Capítulo 76

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— Entra no carro, vacilão. — O capanga de 1,80 empurrou Micael dentro do carro. A porta foi fechada, levando o mesmo até o hotel que estávamos.

Seu olho continha um roxo, porém, sua cintura estava a salvo de qualquer infecção. Só queria sair de Barbados, acabar aquela história e dar um jeito de enterrar Rayana com as próprias mãos.

Estava de um lado para o outro, andando dentro do quarto, enquanto detonava minhas unhas, com medo e aflição. A porta se abriu, revelando Micael.

— A caixa chegou? — O encontrei, desesperada.

— Que caixa? — Franziu o cenho. — Quem estava aqui?

— Rayana estava aqui! — Cerrei meus dentes. — Está tudo acabado, está tudo acabado, Micael. O dedo de Kate chegará em alguns minutos, ela me disse, por Deus, ela me disse. — Ajoelhei em seus pés, me acabando de chorar.

Micael trincou o maxilar, engolindo seco.

— É mentira! — Soou grosso.

— NÃO É MENTIRA. ELA ME DISSE, NÃO VALEMOS DE NADA NESSA MORTE. EU ODEIO ESSA MULHER! — Solucei entre o choro, Micael me pegou pelo braço, me fazendo ficar de pé novamente.

— Escuta. — Me chacoalhou. — Você é a única que está caindo nas coisas que Rayana diz. Olhe só pra você! Está frágil e não consegue terminar essa porra de jogo maldito. — Me encarou. — Ela está conseguindo o que quer, bagunçar o seu emocional e fazer com que você desista.

— Eu prefiro morrer do que matar alguém que eu amo.

— Vá se foder com essas frases de filme pronto, Sophia. — Me largou, andando pelo quarto. — Kate está em perigo! Precisamos salvá-la.

— E como vamos salvá-la? Me diga? — Pousei minhas mãos na cintura, esperando por sua resposta infalível.

— Jogando. — Silabou. — É isso que ela quer, ela é sádica. Precisamos chegar até o final dessa merda.

Escutamos duas batidas na porta, Micael correu para atender.

— Micael Borges? — A moça continha uma caixa média nas mãos, embalada na cor marrom claro.

— Sim, sou eu. — Assentiu.

— Sua encomenda chegou. — Entregou a caixa à Micael, que pegou rápido, fechando a porta em seguida.

Desembalou em velocidade, abrindo os locais indicados, levantou a tampa da caixa média.

— PUTA QUE PARIU. — Gritou, fechando a caixa com todo o ódio possível.

Seu rosto estava travado, imóvel. As lágrimas caíram repentinamente. Nunca havia presenciado Micael daquele jeito, sensível e puto, ao mesmo tempo.

— É O DEDO DELA, EU DISSE! — Ainda chorava.

— Não quero que veja isso. — Me abraçou, beijando o topo da minha cabeça. — Não quero que veja isso. Eu não quero. Eu não quero. — Forçou os olhos, chorando mais ainda.

— Micael...

— Aquela vadia dos infernos! Aquela... Piranha, filha da puta. — Grunhiu em ódio. — Olhe pra mim. — Segurou minha cabeça, mantendo o olhar somente à ele. — Precisamos de um plano, chega de jogar com ela.

O QUE?

— Como? O que? — Não estava entendendo. — Precisamos salvar a Kate.

— Sim, nós precisamos. Mas pense comigo. — Pausou. — Fizemos tudo o que ela pediu, ainda matamos um de brinde, e ela nos ultrapassou, mentiu para nós.

— Ela disse que não avisamos por SMS.

Pro inferno, estávamos sem celular, dentro de um barco velho. O que poderia acontecer? — Micael negou-se, diversas vezes. — Ela está sendo cruel, Sophia. Ela vai fazer a gente matar todos, e não vamos ser recompensados.

— E o que você quer fazer?

Micael ficou em silêncio.

— Vamos entrar no jogo dela, fazendo o nosso. — Piscou rápido. — Escute-me. — Me puxou pelo braço, me fazendo sentar na cama, o encarando. — Vamos voltar à Nova Iorque, buscar o carro e sair em direção aonde ela nos mandar. Vamos participar da assembleia ridícula dela de roleta, ver os escolhidos e partir ao ataque.

— E depois? — Assenti, entendendo.

— E depois vamos começar com a primeira vítima que ela ama. — Umedeceu os lábios. — Elisa. — Soltou, em alto e bom som.

Fiquei em silêncio, apenas encarando Micael que tinha sangue nos olhos.

— Vamos matar mais alguém? — Fiquei em transe, encarando o chão do quarto.

— Já matamos duas pessoas, Sophia. Estamos mais fodidos do que cu de puta. — Soltou um riso sem vida. — Ou fazemos isso, ou Rayana irá nos torturar até fazer com que um de nós nos mate.

Engoli seco com essa opção, e seria muito do agrado dela fazer essas coisas. Segurei nas mãos de Micael, selando um breve pacto, fazendo com que fôssemos até o final.

— Vamos embora daqui. — Micael soltou, levantando-se.

— Eu vou tomar um banho. — Avisei.

— Não temos roupas aqui, Sophia. — Me lembrou. — Não sei como ela nos vestiu.

— Merda. — Silabei baixo. — Compre as passagens, eu quero ir embora daqui.

Decretei. Vi Micael buscar seu IPhone, ele havia o deixado no hotel antes de sairmos. Esperto! Ligou para a companhia aérea, reservando duas passagens com destino à Nova Iorque.

Todo o processo foi feito, de volta à Nova Iorque. Filas, banco de espera, mais filas, até conseguirmos embarcar. Por fim, depois de quatro horas estávamos novamente a badalada Nem York.

Avistamos a Range Rover no estacionamento, intacta. Micael acionou o alarme, conseguimos entrar.

— Vamos voltar à...

— Finalmente chegaram. — A voz de Rayana veio do banco de trás.

Como ela havia entrado? Por Deus, aquela mulher era o próprio capeta.

— COMO VOCÊ ENTROU NO MEU CARRO, PORRA? — Micael disparou, nervoso.

— Eu peguei a sua chave enquanto estava curando esse buraco infeccioso na sua cintura. — Balançou a cópia da chave. — Espero que não se importe.

— Vagabunda. — Cerrou os dentes. — Você mentiu pra gente, disse que Kate estaria segura se fizéssemos tudo o que você quisesse.

— MAS NÃO FIZERAM. — Gritou. — Vocês foram burros, não me avisaram e o tempo se esgotou. Não venham me dizer que estão certos, vocês foram burros. — Deu um sorriso maldoso, como sempre fazia.

— Aonde você vai chegar com isso? Por que você não pode simplesmente superar isso como um chifre qualquer, como uma pessoa normal...

— PORQUE EU NÃO ADMITO QUE VOCÊ FIQUE COM OUTRA, MICAEL. VOCÊ É MEU! VOCÊ NASCEU PRA MIM. ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE.

— Sua doente de merda. — Negou com a cabeça. — Vá se tratar, de verdade.

— Eu vou, mas irei levá-lo junto. — Decretou. — A próxima ordem é voltarem para Seattle. — Rayana me encarou. — Eu quero que me tragam a cabeça de Lua Maria Blanco, com todos os seus cachos loiros hidratados. Do jeito que são! — Meu coração gelou. — Não colocarei tempo, foi fácil demais da primeira vez. — Desceu da Range Rover.

Sem mais, a mulher era o cão em forma de gente.

Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora