embaixo enquanto Rosa e eu vamos até o setor de luxo.

— Posso ir com vocês. Conheço melhor aquele lugar.

— Nós projetamos essa nave. Pode ter certeza que a conhecemos melhor do que você.

A minha resposta veio como um corte para que ele ficasse calado e obedecesse às ordens.

Encarei o Rosa, que parecia não estar muito feliz por ter que ficar sozinho comigo — talvez magoado pelo que fiz com o Ciano.

Na realidade, meu número de apoiadores apenas diminuía. Roxo, então, nem sequer me olhou nos olhos antes de se afastar junto do Verde para procurar a Laranja no Estoque de comidas e bebidas.

Amarelo, ao contrário, não parou de me observar com um sorriso gigante nos lábios. Mesmo assim, ele se contentou em ir com o Preto até o Reator da nave.

Quanto à Branco e o Azul, foram rumo à região dos Escudos para ter certeza de que a Laranja não estava tentando mexer nos equipamentos — algo improvável, já que o conhecimento dela com máquinas era pífio.

Deixei que o Rosa fosse à frente até o setor de luxo. Pegamos o elevador, passamos pelo corredor que levava às câmaras de criogenia e pegamos as escadas até o que chamávamos de berçário da nave: por conta do formato esférico que era encoberto por uma camada grossa de vidro que proporcionava uma visão única das estrelas.

O lugar era bonito, elegante e ocupava um espaço desnecessário para que só uma pessoa morasse nele.

— Céus, tinha me esquecido de como isso aqui é irreal. – falou o Rosa, encarando os móveis de luxo e quadros espalhados pelas paredes.

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