Capítulo 16

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Era tarde quando me deitei na espreguiçadeira do quintal, na parte de trás da casa. O sol refletia em meu corpo, seminu. Tomar sol nos seios era recomendado para quase 98% das mulheres, preparando-se para amamentar. Eu fazia parte delas agora. De novo!

Fazia uma semana que não via Micael, conversamos pouco por mensagens e chamadas, sempre perguntava de Kate e como eu estava me saindo, se estava bem por conta do descolamento e se havia sangrado novamente. Estava sendo prestativo.
Kate tinha melhorado da inflamação que teve, apenas os reflexos a sondava agora. Mas febre? Nunca mais! Ficamos sossegados e tranquilos ao saber.

Me assustei quando o IPhone vibrou, ao meu lado. Coloquei meu braço no rosto, tampando minha visão diretamente ao sol. Não consegui ver quem era no identificador de chamada.

— Alô?

— O que você está fazendo? — A voz de Lua sondou.

— Tomando sol nos seios. — Disse calma. — E o que você está fazendo?

— Tomando café no Starbucks. Nada de novo!

— Onde está o Acsa? — Me ajeitei.

— Eu deixei com a babá. Estava em uma entrevista de emprego. — Pausou. — Tenho uma novidade pra você.

— Foi aceita no emprego? — Havia ficado feliz, estava torcendo muito à Lua nessa nova fase.

— Ainda não, mas... A notícia é bem melhor! — Anunciou.

— Você vai me contar ou vai ficar enrolando?

— Vou passar aí. Já estou saindo! Você quer alguma coisa? Um café?

— Micael disse que não posso ficar tomando café, faz mal ao bebê. — Me lembrei.

— E ele é obstetra agora? Me poupe! — Lua debochou.

— É melhor não revidar a palavra dele. — Estava calma em minhas palavras, descansada seria a palavra certa.

— Você está bem mesmo? Parece... Estranha.

— Como assim?

— Não sei. Parece estar calma demais pra situação, como se, não ligasse pra mais nada.

Eu havia contado à Lua sobre minha briga com Micael, ela decidiu não demonstrar nada e muito menos palpitar sobre o assunto. Ficou em cima do muro e quieta dessa vez.

— Eu realmente não ligo pra mais nada, Lua. — Suspirei. — Já estou farta de contar essa história, vou continuar cuidando de mim e da minha filha. Dos meus filhos.

— Você é quem sabe. — Escutei Lua bater alguma coisa, bem forte. — Já estou dentro do táxi. Chego aí em alguns minutos. Até mais!

Fiquei mais alguns minutinhos até o sol abaixar e dizer que estava indo embora. Sai da espreguiçadeira e fui pra dentro, Kate assistia televisão na sala.

— O que está vendo, querida? — Passei pela mesma que estava vidrada não TV.

— Um filme da Cinderela. — Os olhinhos brilhando.

— Cinderela? Eu também gosto! — Fui até meu quarto, entrando no closet.

— Mamãe, eu quero ficar com o papai. — Pediu. Veio correndo até mim, parando na porta do closet, se empoleirando no batente. — Onde está o papai? Por que ele não vem mais aqui? — Entristeceu.

Kate era muito apegada com Micael, não tinha o que tirar. As vezes me sentia triste e malvada por segura-la e mentir sobre ele, o por quê de não vir mais aqui. Era estranho à ela e eu entendia perfeitamente.

— Kate, irei explicar uma coisa pra você. — Fechei meu sutiã enquanto buscava uma blusa. — Seu pai está trabalhando muito! Por isso ele não vem mais aqui, está sem tempo. — Menti, um pouco. — Se você quiser, posso ligar à ele mais tarde, quem sabe ele não te atende. — Levantei meus ombros, é lógico que ele atenderia. Fazia tudo por Kate!

— É mentira! Você não gosta mais do papai, é por isso que ele não vem aqui. — Soltou, me impressionando.

Entramos em uma nova fase?

— Quem disse isso, Kate?

— Você é mentirosa, mamãe.

— Tudo bem! — Respirei fundo, não ligando ao que ela dizia. — O que você quer jantar hoje? Estava pensando em pedir uma pizza, a tia Lua está vindo! — Sai do closet, Kate me seguiu.

— Eu quero ligar pro papai! — Bateu os pés, nervosa.

Eu não iria me irritar.
Eu não iria me irritar.

— Kate, eu já te disse. E não, eu não estou mentindo. — A encarei. — Seu pai está ocupado, agora não dá! — Voltei pra sala, pegando o controle. — Vem aqui com a mamãe, vamos assistir Cinderela juntas. — Chamei.

— Eu não quero assistir Cinderela com você, eu quero assistir com o meu pai! — Jogou sua boneca longe, me impressionando mais ainda.

— Filha, entenda uma coisa. — Fechei meus olhos. — A mamãe está um pouco doente, não pode ficar passando nervoso, você entende? E seu pai está trabalhando, cuidando de pessoas doentes, assim como você estava. — Expliquei. — Então não seja rude e muito menos sem educação, você não é assim!

Kate ficou em silêncio, abaixou a cabeça.

— Você vai respeitar a mamãe? Sim? — Ela assentiu. — Prometa que nunca mais vai fazer isso? — Ela assentiu novamente, caminhando até mim.

Demos um abraço bem apertado, um pedido de desculpa irrecusável!

Enquanto mentia à Kate dizendo que Micael estava muito ocupado, ele realmente não estava.

Estava cansado quando passou pela porta automática, tirando o jaleco um pouco sujo pelo o dia de hoje, corrido e intenso. Entrou na Range Rover e partiu até sua antiga casa.

Quando chegou, guardou o carro na garagem e saiu, com o jaleco em mãos. Acendeu a luz da sala antes de trancar a porta, deixando o pano que estava consigo pendurado na cadeira.

Subiu as escadas tomando um banho, desceu novamente colocando o jaleco na máquina de lavar e indo à cozinha, preparando algo para comer. Quando terminou, foi até à sala, ligando a TV e buscando algum canal para distrair.

Foi quando o barulho de algo se quebrando ecoou, na cozinha. Micael franziu o cenho.

Deixou seu prato no sofá e caminhou até lá, acendendo a luz. Avistou o copo de vidro no chão, com centenas de cacos. Negou com a cabeça.

— Sempre esqueço a janela aberta, incrível! — Disse a si mesmo, indo até a janela e fechando. Logo após, caminhando até a lavanderia. Procurou pela vassoura e ligou-se ao ver que a máquina de lavar não estava mais ligada.

Estranho!

— Hoje é o dia, não é? — Irritou-se, verificando os botões. Todos estavam certos e nenhum dava queixa de que o aparelho havia queimado ou estragado. Micael ligou a máquina novamente, vendo o eletrodoméstico funcionar perfeitamente.

Limpou a sujeira do copo e voltou à sala, terminando de comer.

Mas antes que ficasse em paz, havia escutado barulhos do lado de fora, como se fosse alguém...

— Tem gente aqui! — Micael soltou, um pouco baixo. Foi até o quintal, andando por lá.

Acendeu a lanterna de seu IPhone, dando uma ronda pela casa, os pés descalços andando pelo gramado mas não achou absolutamente nada. Iria ver pela câmera de segurança se alguém estava tentando invadir, esperava achar respostas.

Mas era estranho essas coisas estarem acontecendo.

Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora