Capítulo 145

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Dormir era ótimo, excelente, incrível! Mas o sono muda quando você tem três filhos, e um recém nascido.

Chovia fraco lá fora, o clima era perfeitamente perfeito para ficar na cama. Eu tinha meu corpo aninhado no edredom, Micael me abraçando por trás e de pau duro, não era novidade... E Thomas seguia quietinho, em sono profundo.

Eu estava errada! Seu choro arranhou fino pelo quarto, me fazendo apertar os olhos antes de abrir.

— Amor... O Thomas. — Micael soltou, meio dormindo. Se aninhou mais em meu corpo.

— Eu sei! — E estava com um ódio por isso. Ele podia muito bem levantar e vê-lo, mas preferiu fazer o papel de pai preguiço. — Calma bebê, a mamãe está indo. — Sai do meu lugar, engatinhando até o final da cama. Peguei Thomas de dentro do berço. — Bom dia, meu amor. Bom dia! — Ele ainda chorava, preguiçoso, mas chorava.

Senti sua fralda cheia.

— Mamãe, eu fiz um xixizão! — Dei um cheiro em Thomas antes de me levantar.

Retirei o edredom de Micael, que resmungou.

— Micael, levanta! Vá trocar o Thomas. — Aquilo realmente foi uma ordem.

— De novo? — Ainda tinha os olhos fechados.

— Como assim... De novo? — Questionei.

— Eu troquei o Thomas de noite, não vem me enganar. — Acomodou-se no travesseiro. — Meu celular vai despertar daqui à pouco.

— Acontece que você é o dono daquela joça, Micael! — Me irritei, bati em seus pés, o fazendo acordar de verdade. — Anda logo, eu preciso preparar o café da Kate.

— A Kate só entra na escola daqui à... — Encarou o visor do IPhone. — Uma hora. — Sorriu em deboche pra mim.

— Não me interessa, Micael. O filho também é seu. — Me sentei com Thomas no colo, o entregando.

— Oh Jesus amado! — Bufou, tendo Thomas no colo. — Você levantou de pinto molhado e sobra pra mim? — Thomas parou de resmungar irritado, encarando Micael.

Fiquei de pé novamente, encarando a cena.

— Bom, eu vou descendo. — Avisei Micael, indo até a suíte e fazendo minhas higienes matinais. Apareci novamente ao quarto, vinte minutos depois.

Apertei o laço do robe de seda. Micael não estava mais no quarto, tinha ido ao de Thomas.

Uma hora depois.

Estávamos tomando café, juntos. Micael cuidava de Marcel enquanto eu terminava de preparar o lanche de Kate, colocando em sua lancheira de personagem. Seu ânimo tinha melhorado depois da nossa conversa, parecia estar bem.

— Coloquei sua bisnaguinha aqui dentro, ok? — Avisei Kate que assentiu, bebendo o seu chocolate quente.

— Mamãe, posso ir na vovó Banca hoje, depois da aula? — Mordeu seu pão.

— Sua mãe e sua avó estão brigadas. — Micael respondeu.

— Micael! — O repreendi.

Não gostava de colocar Kate no meio da situação.

— O que? — Levantou os ombros. — Uma hora ela ia saber, amor. — Limpou a boca de Marcel, que havia feito uma sujeira.

— É, Kate. — Rolei meus olhos. — Eu e sua avó brigamos sem querer, mas se você quiser ligar à ela. — Dei de ombros. — Eu te ajudo!

— Eu quero ir lá. — Entristeceu um pouco.

— Kate, sua mãe já disse. — Micael soltou, sem paciência.

Estava sem paciência naquela manhã.

— Assim que você chegar... Podemos ir ao shopping, que tal? — Optei, dando um sorriso leve.

— Não. — Kate desceu da cadeira, correu até sua lancheira, colocando o objeto dentro da mochila de rodinha.

Micael levantou-se, tirando Marcel da cadeira de alimentação.

— Não force a barra com ela.

— Forçar? — Perguntei, incrédula. — Você quem disse sobre a minha mãe, não era pra ela ficar sabendo.

— Sophia, acho melhor a gente parar por aqui! Não quero ficar brigando por nada. — Respirou fundo, saindo de cena.

— Brigando por nada? — Estava super incrédula com aquilo. — Micael, você muito estranho! — Cruzei meus braços, querendo saber. — É por causa da nossa situação atual?

— Você tranquila, Sophia? — Discutiu. — Engraçado que... Você perdeu o seu emprego e agora quer dar uma de escritora romancista porque foi presa injustamente. — Gesticulou. — Faça-me o favor!

— Escritora romancista? Eu quero contar ao mundo a nossa história, Micael! — Me alterei. — Eu fui a mais injustiçada nessa história, por todos esses longos anos, Micael. É uma merda você crescer nessa tensão toda, nesse caos que a Rayana nos colocou. Ainda estamos pagando por tudo que aquela ordinária fez! — Minhas veias eram visíveis em meu pescoço, estava com raiva de tudo.

— Eu também sofri com isso, Sophia. Se lembre disso!

— Ah, sofreu? — Debochei. — Onde você sofreu? Comendo ela? Viajando pra Maldivas enquanto eu estava em casa com a sua filha, chorando horrores porquê você simplesmente sumia? — Meus olhos lacrimejam.

Meu passado me revoltava e era agonizante demais.

— Incrível como você tem o mesmo gênio que a sua mãe. — Sorriu nervoso, irritado e incomodado. Trincou o maxilar e decidiu encarar o piso da cozinha, preferindo o silêncio em diante.

— Vai me xingar de interesseira também? — Provoquei.

— Eu vou trabalhar, antes que você me mate, assim como matou a minha mãe. — Saiu, virando as costas. Eu odiava perder uma briga com Micael!

Bufei, tentando não perder a paciência.

Três horas depois.

Micael tinha ido trabalhar e Thomas estava me dando um trabalho danado naquela manhã, fiquei irritada por não conseguir escrever quatro linhas do meu livro, já que o mesmo chorava irritante, por algo que eu não sabia o que era. Difícil decifração!

— Ora, Thomas. — O balancei, andando pela casa. — Me diga o que você tem, irá melhorar o seu stress. — Sabia que não teria respostas quando o mesmo aumentou a potência do seu choro, esgoelando mais ainda.

Os vizinhos iriam me denunciar.

Fui em busca do telefone que estava na base, digitando os números do residencial de Lua. Ela demorou a atender.

Alô?

— Lua? Graças a Deus! — Thomas estava parando o seu choro, ficando um pouco calmo. — Como você está?

— Bem e você? Vejo que não.

— Thomas não para de chorar, eu briguei com Micael... Apenas estresse por aqui. — Coloquei o mesmo no bebê conforto em minha frente. — Você ainda está na cidade ou já partiu para o Rio? — Mordi a ponta dos meus dedos.

Eu tive uma passada rápida ao Rio, nada demais! Já voltei para Seattle, preciso encaixotar o resto das coisas. — Explicou. — Por que?

— Estava pensando em sumirmos. — Dei um sorriso leve.

— Sumir? Pra onde?

— Um lugar longe de tudo! Preciso terminar o meu livro e a cidade grande está me matando. — Me referi à Micael, que não estava nada satisfeito.

— Você sabe que ele vai te matar!

— Não me importo. E aí? Você vem ou não vem?

Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora