Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada

Capítulo 159

Me sentei na cadeira de madeira com um estofado super confortável que havia na casa de Lua. Móveis rústicos me lembrava a casa de Antônia.

E o bacalhau estava tão bonito.

— Então Sophia. — Claudia tinha um prato de cerâmica em mãos. — Como anda as coisas em Seattle? — Sorriu. — Você anda trabalhando?

— Estou desempregada. — Dei um sorriso arranjado, não muito original. — Mas estou escrevendo um livro. — Minha expressão mudou. Autêntica. O oposto de Lua e Micael.

— Um livro? — Claudia se interessou.

— Vou contar minha história ao público! Quero que todos saibam que eu não sou nenhuma pessoa má, como dizem. — Voltei o meu talher à mesa.

— Você será uma escritora de sucesso, Sophia. Não tenho dúvidas disso! — Trocamos sorrisos.

Micael bebeu um pouco da sua limonada.

— Mamãe. — A voz de Kate ecoou. — Você vai escrever um livro de princesas? — Sorriu animada.

— É um livro pra adultos, querida. — Respondi calma.

— Então quando eu for adulta, eu posso ler? — Estava animada com a minha resposta.

— Claro que sim! — Assenti, ainda sorrindo.

Lua estava com uma cara ótima.

— Aconteceu alguma coisa, querida? — Claudia tocou seu braço, preocupada.

— Prefiro ficar em silêncio. — Respondeu. — Antes que eu seja a errada da história.

— Não estou entendendo esse seu ódio por mim, Lua. — Provoquei.

— Não tenho ódio, estou apenas te alertando.

— É sobre o meu livro? O que tem demais pra você, eu escrever um livro? — Quis saber.

Lua ficou em silêncio.

— Tem coisas mais importantes pra você se preocupar.

— Tipo?

— Já chega, Lua. — Micael interviu. — Não vamos interromper a ideia da Sophia.

— Você aprova isso, Micael? É sério? — Estava incrédula. — Não era você que estava dizendo horrores sobre Sophia?

— Eu não vou mais me intrometer, Lua. — Rolou os olhos. — Sophia sabe o que faz, e eu, vou dar o total apoio que ela precisar.

Aquilo foi... Necessário e surpreso. Não entendia a raiva de Lua sobre mim mas o questionamento de Micael me deixou muito surpresa. Ele estava cansado de brigar ou se arrependeu no caminho para o Rio de Janeiro?

— Mamãe, não briga com a tia Lua. — Kate encostou a cabeça na mesa, um pouco triste e sonolenta.

— Ninguém vai brigar, meu amor. — Micael respondeu, sorrindo. — Vamos tirar um cochilo com o papai? E depois praia? — Kate se animou.

— Praia! Praia! Praia! — Vibrou enquanto saía da mesa.

Claudia suspirou antes de sair também.

— Vou ir lá fora, venham depois. — Sorriu amigável para nós. Sabia que o clima não estava bom.

Lua não me olhou, preferiu encarar o copo com limonada em sua frente.

— Ninguém está apoiando minha decisão sobre o livro. — Soltei. — Muito menos a minha melhor amiga.

— Sabe por que eu não estou apoiando? Porque essa história é ridícula, Sophia! — Pausou. — Você se tornou tão burra, tão... Idiota. — Soltou, sem ao menos pensar. — Onde está a Sophia inteligente que planejou tudo? Conta por conta, dívida por dívida, até os passos contava pra ver se nenhum estava saindo fora do padrão. — Umedeceu os lábios.

— Eu sou inteligente, Lua. Muito mais do que você! — Me defendi.

— Ah, claro! Você é super inteligente. — Gesticulou, em deboche. — Tão inteligente que se tornou uma burra de mão cheia. — Me encarou. — Livro? Contar a sua história pra várias pessoas que já conhecem a sua história? — Estava irritada.

— Você ficou muito diferente, Lua. — Neguei com a cabeça, decepcionada.

— Eu sou real, Sophia! Apenas isso. — Ficou em silêncio por segundos. — O Micael tá lá, cheio de problemas com o hospital. Vocês estão passando por apuros mas mesmo assim, você só olha pro seu nariz e nada mais. — Desabafou, me fazendo chorar.

Sequei minhas lágrimas, me levantando.

— Eu quero te ajudar mas você não quer ser ajudada.

— Agradeço por sua imensa ajuda, Lua Maria. — Respondi, irônica. Deixei Lua sozinha na mesa da cozinha.

E nada mais aconteceu! A casa ficou em silêncio, me fazendo pensar em comprar uma passagem de volta à Seattle, me esconder em casa e terminar o meu livro.

Horas depois.

Havia anoitecido. Micael tinha chegado com Kate, que dormia em seus braços ainda de biquíni e um pouco suja de areia. Estava lá fora quando escutei o barulho do Jeep ser estacionado no gramado, seguido pelo alarme, trancando o veículo. Lua havia se retirado, nos deixando mais confortáveis sem a sua recepção.

E Claudia optou por ir embora. Seu chácara havia avisado que o clima não estava bom.

Me concentrei na quinta parte do meu livro, digitando poucas palavras antes de Micael aparecer no gramado. Sentou-se em minha frente, na mesinha onde tinha escolhido ficar.

— O fardo dormiu. — Soltou um riso.

— Ela brincou bastante? — Me acomodei na cadeira.

— Brincou até demais! — Sorri. — Escrevendo?

— Só dando um checape básico. — Abaixei a tampa do MacBook.

Micael ficou em transe.

— O que aconteceu? — Me preocupei.

— Nada. — Voltou a me encarar. — Você quer... Sair um pouco?

— Sair? — Achei engraçado. Ele não entendeu.

— É! Sair. — Mexeu os ombros. — Por que você riu?

— É porque não tem lógica da gente sair. Não? — Arqueei uma sobrancelha.

Aquilo parecia um primeiro encontro. Na verdade, o esboço de um primeiro encontro.

— E por que não teria lógica? — Foi a vez de Micael rir, sem entender o sentido de nada.

— É que... Eu estou brigada com a Lua, não tem clima entre a gente. — Pensei. — Tudo isso!

— Sobre Lua e você. — Preparou-se ao dizer. — Ela tá sobrecarregada demais. Só isso!

— E por que ela está sobrecarregada demais? Tá acontecendo alguma coisa por aqui?

— Está tudo tranquilo. Eu juro! — Não estava! Seu sorriso falso me fez perceber tudo, mas não quis tocar no assunto.

Micael tocou minha mão.

— Quer sair comigo? Não aceito não como resposta. — Me tirou um riso sem graça, com vergonha.

Era como fazer aquilo pela primeira vez.

— Sair? — Lancei um olhar de preguiça à ele, que negou, me fazendo rir leve novamente.

— Sair! — Assentiu. — Eu quero te mostrar as maravilhas do Rio de Janeiro.

— Acho que eu já conheço todas. — Levantei meus ombros em defesa.

— Eu aposto que não! — Seu olhar sensual me fez mudar de ideia.

Suspirei enquanto me levantava da cadeira. Micael sorriu, animado.

— Me espere aqui em alguns minutos. Irei me aprontar! — Avisei, saindo dali.