3. Aspirantes a cantores

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📌 | Boa leitura!

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🗒DULCE

Passei em três cafeterias, uma joalheria e mais duas lojas de roupas. Mesmo que eu estivesse usando o meu melhor jeans, minha única camisa azul de botões e o meu sapato mais conservado, os gerentes ainda me olhavam com desdém. Será que eu estava cheirando a pobre? Era certo que o meu perfume não condizia com a minha personalidade, já que era uma colônia para bebês, mas não era como se parecesse barato. Eu até me esforcei para fazer uma maquiagem que escondesse minhas olheiras e prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo perfeitamente alinhado. Eu parecia a porra de uma assistente amável e prestativa.

Foi difícil forçar gentileza com aquelas pessoas claramente subestimando as minhas habilidades e desconfiando do meu currículo. Ok, eu não fiz parte de uma firma de tecnologia internacional por dois anos e também não sabia falar francês, mas eu era uma boa atriz e conseguiria agir de acordo antes que eles pudessem notar a mentira.

No horário de almoço, me encontrei com Maite em uma lanchonete. Assim como eu, ela também passou a manhã andando para lá e para cá pela cidade atrás de um emprego.

— Acho que eu nunca sorri tanto para as pessoas em toda a minha vida. — reclamei, massageando as minhas bochechas doloridas. — Ainda bem que só tenho mais um lugar pra ir, depois eu posso ficar em casa grudada com o celular esperando que alguém se interesse em me contratar.

— O teste na casa de shows é hoje?

— Sim. Eu vou cantar Back to Black. — ergui o queixo e sorri. — Tenho muita segurança nessa canção, então sei que vou me sair bem.

— Espero que eles te contratem. Seria a primeira vez que você trabalharia em uma coisa que realmente gosta. Além disso, os amigos dos cantores ganham vinte e cinco por cento de desconto no bar. — riu, molhando uma batata frita na espuma do meu milk shake e levando à boca logo depois.

— Você é nojenta. — franzi a testa.

— Falou a garota que está cogitando comer os sachês de atum do próprio gato.

— Você tem que admitir que a Kitty está comendo melhor do que eu. — ri. — Mas eu não preciso roubar os sachês dela, o meu vizinho de cima vai pagar o meu jantar sempre que eu quiser.

— Hum... — ela me olhou com aquela expressão animada e cheia de insinuações. — Está flertando com um dos seus vizinhos? Achei que os detestasse.

— Ele se mudou recentemente e é um bilhão de vezes mais legal e mais gentil do que qualquer outra pessoa daquele prédio. E eu não estou flertando com ele, nós somos amigos.

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