22. O que você faria por mim?

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📌 | Boa leitura!

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🗒DULCE

Eu e Christopher estávamos tomando café da manhã em uma cafeteria. Ele estava me contando animadamente sobre uma coleção de livros que adorava e que havia acabado de ser lançada em braille. Eu queria dar toda atenção para ele naquele momento, mas minha mente estava absorta em outras coisas. Adiei por dois dias a minha tentativa de convencê-lo a fazer a cirurgia e não deveria mais demorar com isso.

— Deve ser muito ruim não poder ler alguns livros. — eu disse.

— Sim. Mesmo que eu possa pedir para alguém fazer isso, prefiro absorver essas histórias em silêncio. Uma pena que poucas empresas se preocupem em fazer versões em braille de livros.

— E isso não te faz falta? — olhei para a minha xícara e comecei a passar o dedo pela borda. Não conseguia encara-lo.

— Sim, mas não tanto. Eu me contento com os lançamentos em áudio que são bem recorrentes agora.

— Você já se decidiu mesmo sobre a cirurgia?

— Já. — falou apenas.

— Eu acho que nós dois não conversamos direito sobre isso.

— Como assim?

— Talvez eu não tenha dito o que realmente penso.

— Não? — deu um gole em seu café e depois colocou a xícara sobre a mesa. — Dulce, sabe que pode me dizer qualquer coisa. — ele abriu a palma da mão, convidando-me a segura-la.

Segurei a mão dele e finalmente ergui meu olhar para o seu rosto. Christopher parecia genuinamente preocupado com o que eu tinha para dizer e eu estava travando uma batalha interna para fazer aquilo. Prometi a mim mesma que seria sincera com aquele homem em todas as situações e agora ter que quebrar isso me fazia sentir suja.

— Imagine poder ler todos os livros que quiser? Ver o mundo de novo? Apreciar novas paisagens... Imagine quando inventarem coisas novas? Você não vai gostar de poder ver?

Ele franziu levemente a testa como se não estivesse me entendendo. Eu também não entenderia.

— Bem, demorou muito, mas eu estou bem com isso. — ele disse. — Não se preocupe, eu garanto que não vou sentir falta dessas coisas.

— Nem mesmo das suas viagens? — apelei. — Lembra-se de quando viajava pelo mundo com os seus amigos para conhecer novos lugares?

— Eu ainda posso conhecer novos lugares mesmo estando cego. Você mesma me disse isso.

Sim. Eu disse.
Soltei um suspiro que saiu mais alto do que eu pretendia. Christopher ficou ainda mais sério do que já estava.

— Qual o problema, Dulce? Tem algo que quer me dizer? Seja sincera comigo. — sua voz estava grave.

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