Capítulo 141

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— Micael, não!

— Por que não? Eu fali! Não tem mais jeito, Sophia.

— Claro que tem. — Parei em sua frente. — Você só precisa acreditar em mim.

— De novo aquele assunto do livro? — Estava um pouco irritado quando bufou.

— Sim, de novo!

— Eu não quero discutir. — Fez uma careta, dando de ombros. — O momento agora são as despesas.

— Por que você está tão preocupado com dinheiro? Onde está a sua herança?

— No hospital? — Soltou, em deboche. — Sophia! Nós temos três filhos, uma casa pra cuidar, um hospital pra manter de pé.

— E desde quando isso foi uma pedra no nosso caminho, Micael?

— Desde quando as coisas não estão bem! — Estava bastante irritado.

O que despertou um choro em Thomas, assustado.

— Ok, não vou falar mais nada. Seu hospital, suas responsabilidades. — Peguei Thomas no colo, o acalmando.

— Meu hospital?

— Sim, seu! Não era o seu sonho? — O ninei mas mesmo assim não estava adiantando.

— Você quer começar uma briga? — O choro de Thomas ficou mais alto, minha cabeça doeu.

— Micael, eu estou cansada! Ok? — Fechei meus olhos, querendo fugir.

E não havia contado que fui, tecnicamente, despedida hoje. Outro round de briga aconteceria.

— Eu quero paz, apenas isso. — Subi com Thomas enquanto Micael ficava lá em baixo, retirando Marcel do carrinho.

Caminhei até o quarto de Thomas, que ainda chorava. Escutei Kate reclamar alguma coisa de seu quarto mas não consegui socorrê-la. Sabia que a manha de Thomas era fome, pronto para dormir em seguida.

Me ajustei na poltrona de amamentação, com ele em meus braços. Levantei minha blusa, logo após, abrindo o pequeno fecho do sutiã na parte da frente, liberando meu seio direito para que Thomas mamasse.

Fim do chororô!

— Vamos, eu te conheço! — Micael entrou no quarto com Marcel no colo, o arrumando no berço.

— O que? — Me desentendi.

— Você sabe que Samantha ligou aqui umas três vezes antes de você chegar. — Escorou-se no berço, cruzando os braços.

Não tinha como esconder, uma hora ele saberia.

— Eu fui demitida. — Encarei a parede em minha frente.

— Uau. — Assentiu, ficando em silêncio. — E por que?

— Micael... — Fechei meus olhos.

— Por que? Vamos, me diga! Por que você foi demitida? — Ajuntou as mãos, esperando pela resposta.

— Ela não quer uma ex-presidiária trabalhando na empresa dela. Foi isso! — Bufei. — Satisfeito?

— Não. — Negou. — Eu sei que por trás dessa história tem outra coisa interligada.

— O que? — Franzi meu cenho.

— Você contou à ela sobre o livro, não foi?

— Contei.

— Está vendo? A hora não é agora, Sophia.

— Micael! Quer hora melhor? A imprensa está praticamente gritando pela gente! Eles querem atenção, ainda mais agora.

— Atenção? Imagine quando a imprensa souber que o hospital faliu. Você já pensou nisso?

— O hospital não faliu, ainda!

— Exatamente! Mas vai falir se eu não fizer alguma coisa. — Ficou novamente irritado. — Eu queria que você me ajudasse, sabia? Eu sempre te ajudo em tudo!

— Como é que é? — Foi minha vez de se irritar. — Eu não te ajudo, Micael?

— Em termos?

— Vai, fala! Eu não te ajudo? Eu sempre te ajudei, até com aquela louca da sua ex mulher, que a propósito, eu matei. — Soltei, irritada.

Mas não percebi que Kate estava no batente da porta, sonolenta e triste. Usava um pijama comprido, com coala's e detalhes em rosa e verde água.

— Mamãe, para de brigar. — Pediu, mexendo os pezinhos no carpete.

— Não tem ninguém brigando, meu amor. — Micael interviu, a pegando no colo. — Escovou os dentinhos? — Ela assentiu. — Deixa o papai ver, me dá um sorrisão! — Kate sorriu à Micael que fez o mesmo, enchendo ela de cócegas novamente.

Kate começou a rir.

— Shiiiiiii. — Micael a silenciou. — Marcel está dormindo e Thomas está quase! — Avisou Kate que ficou em silêncio.

— Papai, eu posso ver o Cômas? — Kate sussurrou à Micael que sorriu, levando ela até perto de mim.

Sorri quando Kate me observou, querendo pedir algo. Estava animada vendo o irmão terminar de mamar, quase dormindo.

— Mamãe, eu posso fazer carinho no cabelinho do mas? — Pediu, em sussurro.

— Pode, amor. Devagarzinho. — Lhe alertei, ainda sorrindo.

Micael ajudou Kate, segurando suas mãozinhas delicadas. Ela ficou eufórica ao encher o irmão de carinho, alisando os seus cabelos pretos e lisos. Eu e Micael sorrimos, nem parecia que estávamos discutindo à minutos atrás.

— Mamãe, ele dormiu? — Ainda sussurrava, o que era bonitinho.

— Sim. — Sorri. — A mamãe agora vai levar ele pro berço. E a senhorita irá dormir, amanhã tem aula cedinho! — Beijei Kate na bochecha, que não gostou muito do corretivo sobre ir à escola.

Como era preguiçosa!

— Vamos princesinha. — Micael lhe chamou, pegando ela novamente no colo.

— Papai, você vai contar uma história? — Kate parou de sussurrar assim que saiu do quarto de Thomas e Marcel, perguntando à Micael que segurava o riso.

— Uma história? O papai não sabe ler. — Fez Kate bater em seu ombro, de leve, ele teve uma crise de riso. — Não bata no papai, meu amor. Eu fico triste! — Fez uma careta.

— Mas papai, uma historinha só. — Micael colocou Kate em sua cama, arrumando o edredom em seguida.

Ligou o abajur de bailarinas. Kate ficou em transe, vendo o desenho consumir o quarto.

— Papai, eu quero ser uma bailarina. — Soltou.

— Você pode ser o que você quiser, meu amor. — Sorriu. — Desde que você estude, coisa que a princesinha não é muito chegada. — Kate riu.

— Eu sou sim! — Se acomodou nos travesseiros.

Micael a observou pegar no sono, em fração de segundos. Ele sorriu em seguida, chegando mais perto de Kate.

— Eu te amo, princesinha do papai! Durma com os anjinhos. — Beijou a bochecha de Kate, arrumando o seu edredom.

Saiu de seu quarto, indo até o nosso.

Estava no box, tomando meu banho, pensando o que tinha feito Samantha mudar de ideia totalmente sobre mim. Onde havia errado, que escolha tinha feito para ela desistir tão rápido.

E sim, fiquei angustiada com a possibilidade de Micael vender ou fechar o hospital, o que era péssimo para nós.

— Eu não queria ter feito aquilo. — Sua voz sondou atrás de mim, máscula e forte. Senti seus lábios em meu ombro, o beijando.

— Você não tem culpa. — Alonguei minha mão até seu corpo, o alisando.

Micael me virou, iniciando um beijo cheio de gana. Segurei em sua nuca, me apoiando. Não importa o quanto brigássemos, sempre iríamos acabar nos redimindo... Na cama.

Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora