Capítulo 168

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Eu havia dormido, de novo. Micael não estava mais na cama e eu pude sentir alguém deitando ao meu lado, no corpo médio, em crescimento. As mãozinhas brancas enlaçaram em meu peito, me abraçando por atrás. Os cabelos louros e ondulados nas pontas me fizeram chorar. Eu amava os meus filhos mas no momento eu não podia fazer nada!

— Oi mamãe. — Kate sussurrou em meu ouvido. Aquilo era uma chantagem emocional, com certeza. — Eu te amo. Você sabe disso, não sabe? — Não consegui responder.

Beijei sua mãozinha fortemente, acolhendo junto das minhas.

— O papai disse que é pra você descer. — Me avisou.

Eu assenti, sem ver Kate. A janela estava mais agradável no momento, e o nome disso era medo.

— A tia Lua lá em baixo. — Arregalei meus olhos.

Tinha brigado com Lua, meses antes. Mas a audácia da mesma vir até em casa e não comparecer no enterro da minha mãe, foi demais. Por dez segundos eu me revoltei, tirando a capa de derrotada e sofrida, virando uma pessoa extremamente esbravecida, com direito a saída melodramática da cama, bem furiosa. Kate se assustou um pouco quando procurei por meu sapato de quarto, indo até à sala. Lua estava sentada no sofá, conversando alegremente com a babá que mostrava um álbum de fotos de alguém, não me interessei. Tinha a fuzilado com o olhar, no penúltimo degrau da escada, querendo saber o por quê dela estar ali.

— O que você fazendo aqui? — Apertei forte o corrimão.

Lua se levantou rapidamente, ajeitando a postura e tirando o semblante de alegre.

— Eu vim conversar com você. — Soltou.

— Eu não quero conversar com ninguém. Saia da minha casa, agora! — Decretei, silabando corretamente para que entendesse, sem perguntas.

— Com licença! — A babá pediu, saindo do meio do campo de guerra. Estávamos à sós e cabeças iriam rolar, com certeza.

— Será que dá pra você me escutar? — Abriu as mãos, incrédula. — Obrigada. — Debochou.

— Eu não quero escutar você, nunca mais. Você morreu pra mim, Lua Maria. Morreu! — Aumentei meu tom de voz, descendo totalmente dos degraus faltantes. — Quanta audácia de vir até aqui. — Balancei minha cabeça, franzindo meu cenho. — Minha mãe morreu e você me deixou sozinha. — Engoli seco.

— Eu não podia vir até aqui, Sophia. Não podia. — Soltou. — Você precisava desse momento sozinha, eu sei que isso ia acontecer.

— O Micael contou pra você? — Foi como levar um tiro no peito e cair em segundos. Minhas lágrimas inundaram o meu rosto.

— Ele me disse tudo. Foi por isso a viagem do Brasil. — Trinquei meu maxilar apenas imaginando. — Ele não sabia como te contar. — A voz de Lua embargou. — Sabíamos que você iria ficar assim.

— E mentir pra mim foi a melhor opção? — Coloquei minhas mãos na cintura, mantendo a calma. — Eu estou assim por conta de vocês. Dois inúteis e mentirosos! Se merecem. — Gesticulei, com raiva.

— Não é bem assim, Sophia. — Tentou me explicar. — Você tava toda doente com esse seu livro. — Revirou os olhos, mudando de assunto. — A gente não queria cortar o bom momento que você estava tendo. O Micael ficou muito mal com isso, sabia?

— Dane-se o Micael. Ele mentiu pra mim, de novo. — Estava com ódio no corpo. Aquilo não era normal. — E você como sempre ficando do lado dele. Impressionante! — Fuzilei Lua com o meu olhar.

Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora