Capítulo 117

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Meu primeiro dia de trabalho, finalmente! Estava bem ansiosa quando passei pela porta giratória, vendo a imensidão de pessoas esbarrando contra mim e entrando em diversos elevadores. Corri até um, conseguindo uma carona até o andar de Samantha.

Passei pela sala mostrada à mim ontem e bati em sua imensa porta, escutando seu grito, em plena manhã.

Seria um bom dia, talvez?

— Bom dia, Samantha. — Coloquei minhas mãos em frente ao meu corpo, ajustando minha coluna. Estava com uma saia acima dos joelhos e uma regata com babadinhos na gola, em branco.

Se Micael me visse, se excitaria fácil. Ele disse pra mim, uma vez, que tinha fetiche em secretarias. Achei apropriado ao momento! Nunca havíamos brincado de empresa, só de médico.

— Bom dia, Sophia. — Deu atenção ao MacBook em sua frente. — Preparada pro seu primeiro dia de trabalho? — Me encarou, retirando o óculos de descanso.

— Totalmente preparada. — Soltei um sorriso enorme, respirando fundo.

— Ok. Vejamos! — Levantou-se. — Ali está a sua mesa, bem ampla, computadores conectados à sua disposição. Na esquerda temos... O seu trabalho! — Sorriu simples, me mostrando a enorme pilha com livros, ainda plastificados.

Eu demoraria vinte anos ou mais. Kate já estaria na faculdade!

— Jesus! Isso tudo são...

— Livros. Editoriais esperando por uma resposta. Quero que leia e revise os mais chegados, que dê audiência o bastante. — Me explicou. — Quando terminar, te mostrarei os e-mails com mais livros. Quero que os revise também.

Meu trabalho era definitivamente ficar lendo livros, que ótimo!

— Só isso? — Caminhei até minha mesa, bem ampla, como ela mesmo disse.

— Sim, só isso! Eu vou ao centro da cidade, talvez você só me veja amanhã. Quem sabe, depois de amanhã. — Pensou. — Não conte à ninguém, estou indo viajar. Para Cancún. — Sussurrou, pensando que alguém nos escutaria.

— Claro. Que ótimo, Samantha! — Me fingi feliz. Não daria certo seus gritos enquanto revisava os livros. — Faça boa viagem então.

— Até mais, queridinha! Te trarei algum mimo da praia. — Acenou e saiu da sala.

Estava sozinha e com um trabalho imenso pra acabar.

Acabar de começar!


— AU! — Lua resmungou, após sentir a agulha penetrando em sua pele. — Isso doeu, sabia? — Disse à Micael que retirava, calmamente. Jogou a seringa e agulha no lixo.

— Você é fraca demais, Lua Maria. — Riu leve.

— Eu pari um bebê, não sou fraca! — Rebateu.

— Reformando. Você deitou em uma maca e alguns profissionais abriram sua barriga, retiraram Acsa de lá e... Fim. — Lua revirou os olhos. — Quando você vai arrumar um marido? — Conversou com a mesma, que franziu a sobrancelha.

— Como? — Achou graça.

— Você vai ficar viúva pra sempre? — Observou Lua que estava em transe.

— Não sei. Eu não quero mais ninguém na minha vida. — Fechou-se. — Ainda é difícil pra mim.

Micael ficou em silêncio, consolando Lua.

— Você sente falta dele, não é?

— Não todo o tempo. — Soltou. — Ele era bom mas ao mesmo tempo era ruim. — Encarou o chão. — Não estávamos mais felizes, Micael. Isso é fato! Arthur me traiu diversas vezes e eu cedi.

— Ele te bateu? — Foi certeiro na pergunta.

Lua preferiu o silêncio.

— Ele te bateu, Lua? — Repetiu a pergunta.

— Sim. — Silabou, bem baixo. — Está feliz? — Fuzilou Micael com o olhar, se irritando.

— Não, você sabe que não. — Puxou uma cadeira de escritório, sentando em sua frente. — Eu só queria confirmar, apenas isso. — Soou leve. — É deplorável quando isso acontece!

— Ainda bem que você sabe. — Fugiu do assunto. — Obrigada pela injeção de morte. — Micael riu.

— Você é muito dramática. Mais dramática que a Kate! — Terminou de rir.

— Você enfiou doze metros de agulha no meu braço, e ainda doeu! Essa sua mão de cavalo quase mata um. — Micael iria morrer de rir. — Coitada da minha amiga Sophia, um tapa seu deve a quebrar por inteiro. — Saiu da sala de medicações.

— Eu não bato na Sophia. Sabe disso, não sabe?

— Você só sabe bater nela quando quer conceber algum filho. Entendo! — Assentiu, sendo irônica. — Até mais, Borges. Obrigada pela picada. — Deu às costas, saindo do hospital.

Micael terminou de rir, sozinho. Tinha que trabalhar, e foi.

Saiu da sala de medicações, indo ao corredor e observando o burburinho que se formava. Franziu o cenho.

— Doutor Borges? Queríamos falar com o senhor! — A moça de cabelo preto lhe apontou, um pouco brava.

— Claro! Posso saber o que aconteceu? — Foi simpático.

— Meu filho está precisando de um leito! Ligamos ao hospital na semana passada mas esse inútil disse que não poderia nos atender. — Olhou irritada à Aubrey, que se defendeu.

— Senhora, eu peço que não me ofenda. Em nome de todo o hospital! — Estava alterando o tom de voz.

— Senhora... Eu sinto muito sobre o que aconteceu. — Micael respondeu, tentando não dar um murro na face de Aubrey. — Em nome do hospital e sobre o erro que meu funcionário cometeu, eu lhe darei o leito. — Aubrey ficou boquiaberto, arregalando os olhos.

— Graças a Deus! Graças a Deus! — Abraçou Micael. — Eu não sei como agradecer. Juro que, iremos pagar todos os dias...

— Não se preocupe com isso, senhora. Eu que peço desculpas! — Observou a mulher chorar em sua frente. — Buscarei o seu filho. Ele está por aqui?

— Está sim, a ambulância está o trazendo. — Respondeu. — Muito obrigada, doutor Borges! O senhor tem o coração de ouro.

— É apenas o meu trabalho. — Sorriu leve. — Com licença! — Retirou-se da multidão, mas parou imediatamente. — Aubrey! Minha sala em dez minutos! — Ai, ai, ai...

Micael seguiu irritado até sua sala, empurrando sua porta com tudo. Esperou por Aubrey que o seguia, preparando-se para defender.

— Micael, eu posso explicar. — Rendeu as mãos.

— Você negou um leito pra uma mulher desesperada? — Estava irritado.

— Ela não tem dinheiro pra bancar quatro horas de um leito! Ela é uma farsa! Você caiu no golpe dessa brutamontes pobre. — Gesticulou.

— FODA-SE AUBREY, FODA-SE! — Gritou. — Somos feitos de carne, iremos morrer no mesmo buraco. Você não vai levar as suas roupas de grife. Pense nisso! — Passou a mão no rosto.

— O hospital precisa de status, Micael! Você é o doutor Borges, o cirurgião mais procurado de Seattle. — Rebateu.

— Aubrey, por favor! — Pediu, tentando não se irritar. — Saia da minha sala e assine sua advertência no balcão da recepção.

O amigo ficou boquiaberto.

— Advertência?

— Aubrey!

— Você irá me dar uma... Advertência? — Chocou-se mais ainda.

— Você tem sorte de não ser uma demissão. — Passou pelo o amigo, esbarrando de propósito.

Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora