17. Algo ruim vai acontecer

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— Rosa! – gritei, correndo atrás dele pelo corredor da nave depois de toda a cena no O₂

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— Rosa! – gritei, correndo atrás dele pelo corredor da nave depois de toda a cena no O₂. – Por favor, espera!

Ele apenas me ignorou e continuou andando para longe, em direção à Enfermaria.

Precisei segurá-lo pelo braço para fazer com que parasse e me ouvisse. Como resposta, recebi um tapa na mão e um dedo apontado na minha cara.

— Você é mesmo um imbecil! – ele gritou. – Esse garoto te traiu, quase acabou com a nossa família e na primeira oportunidade que tem, você escolhe transar com ele???

— Nós não transamos!

— O que eu vi foi o suficiente. – Por mais duras que fossem as palavras dele, Rosa estava certo. – Meu namorado tá entre a vida e a morte aqui e tudo no que você pensa é no Roxo.

— Me desculpa!

Rosa ignorou meu pedido, ajeitou os óculos e trincou os dentes.

— Você vive dizendo que o Preto não me faz bem, que ele não presta, mas olha só a hipocrisia disso tudo! Devia cuidar do seu próprio relacionamento ao invés de se ocupar do meu.

Baixei a cabeça enquanto ouvia. Ele era o único que conhecia todos os meus segredos e que me tratava como família. Não queria decepcioná-lo, então deixei de ficar na defensiva para me abrir um pouco.

— Nunca gostei de alguém como gosto dele. – contei. – Achei que tinha superado, mas não é algo simples de se fazer.

— Vermelho...

— Você está certo, eu deveria me afastar do Roxo, mas não posso simplesmente desligar essas emoções. Preciso de mais tempo!

— Já teve tempo o suficiente, inclusive pra começar outro relacionamento. – Ele não quis minimizar a situação. – Isso não é justo com o Amarelo. E, sinceramente, também não é justo comigo. Queria que você estivesse me ajudando aqui, não ocupado com esse tipo de coisa.

— Tô tentando me abrir aqui! – reclamei. – Você consegue perdoar o Ciano por qualquer merda que ele faça, mas quando se trata de mim não consegue pegar leve nem uma única vez!

Rosa continuou com aquele olhar pesado para cima de mim. Ele tinha aquela mania irritante de fazer pausas no meio das discussões, não sei se para pensar antes de falar ou apenas para gerar expectativa.

— Você é o capitão dessa nave...

— Eu sei disso!

Não me interrompa. – Ele chegou mais perto, me olhando nos olhos. – Eu tô há dias sem conseguir dormir por você, pensando na sua saúde e na porra dessa nave inteira!

Não ousei desviar os olhos dos dele.

— Tudo o que faço e tudo o que fiz até agora foi pra te manter de pé, doente ou não. Construímos essa nave juntos, investi no seu sonho e confiei que você daria conta de liderar esse lugar. Então ponha a cabeça em ordem e faça o que precisa ser feito, porque não vou ter essa discussão de novo.

Não esperava menos dele. Rosa, por mais descontraído e sorridente que fosse, sabia quando falar sério e matar qualquer argumento que eu tivesse para contrariá-lo.

Por isso apenas acenei com a cabeça, deixando claro que iria dar um jeito de fazer o que ele queria.

Prometi que daria um jeito de encontrar o assassino, fiquei em silêncio para não acabar falando alguma besteira e fui embora – de volta para o setor da Navegação. Lá, pelo menos, poderia parar um pouco e raciocinar.

Descansei a perna com o tornozelo machucado em cima de uma cadeira e liguei os computadores para avaliar a situação da nave depois de todo o desastre no setor de luxo. Me concentrei apenas naquilo, ignorando as dores pelo corpo e a constante queimação no peito por conta dos vergões da doença.

Rosa tinha razão quando disse que eu precisava me concentrar no que era importante, então acessei os arquivos dos defeitos da nave e fui conferindo quais poderia ser corrigidos por mim.

— Aí está você! – disse Branco, entrando com um tablet na mão e o salto alto batendo forte no assoalho. Ela usava uma máscara combinando com a cor do colete, o cabelo longo batia na testa e os olhos estavam com grandes marcas avermelhadas devido à falta de sono. – Temos defeitos em todos os setores, as portas estão abrindo e fechando sem motivo, a energia está falhando e o reator precisa de reparos.

— Está de brincadeira comigo. – falei, fechando os olhos e colocando a mão na testa. – Que merda! Deixa-me ver aqui.

Peguei o tablet da mão dela e analisei o mapa do setor principal, onde diversos defeitos estavam assinalados.

— Faça uma ronda com o Azul, preciso que tudo seja reparado o quanto antes. Chame o Ciano para te ajudar também.

— Se não se importar, o Azul e eu damos conta sozinhos. – Ela se virou em seguida, me entregando uma ordem de serviço para assinar. – E o tornozelo? Está melhor?

— Sim, não estou mais mancando pelo menos. – coloquei o pé no chão e testei alguns passos, sem sentir dor. – Agora, meu principal problema aqui é a perda das câmeras. Não consigo descobrir o que houve no setor de criogenia porque não tenho imagens.

— Por que não pergunta pro Amarelo?

— O que tem ele?

— Ele estava lá mais cedo, o Azul o encontrou em uma ronda. Os dois até voltaram juntos.

Ouvi o que ela disse atentamente.

Amarelo não tinha me dito que esteve no setor de luxo. Aquilo despertou uma dúvida gigantesca em mim. Afinal, já tinha confiado em alguém antes e me dado mal.

— Vou conversar com ele. Até lá, faça um favor pra mim. – falei, olhando para o painel de comando. – Já perturbei o Rosa o suficiente por hoje, então peça pra ele a senha de usuário do sistema. Preciso acessar uma pasta no painel de controle, de quando ele ficou no meu lugar como capitão da nave.

— Todo aquele desastre pode ter tido algo a ver com o conserto?

— Não sei... Mas vamos descobrir.

Estava prestes a sentar de volta na cadeira e retornar para os meus afazeres quando um barulho ensurdecedor tomou conta do ambiente.

As luzes ficaram vermelhas, o alarme soou alto e precisei tapar um dos ouvidos devido ao barulho.

Ajudei Branco a seguir o caminho até a sala de reuniões, onde encontramos todos – inclusive o Rosa e o Roxo em extremos opostos – à espera de descobrir o motivo daquela confusão.

Foi quando surgiu o Amarelo, com as mãos ensanguentadas, lágrimas nos olhos e o corpo inteiro tremendo.

— O Azul... – ele disse, apavorado. – ALGUÉM MATOU O AZUL!

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