22. Em busca da verdade

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— Ele é meu irmão! Por que não me contou sobre isso? – a voz do Ciano surgiu como uma música de fundo, baixa, abafada e em uma sincronia que me fazia querer continuar prestando atenção no zumbido ao pé da orelha ao invés de nele

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— Ele é meu irmão! Por que não me contou sobre isso? – a voz do Ciano surgiu como uma música de fundo, baixa, abafada e em uma sincronia que me fazia querer continuar prestando atenção no zumbido ao pé da orelha ao invés de nele. – O Vermelho tá ardendo em febre, o peito dele tá todo escuro e mesmo assim achou que era melhor não me envolver nisso?

Minhas lembranças não queriam me alcançar. Não sabia onde estava, quem eu era ou por que falavam sobre mim. Então apenas continuei deitado, com os olhos fechados e o rosto encharcado de suor.

Há alguns anos, quando estávamos prestes a fechar o acordo com a Laranja para construirmos a nave, imaginei como seria estar no céu. Tínhamos o aval do governo para realizar o projeto, cientistas já tomavam conta de todo o nosso planejamento e parecia que não fazíamos mais parte de nada ali. Foi enquanto olhava para as estrelas e me imagina lá que a solução surgiu.

Tivemos a ideia de ir até a Laranja e oferecer o projeto a ela — um percentual valioso — para que os políticos não pudessem tomar conta de tudo.

Funcionou. Conseguimos mais do que pretendíamos por causa da parceria com a Laranja, a nave ganhou dimensões únicas e sistemas que jamais conquistaríamos sem o dinheiro dela viraram realidade.

Deixamos a Terra dois meses antes das projeções e os alertas sobre a variante do vírus chegar a público. Não avisamos aos nossos amigos, apenas fizemos as malas e imaginamos o que sobraria da Terra quando as pessoas descobrissem que o vírus estava ficando cada vez mais agressivo — a ponto de alterar a mente dos que sobreviviam aos 30 dias. Será que eu seria um desses "sortudos"?

O mundo ficaria louco. As pessoas matariam umas às outras lá embaixo, isso era esperado há muito tempo, mas o que ninguém previa era que a nossa arca de Noé poderia se transformar em um caixão.

— Não é hora para isso, estamos ferrados aqui! – gritou Rosa, enquanto lá fora alguém batia na porta, querendo entrar. – Não posso cuidar do Vermelho agora, limpe o peito, tire o pus das feridas e não deixe que ninguém descubra que ele tá doente.

— Por que não?

— Porque vão pensar que ele ficou louco e matou aquelas pessoas! Esqueceu tudo o que estudamos sobre a variante do vírus?

Ele deu de ombros.

— Não sobrou muita gente lá fora. O Roxo e o Amarelo jamais pensariam isso.

— NÃO INTERESSA! – Rosa estava à beira de um colapso, sabia disso pelo seu tom de voz. – Só cala a boca e faça o que eu mando!

Nunca tinha visto ele falar daquele jeito com meu irmão, o que mostrava o nervosismo que nos envolvia.

As mãos do Rosa eram bem mais suaves que as do Ciano, que ao invés de tentar passar o bisturi no meu peito com delicadeza fez o trabalho de um gorila.

Among Us | Gay Fanfic +18Onde histórias criam vida. Descubra agora