Capítulo 177

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— Você mandou muito bem! — Lua sorriu orgulhosa após subirmos ao meu quarto. Ela tinha Thomas nos braços que queria pegar as ondulações de seu cabelo.

— O Micael me tira do sério as vezes. — Estava desfazendo a minha mala. — Já pensou se a Kate cai dali de cima? Quebra uma perna? Um braço? Sei lá eu. — Minha mente de mãe era preocupante.

E sim, quando você vira mãe, só se pensa nesse modo.

— E a sua babá? — Ficou interessada, pensando.

— Você ficou de olho na babá das crianças? — Achei graça.

— Claro que não! Eu só achei ela... Estranha. — Ninou Thomas agora, que ficou emitindo sons, tirando risinhos fofos de Lua.

— Ela é bem tímida. Não gosta muito de estar no nosso meio. — Fui até o closet. — Mas se você conversar com ela, o assunto rende. — Voltei, agora sem nada nas mãos.

— E onde vocês encontraram ela? — Sentou-se na beirada da cama.

— A mãe dela era faxineira do hospital, desde que Micael inaugurou o prédio. — Suspirei, tirando algumas calças jeans de dentro da mala. — Ela precisava de alguma coisa, só pra segurar as pontas. E eu precisava muito de alguém pra segurar as minhas pontas. — Dei ênfase fazendo Lua entender.

— E o hospital, hein? — Entristeceu um pouco. — Vocês conseguiram resolver aquele lance financeiro?

— Ainda não. — Lhe encarei, um pouco triste também. — Micael vai vender aquilo lá, não adianta a gente insistir em absolutamente nada. — Voltei ao closet.

— Mas ele ainda pode trabalhar por lá. Não pode? — Lua optou.

— Pode mas... Você conhece o Micael. Ele não vai querer trabalhar em algo que não é dele. — Apaguei a luz do cômodo, observando Lua alisar o rosto de Thomas, que estava quase dormindo. Ela sorriu.

— Você sabe fazer um filho como ninguém. — Silabou, observando todas as feições de Thomas, que eram perfeitas. O nariz, boca, rostinho... O meu filho parecia um boneco fora da caixa!

— Eu tenho os meus truques. — Soltei um risinho.

O furacão mirim havia acabado de entrar no quarto. Estava usando um chinelo pink com listras rosas da Adidas, uma jardineira jeans escura e uma blusa, também rosa, com algo escrito, mas não consegui identificar já que a jardineira tampou. Cruzou os braços e bateu os pés, esperando uma explicação.

Aquela era a minha filha: Katherine Borges, em miniatura esbravecida que me fazia rir.

— Oi amor. — Segurei meu riso. Já sabia que iria brigar comigo pelo fato de Micael estar lavando a louça.

— Por que você fez aquilo com o meu papai? — Estava brava. Sua sobrancelha franzida era o máximo! Lua morreu de rir.

— Porque o seu papai poderia ter te machucado, e você nem perceberia. — Lhe expliquei.

— Pega leve, anãzinha de Jardim. — Lua completou.

Kate ficou mais irritada.

— Eu brava com você, mamãe. — Fez uma careta de brava. — O papai só fez uma brincadeira comigo! Eu nunca lavo a louça.

— Você é privilegiada, sabia? Na minha época tínhamos que lavar a louça, se não, era chinelo na bunda. — Gesticulei. — E não adianta acobertar o seu pai, ele errou e eu estou muito brava com ele. — Foi minha vez de cruzar os braços.

Kate desistiu da guerra que arrumaria comigo, deu meia volta com seu chinelo chamativo e saiu pisando duro. Encarei Lua que tentava não gargalhar, mas era impossível.

— Que menininha do peru! — Terminou de rir.

— Você ainda não viu nada, Lua. — Neguei, também rindo. — Você ainda não viu nada!

Dei uma olhadinha em Thomas que já dormia. Pedi pra que Lua o colocasse no berço, fui em busca da babá eletrônica, levando comigo. Descemos as escadas novamente, vendo a babá arrumar suas coisas para ir embora.

— Você já vai? Ainda está cedo! — Falei com a mesma enquanto descíamos as escadas.

— Já deu a minha hora. — Eu também falaria isso se tivesse cuidando dos três bebês e mais dois malucos brigando por uma louça suja. — Você precisa de mais alguma coisa? — Foi dócil ao perguntar, mas recusei a sua ajuda. Ela assentiu, indo embora.

Lua se jogou no sofá, buscando o controle remoto.

Caminhei até à cozinha, verificando Micael, todo molhado pela louça lavada. Estava dando um trato geral, com direito a lavagem de pia e arear as panelas.

— Muito bem. — Aproximei de seu corpo, observando a pia extremamente limpa por cima de seu ombro. Ele revirou os olhos.

— Era isso que você queria? — Debochou.

— Dava pra passar um limpa-pia, essas coisas. — Optei. — Mas já está ótimo assim! Espero que você tenha aprendido a lição. — Sorri falsa à ele, que revirou os olhos.

— Isso já poderia ser a minha lição, agora, dormir no sofá não tem nada a ver. — Questionou comigo, enquanto eu ia até a geladeira, buscando um iogurte de morango.

— Dormir no sofá só significa que eu quero estrangular você e não quero você dormindo ao meu lado, durante esses dias. — Abri a gaveta, pegando uma colher de sobremesa.

— DIAS? — Ficou surpreso.

— Sim, dias. Algum problema? — Me sentei na mesa, saboreando o meu iogurte. — HUMMMMM. — Debochei em sua cara.

— Olha aqui! — Apontou à mim. — Isso já virando ridículo da sua parte. Eu lavei a louça, arrumei tudo e agora tenho que dormir no sofá porquê você ficou irritadinha?

IRRITADINHA? — Gargalhei alto, sendo total debochada. — Eu poupei a Kate de ter um acidente, Micael!

— A cadeira era alta e com proteção, ela nunca cairia dali.

— E você é Deus pra saber de alguma coisa? — Esperei por sua resposta mas recebi o seu silêncio. Ele sabia que estava errado. — Eu imagino se ela tivesse caído dali, a merda que iria dar. E você estava mais interessado em assistir o jogo, ou fazer a babá de empregada. — Remexi meus lábios.

— Você me desculpa?

— Você sabe que não. — Desisti de sentar ali, encarando sua face entristecida por ter feito algo errado. Mas eu estava adorando! — Quando eu melhorar, aí então, eu posso pensar na possibilidade de você voltar a dormir na cama.

— Posso dormir pelo menos no quarto de hóspedes?

— Você se esqueceu da Lua. — Apontei à mesma. — Ela vai dormir aqui essa noite.

— MAS ELA TEM A CASA DELA!

— MAS ELA NÃO QUER DORMIR LÁ! — Aumentei o tom novamente. — E é melhor você calar a boca, eu não quero ouvir a sua voz. É sério! — Dei meu ultimato, saindo dali.

Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora